Movida

Artur Luiz Andrade   |   01/03/2016 21:50

Editorial: Caso IRRF ensina Turismo a fazer política

Vitória em relação ao imposto sobre remessas ao exterior é um passo importante na politização do Turismo

PANROTAS / Emerson Souza
Uma das muitas reuniões (e explicações) das entidades sobre as negociações em Brasília
Uma das muitas reuniões (e explicações) das entidades sobre as negociações em Brasília
Prezados clientes das empresas associadas à Abav, Braztoa e Clia Abremar, prezados associados, prezados integrantes da Indústria de Viagens e Turismo, lovers e haters, ativos, passivos e indiferentes... atenção, todo mundo: um passo importante foi dado e o governo viu o Turismo como algo mais que ricos viajando de avião para gastar dólares no Exterior.

Era nossa intenção dar essa notícia a todos vocês, mas como foi sofrido... Demorado. Polêmico. Porque ainda estamos aprendendo a fazer política como indústria unida e coesa. O governo federal entendeu e reconheceu a importância do Turismo como indústria geradora de emprego e renda, e assim fixou o imposto sobre remessas em 6%, no lugar da proposta inicial de 25% (absurda, diga-se), no final do ano passado.

Infelizmente, o acaso da troca do ministro da Fazenda nos fez ter de esperar alguns dias (ops, meses) e, com o apoio incondicional do Ministério do Turismo, na figura de seu titular, o ministro Henrique Eduardo Alves, hoje essa notícia chega para todos vocês, para toda a indústria de Viagens e Turismo, para todos nós. Consideramos uma conquista para todo o setor esse reconhecimento de que uma taxação de 25% inviabilizaria um importante segmento econômico e assim necessitou ser revista, baseando-se em dados concretos apresentados por entidades, empresários e figuras políticas.

O Turismo, com esse importante passo, mostrou que está sendo visto pelo governo com outros olhos. Há ainda muito o que mudar, com certeza. Mas tudo tem um começo e estamos no meio do caminho. Outras indústrias tão relevantes como a nossa começaram 2016 com novas taxações diversas e o Turismo conseguiu provar ao governo federal e sensibilizar o Ministério da Fazenda e a Receita Federal que uma alíquota de 25% era prejudicial e fatal para muitos de nossos integrantes. Foi uma aprendizado para os dois lados: o governo entendendo mais sobre nossa indústria e nós, do Turismo, destrinchando os processos políticos. Uma aproximação importante para o futuro. E olhar para o futuro é o que importa.

Nos últimos cinco anos, tivemos a isenção dessa tributação e muita coisa ainda pode e será feita em favor do Turismo. Como dissemos, esse é um importante passo de uma caminhada que não termina nunca, e sermos reconhecidos pela contribuição efetiva que damos ao País, com empregos, desenvolvimento, diminuição das desigualdades regionais, capacitação de mão de obra, impostos e geração de muitos negócios, é reconfortante.

Essa conquista não é apenas da Abav, da Braztoa e da Clia Abremar e sim a soma de diversos fatores: o trabalho das associações, sérias e profissionais, em Brasília, com a contratação de consultoria jurídica e política; o respaldo político do Ministério do Turismo, com empenho e articulação pessoal do ministro Henrique Alves; as estatísticas e o estudo apresentados pelas entidades citadas sobre o impacto desse imposto na nossa indústria; a disponibilidade e o voluntariado de empresários e executivos de grandes empresas do Turismo brasileiro; e também das manifestações e dúvidas de toda a indústria na imprensa, nas redes sociais e nos contatos com as lideranças, mostrando que o que foi apresentado por Marco Ferraz, Magda Nassar e Edmar Bull (e cia., com nomes de peso como Guilherme Paulus e Luiz Eduardo Falco, da CVC) ao governo era e é um problema real de um relevante setor econômico. Tudo isso somado e não de forma separada sensibilizou e convenceu o governo e quem ainda tinha alguma dúvida de nossa importância e contribuição para o desenvolvimento do País.

O governo olhou para o Turismo emissivo pela primeira vez como parte integrante da cadeia produtiva e não como ameaça às viagens internas. O Turismo mais que nunca soube da importância de ter um ministro advogando a seu favor (o que é seu papel, mas nem sempre é assim, sabemos) e do poder da união, dos argumentos consistentes e do clamor de toda uma indústria geradora de empregos e benefícios à nação.

Quais serão nossas demandas no futuro? Muitas, com certeza. Dos mais variados setores de atuação. Mas também é certo que demos um passo em direção a um reconhecimento que facilitará nossa interlocução com as diferentes esferas governamentais. O Turismo precisa de muito mais ainda para dar os saltos qualitativos de que necessitamos e ajudar o País a combater crises e demandas urgentes. O emissivo nacional e internacional e o receptivo andam de mãos dadas; as viagens corporativas, as de lazer e as de nichos; as empresas de todos os tamanhos; os profissionais de vários segmentos (e com opiniões construtivas diferentes); as esferas governamentais constituídas para defender o Turismo e os milhões de empregados dessa indústria, todos unidos, cada vez mais se farão ouvir e respeitar pelos que nos desconhecem ou nos veem de forma equivocada.

Celebremos essa conquista, sem esquecer que o trabalho e as lutas pelo Turismo e pelo crescimento de nossas empresas, entidades, profissionais e segmentos continuam. É algo que não pode parar. Ainda mais agora, depois desses dias incansáveis para muitos, angustiantes para outros, agitados para todos. Tudo isso, mas recompensadores.

Não hesitem em procurar as entidades a que vocês são associados para esclarecer suas dúvidas e sugerir outras lutas. E se você ainda não se associou a alguma, ache seu caminho. A internet pode ser democrática (e demoníaca), mas também é terra de ninguém. A organização é fundamental.

Como especialistas em Turismo e como transmissores de notícias, de conhecimento, de conteúdo relevante, foi muito bom ver a preocupação e o empenho de todos os envolvidos, uma inquietação profissional e focada. As sugestões que nos chegaram das mais diversas formas, às entidades, ao governo e ao ministro Henrique Alves e às autoridades sensibilizaram a todos em relação a argumentos consistentes e embasados e que visavam tão somente continuar nosso trabalho (como indústria) e fortalecer o setor de Viagens e Turismo do Brasil. Somos integrantes de uma das maiores indústrias do mundo e que tem tudo para contribuir ainda mais com o desenvolvimento do País.

Celebremos, com moderação, e continuemos o caminho pela profissionalização, por mais ética, por melhores condições para o Turismo e por um Brasil mais rico em oportunidades.

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