Instituto Aupaba propõe design regenerativo como estratégia para o Turismo
Co-fundadora Luciana De Lamare defende integração entre setor e ONGs para desenvolvimento territorial

O uso do design regenerativo pode ser uma estratégia interessante para o setor turístico. É o que defendeu Luciana De Lamare, co-fundadora e presidente do Instituto Aupaba, durante o Seminário de Turismo Responsável, realizado nesta terça-feira (6) pela CNC em Brasília.
Luciana alertou para o risco de o design regenerativo se tornar apenas um segmento de mercado, repetindo o que aconteceu com a sustentabilidade. "Começamos a falar de uma forma pouco organizada sobre sustentabilidade e ela se tornou um modelo de diferenciação. Isso foi o ímpar do nosso modelo de negócio porque separou o que era sustentabilidade do que não era", explicou.
Turismo e terceiro setor
A presidente do Instituto Aupaba apresentou um mapeamento das principais áreas de atuação das ONGs nacionais e seus segmentos análogos no Turismo. Entre as conexões destacadas estão:
- Assistência social com Turismo social e de base comunitária;
- Cultura com Turismo cultural, gastronômico e eventos;
- Meio ambiente com ecoturismo e Turismo rural; e
- Desenvolvimento de direitos com afroturismo e Turismo religioso.
"O setor tem sido muito voltado para um fomento e estruturação de políticas públicas muito voltadas para segmentos de classe, para entidades de classe", observou De Lamare, defendendo uma visão mais ampla que vá além dos quatro pilares tradicionais alimentação, transporte, eventos e hospedagem.

Experiência no Vale do Café
A especialista compartilhou a experiência do Instituto Aupaba no Vale do Café, região que considera "primordial do Brasil" por sua confluência de questões de direitos humanos. "O Vale do Café é onde tem uma confluência de questões de direitos humanos muito importante, porque foi para onde a maior parte dos escravizados que chegavam no Rio de Janeiro foram trabalhar", contextualizou.
Luciana também explicou que o Instituto nasceu do desejo de aplicar os aprendizados do Vale do Café em outros territórios, promovendo "regeneração de fato humana e, por consequência, ambiental". Segundo ela, "não vamos conseguir restaurar os nossos ecossistemas se nós não regenerarmos a nós mesmos".
Pensamento sistêmico e futuro
A co-fundadora do Aupaba defendeu, ainda, a necessidade de um olhar sistêmico que integre diferentes secretarias e áreas de atuação. "Não adianta pensar só no Turismo, tem que pensar no Turismo, no ambiente, cultura, educação, bem-estar, saúde", afirmou.
Ela também propôs um exercício de reflexão sobre o futuro, questionando como as cidades estarão daqui a 50 anos. "É muito importante que as lideranças hoje, que estão pensando em políticas públicas, consigam imaginar daqui a 50 anos como isso vai ser se a gente tomar essa decisão hoje", destacou.
Agenda propositiva
A especialista enfatizou a importância de uma agenda propositiva para políticas públicas, alertando: "Vamos parar de colocar responsabilidade para as gerações futuras". Segundo ela, o foco deve estar no presente e na contribuição individual através de competências e talentos para melhorar o cenário atual.
Assista à transmissão ao vivo do seminário no canal oficial da TV CNC no YouTube