Victor Fernandes   |   15/09/2022 16:09
Atualizada em 15/09/2022 16:43

Turismo chegará a faturamento pré-pandemia em 2023, prevê Sebrae

Retomada do Turismo deve se consolidar no próximo verão, de acordo com relatório do Sebrae e FGV

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Retomada do Turismo deve se consolidar no próximo verão, de acordo com relatório do Sebrae e FGV
Retomada do Turismo deve se consolidar no próximo verão, de acordo com relatório do Sebrae e FGV
Após sofrer duros impactos da pandemia da covid-19 nos últimos anos, o setor do Turismo deve alcançar o nível de faturamento pré-crise no início do próximo ano. A expectativa é que as micro e pequenas empresas do setor atinjam o patamar de estabilidade no primeiro semestre de 2023 e que, a partir do segundo semestre do próximo ano, consolide o crescimento e supere o faturamento de períodos anteriores.

Os dados fazem parte de um estudo realizado pelo Sebrae em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre os fatores que impactam a competitividade da cadeia de Turismo brasileira, em especial os pequenos negócios de meios de hospedagem, além do Turismo de negócios e eventos, que devem ser beneficiados com a retomada econômica pós pandemia da covid-19. O setor de foi um dos mais afetados desde o início de uma das maiores crises sanitárias mundiais e as micro e pequenas empresas, que representam 97% do total de empreendimentos desse segmento, chegaram a registrar perdas superiores a 80% do faturamento.

O presidente do Sebrae, Carlos Melles, pontua que esse período inicial de recuperação será motivado principalmente pelo aquecimento do consumo por viagens dentro do Brasil e por uma demanda reprimida causada pela pandemia. “Muitos brasileiros estão substituindo as viagens internacionais por domésticas. Além da alta do dólar, da queda no poder de compra das famílias e do conflito internacional entre a Rússia e Ucrânia, os brasileiros estão mais motivados a conhecer os encantos do nosso País. Esse é um bom momento para os pequenos negócios se prepararem”, ressaltou Melles.

EMPREENDEDOR TEM DE ESTAR ATENTO
O presidente ainda revela que para aproveitar o aumento da demanda interna do Turismo, os donos de pequenos negócios precisam estar atentos às tendências e mudanças de comportamento do consumidor durante a pandemia. “O empreendedor precisa entender que ele deve estar alinhado ao movimento do mercado e avaliar o que é necessário fazer para se adaptar e garantir a sustentabilidade do negócio, inclusive para atender uma demanda futura”, avaliou.

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De acordo com o estudo, a retomada dos negócios turísticos não se apresenta igualmente para todos as atividades do segmento. Setores como meios de hospedagem, transporte aéreo e aluguel de bens móveis têm nível de recuperação superior a outros segmentos, com retorno gradual da demanda à medida que as restrições da pandemia foram flexibilizadas. Já as atividades recreativas, culturais e desportivas e o transporte rodoviário foram os mais afetados e vão levar mais tempo para recuperar o nível anterior à crise.

HOSPEDAGENS ATENTAS AO CONTROLE DE CUSTO

O estudo do Sebrae e da FGV ressalta que apesar dos meios de hospedagem fazerem parte do grupo que possui boas expectativas para o verão de 2023, eles devem ficar atentos ao controle de custos, principalmente porque muitos tiveram que recorrer a crédito para se manter no período.

“Pela própria natureza do serviço, o setor de hospedagem possui um custo muito alto para se manter. Mesmo que o negócio não tenha muitos hóspedes, é preciso arcar com as despesas de mão de obra e custos fixos de energia, por exemplo. Então, isso pesa muito nas contas de um hotel ou pousada ao contrário de uma empresa que vende um produto e pode estocá-lo”, explicou o presidente do Sebrae.

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Ele recomenda que o dono de um pequeno empreendimento no setor de Turismo busque soluções alternativas para minimizar os altos custos sem prejudicar a qualidade. “É preciso avaliar o tempo todo o que pode ser feito para diminuir esses custos sem perder a qualidade do serviço oferecido, seja por meio de eficiência energética ou outras alternativas disponíveis”, reflete.

DE OLHO NAS NOVAS TENDÊNCIAS

Com as expectativas de que o setor do Turismo se recupere e alcance o mesmo patamar de faturamento do período pré-crise ainda no início de 2023, os donos de pequenos negócios do setor precisam estar atentos às novas tendências do mercado e às mudanças do perfil do consumidor.

Estudo Econômico realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre os fatores que impactam a competitividade da cadeia de Turismo brasileira, em especial os pequenos negócios, destaca que o consumidor e as demandas do setor já não são as mesmas depois da pandemia da covid-19.

