Em 2015, mais de 68 milhões de turistas estrangeiros visitaram a Espanha, colocando o país como o terceiro destino mais procurado do mundo, atrás apenas da França (84,5 milhões) e Estados Unidos (77,5 milhões). Isso representa o melhor desempenho que o país teve nessa área nos últimos 15 anos.

Mas, apesar desse número impressionante, empresários do setor se mostram preocupados em relação ao futuro. O principal fator levado em consideração foi a diminuição do valor gasto pelos turistas no país e à saturação das regiões mais populares. O verão de 2016 foi bastante singular, marcado pela chegada de turistas que buscavam destinos que estivessem fora da rota de terrorismo. No entanto, "será difícil repetir esse cenário pontual", declarou o vice­-presidente da Exceltur, Luiz Zoreda.

Ainda segundo Zoreda, dos 75 milhões de turistas que o país espera receber até o fim de 2016, 3,9 milhões são "emprestados de outros destinos competidores", como Turquia ou Egito, estimou. “É uma bolha de demanda muito incerta e volátil", completou.

Para este ano, é previsto um crescimento de 4,4% na atividade turística – estimativa superior ao de 3,2% previsto para o conjunto da economia espanhola. No entanto, há também uma previsão de resfriamento para o último trimestre, sobretudo por conta de o país permanecer sem governo há mais de dez meses.

Além disso, outra preocupação é o gasto menor dos turistas desde o início do ano – a taxa varia entre 2% e 6%, principalmente por causa de estadas mais curtas.

A tendência global do turismo é de economia e menos gastos. "Mais gente viaja em modelos low cost e opta por alternativas de aluguel de apartamentos", explica o professor da IESE Business School de Madrid, Philip Moscoso.

Outro fator que inquieta os profissionais da área é a é a saturação de Barcelona e das ilhas Baleares. Entre as causas, está a oferta de hospedagem por serviços como o Airbnb. Nos anos anteriores, a oferta de alojamento turístico havia crescido 1,6%. Nos lugares em que essas plataformas oferecem hospedagem, a taxa de crescimento explodiu para 75%, de acordo com a entidade.

A saturação também gera problemas ambientais, em particular nas Ilhas Baleares. O parque natural Albufera, por exemplo, no norte de Mallorca, recebeu águas sujas no verão, já que a estação de tratamento não conseguiu funcionar perfeitamente. Muito por conta disso, as autoridades locais buscam superar o modelo "sol e praia" para chegar a um turismo menos quantitativo e mais qualitativo, impulsionando ofertas de patrimônios fora do litoral.