Artur Luiz Andrade   |   06/06/2017 12:50

Guerra de dados: viagens para EUA caem ou sobem?

Donald Trump e suas medidas para aumentar a segurança nos Estados Unidos, incluindo as fronteiras aéreas e terrestres, e as relações internacionais do país com o resto do mundo estão no centro das discussões do IPW 2017, que ocorre na capital america


Artur Luiz Andrade
Roger Dow, presidente da US Travel Association
Roger Dow, presidente da US Travel Association

WASHINGTON – Donald Trump e suas medidas para aumentar a segurança nos Estados Unidos, incluindo as fronteiras aéreas e terrestres, e as relações internacionais do país com o resto do mundo estão no centro das discussões do IPW 2017, que ocorre na capital americana até amanhã.

A US Travel Association e a Brand USA dizem que ainda é cedo para dizer que a administração do atual presidente está impactando negativamente a indústria de viagens. Sim, há uma percepção (errada, segundo eles) de que ficou mais difícil entrar nos Estados Unidos, mas os números mostram que não houve queda de visitas e sim de gastos, devido à força do dólar em todo o mundo. O presidente da entidade, Roger Dow, divulgou pesquisa da Oxford Economics para abril que mostra que o número de visitantes internacionais aumentou no quarto mês do ano, o primeiro que teria o impacto das medidas de Trump, já que a média de antecedência na reserva de viagem para os EUA é de 57 dias.

Dow ficou surpreso com os números, mas está cauteloso e preocupado. Ele sabe que há quedas importantes em mercados como o México (-4%) e o Reino Unido (-6,1%), e que a percepção negativa em relação ao país permanece. “Queremos fechar o país para os terroristas. Isso é fato. Mas mostrar que estamos abertos para negócios, turistas e todo o resto”, diz ele. Essa mensagem, segundo Dow, não está sendo passada, apesar de existir dentro do governo federal. “A preocupação com segurança dentro da Casa Branca é genuína, mas eles sabem da importância dos visitantes internacionais. Precisamos de segurança e de boas-vindas para esses visitantes”.

Ainda segundo a pesquisa divulgada pela US Travel, a América Latina tem crescimento de 2%, especialmente por causa da Argentina e da Colômbia, e a Ásia registra 4,4% de incremento no envio de turistas, com China e Índia obtendo índices de mais de 8%.

“Já passamos por isso (percepção negativa após ações exageradas) depois do 11 de setembro e não vamos deixar a indústria dar passos atrás. O Turismo é um terço da exportação de serviços dos Estados Unidos e 11% das exportações totais. O presidente Trump é um homem de negócios, um hoteleiro, inteligente e vamos trazê-lo para nosso lado, como fizemos com o presidente Obama, o melhor (presidente) para o Turismo até agora”, disse Roger Dow.

Pela pesquisa da Oxford Economics o índice de visitação nos Estados Unidos está em 50,7 (dados de abril), subindo para 51,1 nos próximos três meses e 50,9 nos seis meses futuros. Pelo índice, qualquer valor acima de 50 significa crescimento e abaixo declínio de viagens internacionais.

“Vamos corrigir essa noção de que os Estados Unidos não querem turistas. E repito que a Brand USA veio para ficar, pois é fundamental nesse papel”, refirmou Dow.

OUTROS ÂNGULOS
Algumas outras pesquisas, porém, mostram que os Estados Unidos deveriam estar mais preocupados com os números de visitantes estrangeiros. Segundo o CEO da Foursquare, que consegue monitorar as viagens e visitas de 13 milhões de usuários via smartphone (por meio de pesquisas consentidas), incluindo 93 milhões de espaços públicos no mundo, os Estados Unidos perderam 11% de share em visitas internacionais no ranking global, de outubro de 2016 a março de 2017. A Califórnia, especialmente Los Angeles e San Diego, seria o destino mais afetado.

Uma outra pesquisa, da Tourism Economics, mostra que o impacto negativo das medidas de Donaldo Trump em relação a viagens internacionais será de US$ 18 bilhões na economia americana, com a perda de 107 mil empregos.

O site de buscas Kayak também divulgou que a procura pelos Estados Unidos caiu 12%.

Roger Dow está ciente do panorama, mas diz que ainda não tem dados concretos de queda de visitantes, apenas de gastos no país. Mas que a US Travel está em contato diário com a administração federal para fazer lobby pela indústria de Viagens e Turismo. Já o chair da US Travel, Geoff Ballotti, também CEO do grupo Wyndgam, disse que os Estados Unidos precisam ser seguros e hospitaleiros ao mesmo tempo e que a infraestrutura para apoiar as viagens, especialmente os aeroportos, precisam melhorar com urgência. “Uma América conectada é uma América competitiva”.

O Portal PANROTAS viaja a convite do IPW17, voando United Airlines e com proteção da GTA e Vital Card


Tópicos relacionados