Beatriz Contelli   |   09/09/2025 13:37
Atualizada em 09/09/2025 13:41

Quase 700 milhões de turistas viajaram ao Exterior no 1° semestre; África lidera alta

Turismo internacional cresceu 5% de janeiro a junho, com 33 milhões a mais de turistas internacionais


Divulgação/Aena Brasil
Mesmo diante do aumento das tensões geopolíticas e comerciais, a demanda por viagens internacionais seguiu firme, ainda que com desempenhos desiguais entre as regiões
Mesmo diante do aumento das tensões geopolíticas e comerciais, a demanda por viagens internacionais seguiu firme, ainda que com desempenhos desiguais entre as regiões

O Turismo internacional registrou crescimento de 5% no primeiro semestre de 2025, em comparação ao mesmo período de 2024. O avanço ocorre após a plena recuperação do setor em 2024, quando as chegadas internacionais alcançaram 1,5 bilhão de visitantes, apontou relatório da ONU Turismo.

Entre janeiro e junho, cerca de 690 milhões de turistas viajaram para fora de seus países, 33 milhões a mais do que no mesmo intervalo do ano passado. O crescimento se manteve em 5% tanto no primeiro quanto no segundo trimestre, mas houve variações significativas de mês a mês, influenciadas pelo feriado de Páscoa. Em março, as chegadas foram menores porque o feriado caiu em abril, mês em que o fluxo de turistas registrou alta de 11%.

Mesmo diante do aumento das tensões geopolíticas e comerciais, a demanda por viagens internacionais seguiu firme, ainda que com desempenhos desiguais entre as regiões. Dados parciais de 2025 sobre receitas do Turismo mostram gastos robustos dos visitantes no período, em linha com o resultado recorde de 2024, quando a receita de exportações do setor alcançou US$ 2 trilhões.

Segundo a pesquisa da ONU Turismo, a África foi a região com melhor desempenho no primeiro semestre de 2025, registrando crescimento de 12% nas chegadas internacionais em relação ao mesmo período do ano passado. Tanto o Norte da África (+14%) quanto a África Subsaariana (+11%) apresentaram avanços de dois dígitos no período.

Unsplash/sutirta budiman
África registrou crescimento de 12% nas chegadas internacionais
África registrou crescimento de 12% nas chegadas internacionais

Na Europa, cerca de 340 milhões de turistas internacionais foram recebidos entre janeiro e junho, resultado 4% superior a 2024 e 7% acima dos níveis de 2019. O Norte, o Oeste e a região do Mediterrâneo Sul registraram expansão de 3%, sustentando uma demanda sólida, apesar das oscilações mensais. Já a Europa Central e Oriental manteve trajetória de recuperação, com alta de 9%, mas ainda se encontra 11% abaixo dos números pré-pandemia.

Nas Américas, o crescimento foi mais moderado, de 3% no semestre, com resultados distintos entre as sub-regiões. A América do Sul despontou com alta de 14%, enquanto a América Central avançou 2%. Já a América do Norte apresentou estagnação, com leve queda nos Estados Unidos e no Canadá, e o Caribe também ficou estável, refletindo a menor demanda vinda de seu principal mercado emissor, os norte-americanos.

O Oriente Médio registrou queda de 4% nas chegadas internacionais no primeiro semestre de 2025. Apesar da retração, a região ainda apresenta desempenho robusto em comparação ao período pré-pandemia, com um crescimento de 29% em relação a 2019 — o melhor resultado relativo a esse ano entre todas as regiões.

Já a Ásia e o Pacífico tiveram alta de 11% no período, alcançando 92% do volume de chegadas de 2019, o que mostra que a recuperação continua em andamento. O Nordeste Asiático se destacou com crescimento de 20% frente a 2024, embora ainda esteja 8% abaixo dos níveis pré-pandemia.

Unsplash/Andreea Popa
Vietnã cresceu 21% no Turismo internacional
Vietnã cresceu 21% no Turismo internacional

Entre os principais destinos, alguns países registraram taxas de expansão expressivas. Japão e Vietnã cresceram 21% cada, seguidos pela Coreia do Sul (+15%) e pelo Marrocos (+19%). México e Holanda também tiveram bom desempenho, com aumento de 7% no semestre.

A forte demanda também se reflete nos gastos de turistas em viagens internacionais, com destaque para grandes mercados emissores. Entre janeiro e março de 2025, a China registrou aumento de 16% nas despesas, mesma taxa observada na Espanha. O Reino Unido apresentou crescimento de 15% no mesmo período, enquanto Singapura avançou 10% e a Coreia do Sul, 8%.

Em 2024, as receitas globais do Turismo internacional já haviam alcançado um recorde histórico de US$ 1,73 trilhão, resultado 11% superior ao do ano anterior e cerca de 14% acima dos níveis pré-pandemia, em termos reais. O desempenho confirmou a força dos gastos de visitantes em todo o mundo.

Riscos econômicos e geopolíticos

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Projeções indicam que a inflação do Turismo deve recuar para 6,8% em 2025, ainda bem acima do nível pré-pandemia (3,1%) e da inflação global estimada em 4,3%
Projeções indicam que a inflação do Turismo deve recuar para 6,8% em 2025, ainda bem acima do nível pré-pandemia (3,1%) e da inflação global estimada em 4,3%

Apesar do bom desempenho registrado até agora, o Turismo internacional segue exposto a riscos econômicos e geopolíticos. Segundo o Índice de Confiança da ONU Turismo, os principais desafios para o setor neste ano são os altos custos de transporte e hospedagem, além de outros fatores econômicos.

As projeções indicam que a inflação do Turismo deve recuar para 6,8% em 2025, ainda bem acima do nível pré-pandemia (3,1%) e da inflação global estimada em 4,3%. Diante desse cenário, turistas tendem a buscar maior relação custo-benefício, optando por viagens mais curtas, destinos próximos ou gastos mais contidos.

A pesquisa também aponta que a confiança do consumidor está sendo afetada por tensões econômicas e geopolíticas. A queda na confiança foi citada como o terceiro principal fator de impacto no Turismo em setembro, enquanto os riscos geopolíticos — além dos conflitos em andamento — aparecem em quarto lugar.

O aumento de tarifas comerciais e novas exigências para viagens também foram destacados como preocupações relevantes pelos especialistas. Ainda assim, a projeção da ONU Turismo para 2025 se mantém: crescimento de 3% a 5% nas chegadas internacionais até o fim do ano.

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