Diego Verticchio   |   21/03/2016 17:57

Especial Rio 2016: as instalações e a infraestrutura do evento

Em todas as regiões, em todos os acessos, uma obra está acontecendo e o principal motivador são os Jogos Olímpicos Rio 2016

“Usaremos os Jogos Olímpicos a favor da cidade, e não a cidade a favor dos Jogos”. A frase é do ex-prefeito de Barcelona, Pasqual Maragall, quando o município sediou o maior evento esportivo do planeta, em 1992. A frase foi tão emblemática que o prefeito do Rio, Eduardo Paes, faz questão de repetir dia sim e outro também sempre que perguntado sobre o legado do evento para a cidade. E junto com a expressão vem uma lista de obras que estão sendo feitas na cidade.

De fato, a cidade é outra. E não é preciso morar na Barra da Tijuca, onde 80% dos jogos acontecerão, para se observar a mudança. Em todas as regiões e em todos os acessos uma obra está acontecendo por conta dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Segundo um estudo da Firjan, o Estado do Rio de Janeiro recebeu, de 2011 a 2013, investimentos públicos e privados de R$ 181,4 bilhões. Comparado com a dimensão territorial do Estado (43,7 mil quilômetros quadrados), o volume do investimento foi de mais de R$ 4 milhões por quilômetro quadrado, fazendo do Rio o maior concentrador de investimentos do mundo naquele período. Nos anos anteriores, quem liderou o mesmo ranking foi Londres, sede dos últimos Jogos Olímpicos. O mesmo estudo revelou que, somente no setor de infraestrutura, foram investidos R$ 36,3 bilhões, grande parte deste montante foi direcionado para a capital fluminense.

Todas essas obras fazem parte do estudo divulgado na Matriz de Responsabilidade, documento que engloba os compromissos assumidos pelos entes governamentais (municipal, estadual e federal) perante o Comitê Olímpico Internacional (COI). São projetos associados exclusivamente à organização e realização dos Jogos Rio 2016. O vídeo abaixo detalhe bem o que é a Matriz de Responsabilidade:



Atualizada a cada seis meses, a Matriz de Responsabilidade já está em sua quarta versão, apresentada em janeiro deste ano. Segundo o documento, os investimentos totalizam R$ 7 bilhões, sendo a maior parte (60%) financiada pelo setor privado. "Todos os projetos já estão com grau de maturidade acima de três, ou seja, com orçamento previsto, prazo de conclusão e ente responsável definidos”, afirmou o presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), Marcelo Pedroso, ex-diretor da Embratur.


Além das obras presentes na Matriz de Responsabilidade, outras que não serão usadas diretamente por atletas olímpicos acontecem na cidade, como projetos ligados a transportes, ao meio ambiente e à região portuária, bairro outrora abandonado e hoje 100% revitalizado. Dentre as obras, quatro estão ou foram muito aguardadas:

Veículo Leve Sobre Trilho (VLT) - Em construção para transformar o trânsito do Rio de Janeiro, o Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) contará com seis linhas e capacidade para 450 passageiros. O moderno transporte integrará diversos modais na região, como BRT, trens, ônibus, metrô, barcas e o teleférico da Providência, com 28 quilômetros de extensão. Ao todo serão 42 estações (seis diferentes linhas), com paradas principais na Rodoviária Novo Rio, na Central do Brasil, no Aeroporto Santos Dumont e na estação das barcas da Praça XV. A expectativa é que o VLT reduza e otimize o fluxo de carros e ônibus na região. Clique aqui para ver o vídeo.

Trans Carioca - O projeto da Trans Carioca significa um corredor de 39 quilômetros que vai da Barra da Tijuca à Ilha do Governador, no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), cruzando 27 bairros. Inaugurado dias antes da Copa do Mundo, a obra foi resultado de um investimento de R$ 1,7 bilhão – R$ 1,1 bilhão de recursos federais e R$ 600 milhões de contrapartida da prefeitura. Com a inauguração do corredor Trans Carioca, em 2013, os passageiros que fazem o trajeto entre a Barra da Tijuca e o Aeroporto internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, reduzem em 60% o tempo gasto nesse deslocamento, além de retirar cerca de 500 ônibus das ruas. Clique aqui para ver o vídeo.

Trans Olímpica – Previsto para maio, a Trans Olímpica vai conectar Deodoro à Barra da Tijuca, bairros que abrigam os dois Parques Olímpicos e concentrarão a maioria das competições. O corredor expresso, com 26 quilômetros de extensão, contará com duas pistas de três faixas cada uma, sendo uma delas exclusiva para o BRT. Tal qual a Linha Amarela, a Trans Olímpica será uma via com pedágio. A exemplo do Trans Carioca, inaugurado às vésperas da Copa do Mundo de 2014, o BRT Transolímpico também não estará plenamente operacional para a Olimpíada. O plano da Secretaria municipal de Transportes é abrir as estações de forma gradual. Clique aqui para ver o vídeo.

