Luiz Felipe Simões   |   03/12/2024 14:18

Responsável por 3,6% do PIB, bares e restaurantes movimentam R$ 416 bilhões

De acordo com estudo da Abrasel, cada R$ 1 mil gastos no setor injetam R$ 3.650 na economia


Divulgação
O presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, pontua que o estudo traz um contexto detalhado com as principais implicações socioeconômicas de quem trabalha e empreende no setor
O presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, pontua que o estudo traz um contexto detalhado com as principais implicações socioeconômicas de quem trabalha e empreende no setor

Na conferência “Bares e Restaurantes no Brasil”, realizada nesta segunda-feira (2) em São Paulo, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e a Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP) apresentaram um estudo sobre a importância socioeconômica do setor de alimentação fora do lar no Brasil. Também foi lançado um Plano de Restauração, com recomendações para solucionar os inúmeros desafios enfrentados pelos bares e restaurantes, que ainda sofrem com as consequências da pandemia.

De acordo com o estudo, o setor movimentou R$ 416 bilhões em 2023, o que equivale a 3,6% do PIB nacional. Um dos dados mostra o efeito multiplicador: para cada R$ 1 mil gastos em bares e restaurantes, R$ 3.650 são injetados na economia em efeitos diretos, indiretos e induzidos. Além disso, o setor emprega diretamente 4,94 milhões de pessoas, o que corresponde a 7,9% do total de empregos formais do Brasil, com uma massa salarial de R$ 107 bilhões.

O presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, pontua que o estudo traz um contexto detalhado com as principais implicações socioeconômicas de quem trabalha e empreende no setor, além de reflexões acerca de tópicos relevantes, como a reforma tributária.

“Nosso plano é claro: organizar e coordenar esforços. Muitas iniciativas já existem, mas estão isoladas e sem sinergia. A Abrasel se propõe a liderar essa organização em três frentes principais: construção de políticas públicas nos níveis municipal, estadual e federal; coordenação entre grandes empresas em âmbito nacional e regional; e parcerias com agências de desenvolvimento, como Senac e Sebrae, para fortalecer o setor com ações estruturadas”.

Ele também reforçou o trabalho da associação no processo de criar núcleos nas comunidades e favelas de todo o Brasil para apoiar os empreendedores desses locais.

“Já estamos presentes em seis comunidades, promovendo governança e associativismo. Nosso objetivo é eliminar o apartheid físico e psicológico que ainda separa essas áreas do restante da sociedade. Nas favelas estão milhares de empreendedores e grande parte da nossa mão de obra. Não queremos apenas nos relacionar com as favelas — queremos ser parte delas.", diz Solmucci.

Pluralidade do setor

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Apesar do impacto positivo, o estudo também aponta desafios significativos, como alta taxa de informalidade
Apesar do impacto positivo, o estudo também aponta desafios significativos, como alta taxa de informalidade

Os dados também revelam a diversidade do setor: 94% das empresas são microempresas, e 65% dos empreendedores atuam como MEI. O setor é majoritariamente composto por trabalhadores jovens, com idade média de 34 anos, e apresenta uma representatividade de 49% de mulheres e 63% de pretos e pardos.

Apesar do impacto positivo, o estudo também aponta desafios significativos, como alta taxa de informalidade (41%), inadimplência e dificuldades de acesso a crédito. Além disso, a baixa qualificação da mão de obra e os custos tributários elevados comprometem a competitividade dos negócios.

O professor de economia da FGV e um dos coordenadores do estudo, Márcio Holland, contextualizou que o setor de alimentação fora do lar é uma importante via de ascensão social no Brasil, e que pequenos e microempreendedores começam seus negócios como um sonho de vida e uma forma de sustentar suas famílias. Entretanto, um dos grandes desafios que atingem esse segmento é o alto número de trabalhadores informais.

“Para promover produtividade em um setor, é essencial enfrentar a questão da informalidade, que hoje atinge metade dos empreendimentos. A informalidade impacta diretamente o capital humano, dificultando treinamento, qualificação e, consequentemente, gerando altos índices de rotatividade. Esse ciclo vicioso também mantém os salários baixos e desincentiva investimentos”, explica.

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Sobre o autor

Formado em Jornalismo pela ESPM-SP, Luiz Felipe Simões já atuou em diversas áreas da comunicação, da assessoria de imprensa às agências de publicidade. Com passagem pelo Estadão Investidor, o jornalista tem experiência na cobertura de temas como finanças e investimentos. Atualmente, é responsável pela produção de branded contents, pelas redes sociais e por algumas funções de repórter