Vitor Ventura   |   23/08/2016 09:46

Atleta da Etiópia que protestou no Rio não será punido

O governo etíope prometeu nesta segunda-feira que Feyisa Lilesa, o maratonista e medalhista olímpico que protestou nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, não será punido se e quando retornar ao país, informou a rádio estatal Fana.

O governo etíope prometeu ontem (22) que Feyisa Lilesa, o maratonista e medalhista olímpico que protestou nos Jogos Olímpicos Rio 2016, não será punido se e quando retornar ao país, informou a rádio estatal Fana.

Ao terminar a maratona masculina, o medalhista de prata cruzou os braços em defesa da etnia Oromia, cujos protestos foram violentamente reprimidos: "Realizei este gesto pela atitude do governo do meu país contra a etnia Oromia. Tenho familiares na prisão no meu país. Se você falar de democracia te matam. Se eu voltar a Etiópia, talvez me matem ou me prendam", declarou Lilesa, que também pertence a etnia, durante coletiva de imprensa após a prova. "É muito perigoso viver no meu país. Talvez eu tenha que ir para outro país. Protestei pelas pessoas em qualquer lugar do mundo que não têm liberdade", acrescentou.

O porta-voz do governo, Getachew Reda, garantiu que o atleta não problemas em razão de seu posicionamento político. "Apesar de expressar seu ponto de vista político nos Jogos Olímpicos, o atleta será acolhido quando retornar para casa, assim como os outros membros da equipe olímpica etíope", pontuou.

A Etiópia atualmente passa por um movimento sem precedentes anti-governo, que começou na região Oromo (centro da Etiópia) em novembro e acabou se espalhando até a região Amhara, no norte da região.

Cerca de 60% da população etíope faz parte dessas duas etnias, e elas protestam cada vez mais abertamente contra o que percebem como um domínio da minoria dos Tigreans, que ocupam posições-chave no governo e nas forças de segurança. A violenta repressão já causou centenas de mortos em todo o país, segundo dados das organizações de Direitos Humanos.


*Fonte: Exame

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