Artur Luiz Andrade   |   03/08/2009 14:51

Uma outra opinião sobre a cobrança de taxa na internet

Henrique Sérgio Abreu, da Casablanca Turismo, de Fortaleza, escreveu artigo sobre a cobrança de taxa DU nos portais das empresas aéreas, respodendo ao que Luís Vabo escreveu no Jornal PANROTAS desta semana

O diretor da Casablanca Turismo, de Fortaleza (CE), Henrique Sérgio Abreu, lendo o artigo do colega de Favecc Luís Fernando Vabo, resolveu escrever esse artigo, com um outro olhar sobre o tema da cobrança da taxa DU (na verdade a não cobrança) por parte das empresas aéreas em seus portais. Abreu considerou a visão de Vabo um pouco ingênua e partiu para algo mais dramático. Leia a seguir:

"Cobrança de Taxa DU pelos portais das cias. aéreas: “já perguntaram pros russos?”

Quando eu estudava engenharia o Taylorismo ensinava que preço era calculado a partir dos custos e um markup adequado. Muito tempo depois aprendi que preço era feito pelo cliente e cabia a nós, seus fornecedores, espremer nossos custos de trás pra frente pra caber no orçamento que o mercado nos impunha. Agora, até por uma coincidência dos tempos, o jornalista Élio Gaspari comenta neste domingo em sua coluna semanal o livro "Free - O Futuro de um Preço Radical", de Chris Anderson, editor da revista “Wired”.

Ora a mão invisível do mercado (Adam Smith) regula o quanto vale a satisfação de um desejo e, posto que o homo sapiens, sabendo ser essa mão invisível, pensa que é também inofensiva, não se limita à capacidade de realimentação do planeta Terra e ora o esgota e superaquece, ora o agride e recebe o Katrina, ora o engana com o sub-prime e convive com a segunda maior crise mundial. A natureza quer seja ela a que recebemos do senhor tempo ou a man-made, não se defende, mas se vinga de forma inexorável.

E por entre todas essas novas forças agora em ação, nós, agentes de turismo, estamos sujeitos a movimentações incompreensíveis, sem destino visível e com limite de vida desconhecido. Não se duvida que a tecnologia embutida nos portais tenha um custo e que valha o que entrega. A questão é: ou as companhias aéreas se veem em condições de sobrevivência tão difíceis que não possam se dar ao luxo de não cobrar o custo da tecnologia que colocam à disposição do cliente em seus portais ou nós agentes passamos a oferecer serviços tão bons e de baixo custo que o cliente nos prefira a uma máquina insensível a plausíveis argumentos humanos.

E enquanto não se decide quem morre primeiro ficamos como as duas cobras que começam a se engolir mutuamente, boca de uma no rabo da outra. Vamos terminar desaparecendo por nos engolirmos ao mesmo tempo? O mais sensato é que vejamos que somos todos passageiros de um mesmo barco e que, ao fazer água de um lado, ele aderna pela metade, mas vai ao fundo por inteiro. Sim, mas se assim o fôssemos não seríamos também, como acima provado, homo“non” sapiens?

Enquanto isso, sem desprezar os ensinamentos de Darwin, a exemplo dos dois caçadores diante do tigre e sabedor que não corro mais rápido que a fera me preparo pra correr mais que o outro caçador. Otimista incurável, quixotesco por vocação, aposto que encontraremos a solução. Meu único grande medo é que o nome do tigre seja Free e que ele se multiplique “por entre fotos e nomes, os olhos cheios de cores” antes de encontrarmos a saída para o lucrativo mercado da gratuidade.

Em resumo:
1 - Não é porque algo tem um custo e um valor que terá necessariamente um preço a ser pago pelo mercado.

2 - Não há coincidência de interesses econômicos entre as agências de viagens e as companhias aéreas neste tópico.

Henrique Sérgio Abreu,
Casablanca Turismo"

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é editor-chefe da PANROTAS, jornalista formado pela UFRJ e especializado em Turismo há mais de 30 anos.