Filip Calixto   |   16/10/2025 13:14

Cade pede suspensão da fusão entre ClickBus e RJ por informações falsas; entenda

Superintendência aponta omissão sobre concorrência no mercado de softwares de gestão de passagens

Divulgação
Decisão do Cade trava movimento de compra da RJ Participações S.A. pela ClickBus
Decisão do Cade trava movimento de compra da RJ Participações S.A. pela ClickBus

A Superintendência-Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) recomendou ao Tribunal do órgão a suspensão e reavaliação da compra da RJ Participações S.A. pela ClickBus (Bus Serviços de Agendamento S.A.). A operação havia sido aprovada sem restrições, mas o novo parecer alega que a decisão se baseou em informações falsas ou enganosas apresentadas pelas empresas.

De acordo com a Superintendência, as companhias afirmaram não competir no mesmo mercado, o que caracterizaria ausência de sobreposição horizontal. No entanto, a investigação concluiu que há concorrência direta entre as partes, especialmente no segmento de softwares de gestão de passagens (IMS).

O órgão identificou que a Smart Travel, desenvolvedora do sistema SmartBus e reconhecida como concorrente da RJ, é controlada pelo Grupo Guanabara, um dos principais acionistas da Bus Serviços e da ClickBus. Para a SG, essa estrutura evidencia unidade econômica e gestão comum, caracterizando concorrência não declarada.

O parecer também cita um histórico de omissões e descumprimentos de Bus Serviços, JCA e Grupo Guanabara em outros processos analisados pelo Cade. Diante das constatações, a Superintendência recomenda a suspensão da aprovação da fusão, a reabertura da análise do caso e a aplicação de multa à Bus Serviços por prestação de informações falsas, em valor que pode variar entre R$ 60 mil e R$ 6 milhões.

Visão do mercado

A BlaBlaCar, que havia questionado a operação, afirmou que o novo posicionamento do Cade confirma preocupações já levantadas sobre a concentração no setor rodoviário. A empresa argumenta que a união entre grupos que controlam viações e plataformas digitais pode restringir a competição e reduzir as opções para os consumidores.

Durante o processo, BlaBlaCar, Omio e BusOn solicitaram o direito de atuar como partes interessadas, pedido que foi negado pelo órgão. Segundo as empresas, isso impediu o debate técnico sobre os impactos da operação na concorrência.

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Sobre o autor

Integrante da equipe PANROTAS desde 2019, atua na cobertura de Turismo com olhar tanto para as tendências do mercado quanto para histórias que movimentam o setor. Formado em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo e também em Processos Fotográficos, formações que permitem colaborar de forma dupla com a redação - entre textos e imagens. Fora do trabalho, encontra inspiração no samba, no cinema, na literatura e nos esportes