A Traveland não tem mais estagiários, gerentes e chefes. A partir desta semana, uma das principais agências voltadas ao corporativo do Brasil passa a ter uma gestão horizontal. Mais do que isso, o espírito volvista (modelo de produção Volvo) é materializado em seu novo (e estupendo) escritório, que ocupa nada menos que um andar inteiro de um prédio. Assinado pelo arquiteto Antonio Mantovani - o mesmo que planejou as instalações da gigante Linkedin, em 2013, quando a startup abriu sua sede oficial em São Paulo - o local é uma fonte permanente de inspiração.

A reportagem do PANROTAS Corporativo foi conferir a nova sede, no charmoso bairro da Vila Olímpia, em São Paulo. Com salas que podem ser ampliadas ou compactadas, de mesas sem donos e sem baias, o novo escritório ainda conta com um espaço relax batizado de "Wanderlust", onde está a aconchegante cozinha com mesinhas e sofás.

Se você acha que tudo isso é um investimento de tempo e recurso incertos, espere até entrar em contato com um dos 45 "travelanders" para uma viagem técnica, conciergerie, campanha de incentivo ou consultoria corporativa. A atmosfera da empresa já estava sintonizada nesta nova cultura organizacional.

"Se alguém cuidar muito bem de você, você vai cuidar muito bem (do viajante)", explica o enérgico sócio da Traveland, Márcio Moreno. "Às vezes a pessoa tem a resolução ou a ideia, mas acaba não contribuindo por conta da verticalidade. Quando a gente verticaliza, acaba eventualmente reduzindo nosso campo de potência e retraindo o estado de consciência das pessoas, como a gente chama na psicologia".

Para isso, a Traveland contratou duas consultoras de nome no mercado, cujos trabalhos recentes incluem a horizontalização de empresas do porte da Vagas.com e da Acesso Digital.

"Tudo foi muito encaixado nesse quebra-cabeça. Se é pra fazer, vamos fazer como a gente cuida dos clientes. Isso é mentalidade de Traveland", pontua Moreno.

ESTRUTURA
De acordo com a estrutura sem cargos definidos, a nova dinâmica organizacional da Traveland se dá pela formação de quatro núcleos: orientativo, apoio, executivo e sociedade. "Há características comportamentais em cada um deles, tudo pensado com uma gestora de talentos. Quando a pessoa chega à empresa, a gente a conhece, descobre suas melhores características, para então pensar qual seria seu núcleo. Ainda assim, ela pode atuar nos outros", observa Moreno.

Um ponto importante da nova estrutura descentralizada e de gestão flexível é o BBRT (Beyond Budgeting Round Table), que, a grosso modo, significa o abandono do orçamento como instrumento de gestão. "Com um orçamento anual, você acaba não entendendo o campo de potência de cada um. Eu te dou R$ 1 milhão sem saber que com R$ 2 milhões você teria capacidade de transformar em R$ 15 milhões."

Com o foco na autogestão, as obrigações dos travelanders saem de cena e dão espaço às iniciativas empreendedoras, possibilitando que cada um contribua com o seu melhor. Assim, a Traveland tem toda a confiança necessária par manter seu crescimento sustentado , que atravessou sem grandes sustos o conturbado ano de 2015.

"Ano passado tivemos o maior crescimento em dez anos. Nosso posicionamento no mercado inclui uma fatia específica. Alguns portfólios não tem nem concorrente ainda e mesmo nos mais concorridos temos percebido os movimentos do mercado, como nas campanhas de incentivo, nas quais planejamos viagens com vivência cultura e maior valor agregado ao negócio", explica Moreno.