Artur Luiz Andrade   |   18/02/2010 15:09

"Quem terá coragem para mudar?", pergunta Kaká

Novo artigo do presidente da Abav, Carlos Alberto Ferreira, sobre a questão da taxa D.U.

O presidente da Abav Nacional, Carlos Alberto Amorim Ferreira (presidencia@abav.com.br), lendo os comentários a seu artigo no Portal PANROTAS, decidiu escrever novo texto sobre as discussões da taxa D.U. Veja a seguir:

"Quem terá coragem para mudar?

Em respeito e consideração aos agentes de viagens de todo o Brasil, especialmente aos associados Abav, gostaria de agradecer as críticas, sugestões e palavras de apoio e aproveitar este espaço para responder aos comentários recebidos com a publicação do artigo “D.U. ou comissionamento zero. O que é melhor?”.

Concordamos que a diferença de tarifas praticada nos sites das companhias aéreas prejudica os agentes de viagens e é por isso que lutamos, desde que o acordo foi implementado, para igualar o valor em todos os canais de venda. Entretanto, a batalha não é fácil.

O departamento jurídico da Tam entende não ser correto cobrar a tarifa no site, uma vez que não haveria prestação de serviço, argumento este que não aceitamos. É um raciocínio ambíguo. Como disse, é obvio que em um ambiente virtual existem pessoas trabalhando, prestando serviços ao usuário e há também um investimento tecnológico altíssimo. Mas, infelizmente, nenhuma outra empresa aérea teve a coragem de fazer diferente. Todas seguiram o modelo do acordo alegando ser necessário acompanhar “a prática do mercado”, indiferentes ao fato de ser prejudicial ao principal elo da cadeia produtiva.

Seguimos fazendo um forte trabalho de convencimento junto a todas as companhias para mudar esse entendimento. Em nossas conversas, as empresas aéreas de pequeno porte aceitam igualar as tarifas em todos os canais desde que a Tam ou a Gol tomem essa iniciativa. É o poder do duopólio, tudo bem. Mas qual delas terá coragem de mudar primeiro? Quem fizer, certamente, será a verdadeira líder do mercado.

Mas não pensem que a igualdade nos diversos canais de venda vai garantir que os passageiros não comprem passagens ou demais produtos turísticos diretamente na internet. Empresas aéreas, operadoras, locadoras de veículos e quaisquer fornecedores têm direito legítimo de estarem no canal de distribuição que quiserem. Quem manda é o consumidor e este está cada vez mais acostumado ao ambiente on-line, virtual. É praticamente impossível um passageiro não buscar algo na Internet antes de viajar. E se a sua informação não estiver lá, ele vai comprar, mesmo no mundo real, com a de quem estiver.

Lembrem-se: quem não é visto, não é lembrado. Quem não anuncia o que faz, não é comprado.

Gostaria de esclarecer ainda que, mesmo não respondendo aos interesses de todos os agentes de viagens do Brasil, a Abav procura defender a classe como um todo, sem fazer distinções. Se hoje as companhias aéreas estrangeiras ainda pagam comissionamento, é devido às ações impetradas pela Abav. Se hoje estamos mais perto de conseguirmos a regulamentação da atividade das agências de turismo, é graças ao trabalho da Abav. E essas ações beneficiam a todos. São apenas dois rápidos exemplos. Não vou me alongar e discursar sobre as diversas ações desta entidade. Não é o caso. Quem tiver interesse, que nos procure para saber.

Por fim, aos que acham que não milito na aérea, saibam que sou um agente de viagens desde 1984 e sinto, assim como todos vocês, as mudanças ocorridas nos últimos anos.

E aos que sugerem a criação de outra entidade, digo que já contamos com uma quantidade demasiada das mesmas e o resultado é o enfraquecimento. Certamente, até mesmo a Abav, que é a maior entidade representativa do setor, seria ainda mais forte se contasse com a participação efetiva de todos os agentes de viagens do Brasil."

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