A partir de extensa análise de dados em publicações especializadas e relatórios nacionais e internacionais que consideram o futuro dos negócios na pós-pandemia da covid-19, o documento também aponta que a intensificação e aceleração dos processos de mudanças culturais, socioambientais, econômicas e tecnológicas nos últimos anos contribuem para novas formas de se fazer e experimentar atividades turísticas e de lazer, o que abre oportunidades para novos negócios.

A analista de Competitividade do Sebrae Nacional, Analuiza Lopes, ressalta que se o empreendedor está alinhado e aderindo às tendências, consequentemente estará alinhado ao novo perfil do consumidor. “Esse novo perfil do consumidor pós-covid está em busca de experiências diferentes. Como exemplo, eu destacaria o trabalhador remoto ou nômade digital que procura hospedagens que ofereçam um mobiliário e luzes mais adequadas para quem também precisa trabalhar”, comentou.

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A partir do estudo da FGV com foco no Turismo, o Sebrae destaca as 10 principais tendências de mercado para as micro e pequenas do setor. Confira abaixo cada uma delas:

  1. Experiência e Autenticidade. Voltada para experiências únicas, profundas e significativas mesmo que decorrentes de serviços ou atividades simples. A ideia é oferecer para o cliente um novo significado de práticas de Turismo, seja para vivenciar viagens, refeições ou outras atividades turísticas ou de lazer.
  2. Contato com a natureza. A busca por viagens e atividades em ambientes ao ar livre se intensificaram na pandemia, continuam em alta e seguem em crescimento, visto que permitem aliar o Turismo às práticas de segurança ainda recomendadas.
  3. Sustentabilidade e Inclusão. Visa a atender de forma conjunta às necessidades não só dos turistas, mas também das comunidades receptoras e empreendedores. Nesse caso, é dada atenção aos aspectos de proteção e preservação de recursos naturais, da biodiversidade e da integridade das pessoas envolvidas.
  4. Staycation. A prática deve continuar em alta após a pandemia e diz respeito a fazer Turismo sem sair da cidade de residência. Opções como day use, oferecimento de serviços por hotéis da cidade para a comunidade e uso de espaços para trabalho remoto ou eventos comemorativos abre muitas possibilidades de ampliar o público-alvo dos empreendimentos.
  5. Contratos competitivos. Atende ao consumidor cada vez mais independente e bem-informado. Os negócios de Turismo precisam ser mais competitivos com bom custo-benefício e flexibilidade para cancelamentos e remarcações.
  6. Saúde e Bem-estar. O Turismo de bem-estar é a junção de práticas de viagem à procura pela saúde física e mental, em que o cliente busca por serviços diversos, como por exemplo, práticas terapêuticas, dietas saudáveis, procedimentos estéticos, entre outros.
  7. Redução do contato físico. Com o receio de contágio na pandemia, o cliente passou a valorizar de redução de contato físico com objetos de uso comum e de interações pessoais, favorecendo avanços tecnológicos como a digitalização e automação na busca por interações “sem toque”.
  8. Marketing Digital. Em um contexto em que a presença no mundo digital é um diferencial competitivo extremamente relevante, ainda se observam pequenos negócios do Turismo com baixos níveis de maturidade digital.
  9. Segurança Sanitária. Medidas de segurança sanitária vão continuar como um fator decisivo na tomada de decisão do Turismo mais consciente e comprometido com a responsabilidade social.
  10. Economia compartilhada e sob demanda. Nesse caso, o cliente paga apenas pelo que consome ou pelo tempo que consome, otimizando assim os recursos para quem oferece e gerando economia para o consumidor. Essa nova forma de consumir produtos e serviços considera a necessidade e não a posse.

NOVO PERFIL

O estudo econômico da FGV também avalia que ao compreender as mudanças ocorridas no perfil do consumidor, as micro e pequenas empresas podem estudar as melhores formas de transpor os desafios trazidos pelo novo cenário e encontrar alternativas para viabilizar a continuidade da prestação de seus serviços e a sua permanência no mercado econômico de modo competitivo.

De acordo a analista do Sebrae, os pequenos negócios têm uma flexibilidade maior para se adaptar às mudanças e aos novos nichos do mercado. “Ao contrário de uma grande empresa, onde para fazer qualquer processo de mudança há um maior esforço de recursos e tempo, o pequeno negócio está em uma posição mais favorável neste ponto e consegue se adaptar mais rapidamente para atender a esse novo perfil”, frisou Analuiza.

NOVO CONSUMIDOR

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Além de novos perfis de turistas, o estudo do Sebrae e da FGV apontaram grupos da sociedade que configuram como "novos consumidores de Turismo". São eles: nômade digital e trabalhador remoto; mulher empoderada; nova terceira idade; mercados emergentes; viajante solo; turista conectado; e millenials.

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