Rodrigo Vieira   |   27/05/2025 17:40
Atualizada em 27/05/2025 17:42

Após resistir à pandemia, Diaspora.Black está pronta para expandir marketplace

Empresa soube se readaptar nos piores cenários e agora vê caminho pavimentado para focar em sua essência

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Carlos Humberto Filho, CEO da Diaspora.Black
Carlos Humberto Filho, CEO da Diaspora.Black

Cinco anos de crescimento acelerado, sobrevivência durante a pandemia e uma estratégia de negócios que combina tecnologia, treinamentos corporativos e, claro, afroturismo. Este é o cenário atual da Diaspora.Black, startup que se consolidou como uma das principais traveltechs do Brasil e que agora mira a expansão internacional, sem nunca abrir mão de sua essência afrocentrada.

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O CEO e cofundador da empresa, Carlos Humberto Filho, aponta que a Diaspora.Black cresceu 15.000% nos últimos cinco anos, sobrevivendo a uma pandemia que extinguiu muitas traveltechs (e empresas de tecnologia no geral). O marketplace de experiências turísticas ligadas à cultura negra é a essência do negócio, mas foi o braço B2B que garantiu a sobrevivência da empresa durante a crise sanitária. E assim está até hoje. Quando o Turismo parou globalmente, a Diaspora.Black rapidamente reposicionou sua estratégia.

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Braço B2B da Diaspora Black oferece certificação para empresas
Braço B2B da Diaspora Black oferece certificação para empresas

"Depois de sobreviver à pandemia, estamos vivendo um resultado de 2025 que era para ter alcançado em 2023, mas estamos vivendo esse resultado de uma maneira mais acentuada", avalia o CEO e fundador da companhia. "Fomos muito habilidosos ao nos reposicionarmos no mercado. Em 48 horas de pandemia oficializada, estávamos vendendo ingresso para eventos on-line, enquanto ninguém falava nisso. Foi o que nos salvou", revela.

Modelo de negócio diversificado

Atualmente, a Diaspora.Black opera com dois modelos de negócio principais. O primeiro é o marketplace B2C, que conecta viajantes a experiências afrocentradas em 18 países, contando com 800 fornecedores. Neste modelo, a monetização ocorre por meio de uma taxa paga pelo cliente final, além de uma pequena taxa operacional cobrada dos anunciantes.

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Alguns dos atrativos disponíveis no marketplace da Diaspora.Black
Alguns dos atrativos disponíveis no marketplace da Diaspora.Black

O segundo modelo, que se tornou o principal gerador de receitas, é o B2B, que inclui:

  1. Treinamentos corporativos em diversidade, equidade e inclusão
  2. Agenciamento corporativo para organizações internacionais
  3. Estruturação de eventos
  4. Consultorias especializadas em afroturismo

"O B2B, que não é o primeiro, superou o core da plataforma, que é o B2C, é o nosso projeto", explica o CEO. “Nosso trabalho é ganharmos mais força no marketplace, sem perder de vista o B2B, que nos trouxe resultados incríveis tanto em termos de negócio quanto em termos de conscientização, de luta”, completa Humberto Filho.

A Diaspora.Black fechou 2023 com faturamento de R$ 3 milhões, valor que originalmente era projetado para 2020, antes da pandemia. Depois de ter dobrado esse valor no ano passado, a traveltech mira um faturamento de R$ 10 milhões em 2025.

Inteligência artificial para turbinar o marketplace

Uma das maneiras vistas pela Diaspora.Black para turbinar seu marketplace é o investimento em inteligência artificial.

"Neste momento, a nossa tecnologia está robusta bastante para crescer e internacionalizar. Por isso que a gente está focando na internacionalização, por isso que a gente está investindo em inteligência artificial, para trazer mais tração para a tecnologia", explica o CEO.

Uma das funcionalidades da IA da Diaspora.Black, promete a empresa, é auxiliar os viajantes em tempo real, oferecendo recomendações personalizadas de acordo com o perfil e localização do usuário.

Parceria com o BNDES para o Viva Pequena África

Uma das parcerias mais relevantes atualmente é com o BNDES, no projeto Viva Pequena África, que está investindo R$ 20 milhões em uma região do Rio de Janeiro. "Fazemos parte de um consórcio de três organizações que está fazendo a implementação desse projeto, com CEAP e Preta Hub. É um programa do BNDES no qual estamos envolvido com a gestão", conta Carlos Humberto Filho.

O objetivo é transformar a Pequena África, na região central do Rio de Janeiro, no principal destino afrocentrado do mundo, seguindo o modelo bem-sucedido implementado em Salvador, que se tornou um case de sucesso junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).

B2B: certificação em diversidade e metodologia exclusiva

Um dos diferenciais da Diaspora.Black é o que a empresa chama de sua vertical B2B, isto é, sua metodologia exclusiva para treinamentos corporativos, desenvolvida em parceria com a intelectual e educadora Azoilda Loretto da Trindade. Os treinamentos são estruturados em dez módulos curtos, totalizando uma hora e meia, e utilizando uma abordagem baseada em valores afrocentrados.

"Durante a pandemia começamos a validar os treinamentos à distância. Então, desenvolvemos metodologia para trabalhar um treinamento de atendimento inclusivo, para trabalhar diversidade e equidade de inclusão dentro do Turismo", explica o CEO.

A certificação em Diversidade, Equidade e Inclusão já treinou mais de sete mil colaboradores, com 128 empresas certificadas, e se tornou uma importante fonte de receita para a empresa.

Futuro e visão estratégica

"A nossa visão é de continuar consolidando como a maior organização global de tecnologia para conectar pessoas, para promover o conhecimento da história e da memória da população negra no mundo", finaliza Carlos Humberto Filho.

Com uma estratégia clara de crescimento, diversificação de receitas e foco em tecnologia, a Diaspora.Black se posiciona como um exemplo de resiliência e inovação no mercado de Turismo, especialmente no segmento de afroturismo, que vem ganhando cada vez mais relevância no Brasil e no mundo.

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