Victor Fernandes   |   31/05/2021 12:23   |   Atualizada em 31/05/2021 12:24

Brasileiros são os mais preocupados com a saúde física e mental em viagens

Pesquisa da Collinson mostra quais propostas de bem-estar mental serão essenciais para os passageiros

Unsplash/Mafid Majnun
Os serviços pelos quais os brasileiros teriam mais probabilidade de pagar, em função da covid-19, seriam os testes no embarque e desembarque no aeroporto
Os serviços pelos quais os brasileiros teriam mais probabilidade de pagar, em função da covid-19, seriam os testes no embarque e desembarque no aeroporto
Uma nova pesquisa revela que os passageiros tendem a considerar o bem-estar mental tão importante quanto o físico em um cenário de viagens pós-pandemia. O estudo "Jornada de Retorno" foi realizado pela Collinson, especialista global em fidelização de clientes e experiências dos viajantes, e traz dados de dois levantamentos feitos pela empresa em 13 países, incluindo um recorte dedicado ao Brasil.

A conscientização da sociedade e a importância da saúde mental aumentaram drasticamente nos últimos anos, e não é diferente quando se trata de viagens. No âmbito global, a pesquisa mostra que, a partir de agora, 73% dos passageiros vão priorizar mais seu bem-estar mental quando viajarem do que antes da covid-19. No Brasil, esse percentual chegou a 90%.

O estudo demonstrou que os entrevistados do Brasil foram os mais preocupados com a saúde, os tornando mais propensos do que os dos outros países a pagar por serviços adicionais para melhorar seu bem-estar no aeroporto:

  • 44% disseram que pagariam por espaço extra para as pernas no avião;
  • 41% pagariam por embarque prioritário;
  • 47% relataram que pagariam pelo teste no desembarque;
  • 53% disseram que pagariam pelo teste no embarque.

Mais pessoas no Brasil pagariam por testes no aeroporto do que em qualquer outro país, indicando uma demanda reprimida por viagens internacionais dos consumidores brasileiros. Para Henrique Donnabella, diretor geral da Collinson Brasil, os dados demonstram que os brasileiros foram os mais preocupados em ter os protocolos de saúde e distanciamento social corretos antes de se sentirem confortáveis em viajar novamente.

"Esses percentuais, provavelmente, decorrem de dois importantes fatores que estão diretamente relacionados a pandemia: 1) o medo da contaminação, tendo em vista que o Brasil foi severamente impactado pelo covid 2) o medo da não aceitação, tendo em vista que o brasileiro está sofrendo restrições importantes para entrada em outros países. Os resultados mostram o que os passageiros procuram para ter confiança neste momento, além de fornecer uma visão dos problemas que já enfrentavam em suas viagens, antes da pandemia. Ambos os conjuntos de descobertas são necessários para se obter o panorama mais completo para ajudar o setor a se recuperar", explicou.

Alguns dados da pesquisa global da Collinson também merecem destaque:

  • 81% dos entrevistados disseram que a pandemia aumentou suas preocupações com o próprio bem-estar físico;
  • 67% dos viajantes globais acham que as viagens pós-pandemia serão mais estressantes;
  • 42% dos passageiros disseram que valorizam propostas de empresas do Turismo que demonstrem consideração por sua saúde mental em suas viagens;
  • 50% também afirmou desejar a mesma consideração por sua saúde física.

MEDIDAS
A pesquisa também mostra que 88% dos passageiros em todo o mundo afirmaram que medidas visíveis de saúde e higiene no aeroporto são importantes para que se sintam seguros ao viajar em meio à pandemia, como álcool em gel para as mãos em todo o aeroporto (63%) e a exigência do uso de máscara (66%). Essas iniciativas são mais importantes para os viajantes brasileiros do que para os de qualquer outro país, representando 95% do total. O Brasil também liderou o percentual do levantamento em relação aos que mais tinham probabilidade de querer garantias ligadas a medidas de distanciamento social, totalizando 95%.

Quando questionadas sobre por que poderiam hesitar em viajar devido à covid-19, o principal motivo alegado foi o temor de precisar ficar em quarentena na chegada ou no retorno (51%). O desejo de evitar longos períodos de quarentena provavelmente é um dos motivos pelos quais os passageiros consideram a realização de um teste na chegada um ingrediente importante para sua experiência de viagem (83%). Mas, curiosamente, quase o mesmo número de pessoas (82%) disse que o teste antes da partida também era importante, o que indica que o teste de covid-19 já deixou de ser apenas um pré-requisito governamental para viajar para certos destinos e passou a ser um elemento desejado pelas pessoas, a fim de lhes dar a confiança necessária para voltar a voar.

Em última análise, os passageiros procuram uma experiência tranquila e sem estresse, com medidas de distanciamento social em vigor desde o check-in até a chegada, juntamente com uma jornada rápida e eficiente. Nesse sentido, mais de um terço (36%) afirmou estar disposto a pagar pelo fast track (não pegar fila no raio X), enquanto 38% pagariam mais por um assento livre ao seu lado no avião e 30% pagariam mais por espaço extra para as pernas.

Enquanto 87% das pessoas disseram que o distanciamento social era importante para elas ao se deslocar pelo aeroporto, a mesma proporção (87%) disse especificamente que deseja acesso a espaços socialmente mais tranquilos onde possam "desestressar" e "relaxar longe das multidões". Na verdade, em alguns países, incluindo Reino Unido, EUA, Rússia e Austrália, mais pessoas disseram que queriam ter acesso a um lugar para relaxar do que ter um lugar para se distanciar.

METODOLOGIA
A pesquisa da Collinson foi realizada com 18,5 mil pessoas em 2019 e 12,6 mil em 2020. A primeira rodada buscou obter percepções sobre as atitudes dos viajantes de lazer e negócios em relação às viagens e a segunda teve o objetivo de atualizar esse levantamento à luz da pandemia. A empresa trabalha com parceiros de todo o ecossistema de viagens, incluindo companhias aéreas, aeroportos e grupos hoteleiros.

Em 2019, foram coletados dados de um total de 18,5 mil viajantes, sendo 17 mil deles a lazer e 9 mil a negócios (alguns entrevistados responderam em ambas as perspectivas). A pesquisa foi realizada na Austrália, Brasil, China, Índia, Japão, Rússia, Reino da Arábia Saudita, Coreia do Sul, Cingapura, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e EUA. Em média, os viajantes a lazer faziam 2,24 viagens por ano e os viajantes a negócio, 2,34.

Os dados de 2020 foram coletados de um total de 12.607 viajantes, sendo 11.159 viajantes a lazer e 7.904 a negócio. A pesquisa foi realizada na Austrália, Brasil, China, Hong Kong, Índia, Japão, Rússia, Reino da Arábia Saudita, Coreia do Sul, Cingapura, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e EUA.

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