Artur Luiz Andrade   |   28/04/2015 09:36

Iata pede menos interferência do governo na aviação

O vice-presidente regional da Iata para a América Latina, Peter Cerdá, que participa da Capa Americas Aviation Summit, em Las Vegas, falou ao Portal PANROTAS sobre a expectativa da Iata em relação ao Brasil, ao lançamento do NDC e à aproximação da associação com o trade.

O vice-presidente regional da Iata para a América Latina, Peter Cerdá, que participa da Capa Americas Aviation Summit, em Las Vegas, falou ao Portal PANROTAS sobre a expectativa da Iata em relação ao Brasil, ao lançamento do NDC e à aproximação da associação com o trade.

PORTAL PANROTAS - Como está evoluindo a implantação do NDC?
PETER CERDÁ - Com a aprovação da resolução que regulamenta o NDC e com apoio do governo americano, seguimos em frente e nosso foco hoje está na definição dos padrões de XML e nos testes com a indústria. A intenção é implementar o NDC (New Distribution Capability) em 2016, mas dependemos da adesão e rapidez das companhias aéreas e GDSs, que integrarão o produto para as agências. O NDC é um produto ganha-ganha para todos da indústria. Os passageiros terão mais transparência em relação ao que compram, as empresas aéreas promoverão seus produtos e ancillaries de forma inédita e os agentes terão uma variedade maior de produtos e serviços para vender.

PP - Há uma aproximação da Iata com o mercado ou a intenção é manter-se uma entidade exclusivamente focada nas companhias aéreas?
CERDÁ - Representamos as empresas aéreas, queremos facilitar o transporte aéreo em todo o mundo, mas também em parceria com outras entidades, como a Abear, no Brasil, as associações de agências e os aeroportos. No Brasil, o transporte aéreo é crucial e gostaríamos que o governo entendesse isso e não visse a aviação somente como fonte de dinheiro via impostos, taxas, tributos...

PP - O senhor vê alguma evolução em relação a isso?
CERDÁ - O Brail e outros países precisam de regulamentação mais eficiente e de menos interferência do governo no transporte aéreo. Queremos manter os direitos dos passageiros, mas nem todo incidente é responsabilidade da companhia aérea. É preciso um equilíbrio na regulação que seja justo para passageiros e empresas aéreas. Por enquanto há muitas barreiras. O combustível é um bom exemplo. O Brasil tem as maiores taxas, 14% sobre o combustível internacional, e isso em um país que produz o combustível. É desproporcional. Houve avanço da estrutura dos aeroportos, via concessões, mas a curto prazo ainda é um desafio. O Brasil pode se mirar em exemplos como Cingapura, China, Emirados Árabes e Panamá, países que veem a aviação como estratégica e cresceram bastante. São nações que trabalham juntamente com as aéreas e geraram companhias como Copa Airlines, Emirates, Singapore, Air China etc...

PP - A transferência de alguns serviços do Brasil para Miami não deixou a Iata mais distante do trade brasileiro?
CERDÁ - Não. Pelo contrário. Transferimos algumas atividades de back office para Miami e o time no Brasil tem mais foco na relação com os clientes e o trade. A Iata quer fortalecer o sistema de distribuição. Estamos mais visíveis no Brasil agora.

PP - Como a Iata vê esse momento de crise no Brasil?
CERDÁ - O Brasil está flertando com a recessão, mas sabíamos que não dava para continuar crescendo tanto como nos últimos anos. O que é bom, pois a infraestrutura já mostra sinais de gargalo. Continuamos otimistas com o Brasil, mesmo não crescendo tanto.

PP - Como a Iata está lidando com o pedido do trade de dar mais garantias aos distribuidores quando uma associada sua quebra, como o caso da Pluna ou da BQB, que não quebrou, mas paralizou operações no Brasil?
CERDÁ - Estamos sim desenvolvendo mecanismos para acompanhar melhor o fluxo de caixa e a saúde financeira dos associados Quando uma aérea quebra e é suspensa do BSP, toda a indústria é afetada, é um perde-perde.

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é editor-chefe da PANROTAS, jornalista formado pela UFRJ e especializado em Turismo há mais de 30 anos.