Pandemia interrompe crescimento das mulheres no empreendedorismo
No terceiro trimestre de 2020, presença feminina entre os donos de negócio caiu quase um ponto percentual

Para a coordenadora do Projeto Sebrae Delas, Renata Malheiros, a ruptura dessa crescente participação das mulheres no empreendedorismo está diretamente ligada a traços da cultura brasileira que ainda persistem e que acabam por responsabilizar as mulheres pela maior parte das tarefas domésticas.
“De acordo com um estudo do IBGE, em 2019 as mulheres dedicaram 10,4 horas por semana a mais que os homens aos afazeres da casa. Com a pandemia, essa situação foi agravada. As crianças permaneceram mais tempo em casa ao longo de 2020 e os idosos exigiram mais cuidados por parte da família. Essas tarefas, além daquelas que já eram depositadas nos ombros das mulheres, comprometeram a dedicação das empresárias ou potenciais empreendedoras” comenta Renata.
MAIS INOVADORAS
A 9ª Pesquisa de Impacto do coronavírus nos pequenos negócios, realizada pelo Sebrae em parceria com a FGV, já indicava que as mulheres empreendedoras foram mais prejudicadas do que os homens no que diz respeito ao faturamento mensal – 75% delas acusaram diminuição contra 71% dos homens.
Isso aconteceu apesar de as empreendedoras terem sido mais proativas do que os homens no lançamento de novos produtos (46% delas passaram a comercializar novos produtos/serviços, contra 41% dos empresários). Elas também se mostraram mais tecnológicas, com 76% fazendo uso das redes sociais, aplicativos ou internet na venda de seus produtos/serviços, enquanto 67% dos homens utilizam esses canais.