Linha 4 do Metrô – Talvez a mais aguardada e problemática obra seja a Linha 4 do Metrô Rio, responsável por ligar a Barra da Tijuca e São Conrado à zona sul e, consequentemente, a outras regiões da cidade. Diferente das outras obras, a Linha 4 conta com financiamento dos três governos e cada um dá o seu palpite. O prefeito Eduardo Paes já sinalizou ao COI que o modal poderá não estar pronto até agosto. O governador Pezão rebateu, afirmando que as obras estão em dia e que tudo estará pronto até o início dos jogos. Já o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, admitiu a preocupação das obras não ficarem prontas a tempo dos jogos, mas disse que tem plena confiança no governador Luiz Fernando Pezão.

Instalações Olímpicas


Mais do que receber atletas e visitantes, as instalações olímpicas são um legado para a cidade. Seguindo a linha de fazer os jogos servirem à cidade, o prefeito Eduardo Paes garante que não haverá “elefante branco”. Pelo contrário, ele afirma que todo o processo está criando uma série de legados para a cidade, como a derrubada da Perimetral, via que ligava a zona sul à Avenida Brasil e estava deteriorada. No entanto, a construção mais elogiada é a Arena do Futuro.
“Uma das lógicas da Olimpíada é não deixar elefante branco. Nosso parque olímpico é bonito, mas não há preocupação estética, com luxo. Ele é simples e funcional. No handebol e no polo aquático, montamos estruturas desmontáveis para usar como outras coisas: o Centro Olímpico de Handebol vai ser transformado em quatro escolas municipais, e o Centro Olímpico de Esportes Aquáticos vai se transformar em dois ginásios com piscinas para serem usados em outras áreas da cidade”, disse.

Ao todo, 19 instalações serão usadas para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Divididas em quatro regiões (Barra da Tijuca, Deodoro, Copacabana e Maracanã), as futuras arenas servirão para os moradores do Rio no período pós Olimpíada.

Conheça as regiões:

Deodoro

Cercada de espaços verdes, a região será palco de 11 competições Olímpicas (basquete, hipismo saltos, hipismo adestramento, concurso completo de equitação, ciclismo mountain bike, ciclismo BMX, pentatlo moderno, tiro esportivo, canoagem slalom, hóquei sobre grama e rugbi), além de quatro Paralímpicas (tiro esportivo, hipismo, esgrima em cadeira de rodas e futebol de sete).
Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 deixarão de legado para a região de Deodoro uma nova infraestrutura de centros comerciais e de lazer, assim como as instalações esportivas que farão a composição do Parque Radical. Investimentos substanciais em infraestrutura de transporte vão melhorar o acesso desta região à Barra e a outras regiões do Rio.

Maracanã

Nos Jogos Rio 2016, o Maracanã receberá as cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, assim como algumas partidas do futebol Olímpico. O Maracanãzinho será o palco do voleibol, enquanto a maratona e o tiro com arco tomarão conta do Sambódromo. O Estádio Olímpico será ainda a casa do atletismo olímpico e Paralímpico e sediará algumas partidas do futebol. Já o Centro Aquático Julio de Lamare receberá as partidas do polo aquático.

Copacabana

A região de Copacabana será o local das competições de rua. As instalações incluem o Estádio da Lagoa, a Marina da Glória e o Forte de Copacabana, além da Arena de Vôlei de Praia, construída temporariamente nas areias da praia, todos na zona sul. Nelas, serão disputadas sete competições: ciclismo de estrada, maratonas aquáticas, triatlo, vela, vôlei de praia, remo e canoagem velocidade. Nos Jogos Paralímpicos, serão outras cinco (remo, vela, maratona, paracanoagem e paratriatlo).

Barra da Tijuca

A Barra da Tijuca será o coração dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. A região acomodará 15 instalações, onde serão realizadas competições de 23 esportes olímpicos: boxe, tênis de mesa, badminton, ciclismo de estrada, levantamento de peso, ginástica artística, ginástica rítmica, ginástica de trampolim, ciclismo de pista, atletismo (marcha atlética), saltos ornamentais, polo aquático, natação, nado sincronizado, basquetebol, judô, taekwondo, luta greco-romana, luta estilo livre, handebol, esgrima, golfe e tênis. Nos Jogos Paralímpicos, receberá as competições de outros 13 esportes: basquetebol em cadeira de rodas, rugby em cadeira de rodas, judô, bocha, voleibol sentado, goalball, tênis em cadeira de rodas, futebol de cinco, ciclismo de pista, ciclismo de estrada, natação, tênis de mesa e halterofilismo. A Vila Olímpica e Paralímpica, o Parque Olímpico da Barra, o Riocentro, o IBC/MPC e a Vila de Mídia da Barra estão todos localizados na Região Barra.

O legado mais significativo para o esporte brasileiro na região será o Centro Olímpico de Treinamento (COT). Após os Jogos, o COT oferecerá 40 mil metros quadrados para treinamentos de 12 esportes olímpicos, além de um Laboratório de Pesquisas nas áreas de Nutrição, Fisioterapia, Medicina Esportiva e Clínica, inédito na América do Sul. O campo de golfe será outro legado importante dos Jogos Rio 2016. Após as competições, a instalação será pública, o que incentivará a população local a praticar o esporte.

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