Da Redação   |   04/05/2020 10:21
Atualizada em 04/05/2020 10:24

Presidente da Abracorp conta como é viajar aos EUA na pandemia

Sem escolha, Carlos Prado embarcou em viagem internacional e faz reflexão sobre o novo normal


Divulgação
Carlos Prado a bordo de voo da Azul rumo a Orlando em abril de 2020
Carlos Prado a bordo de voo da Azul rumo a Orlando em abril de 2020
O presidente da Abracorp e da agência corporativa Tour House, Carlos Prado, fechou um contrato antes da quarentena e não teve escolha: embarcou aos Estados Unidos para concretização de um negócio importante. A viagem de ida aconteceu em 24 de abril e a de volta em 28 de abril. Prado conta o misto de sentimentos de viajar durante a pandemia e reflete um pouco sobre o que considera que será o "novo normal".

Leia na íntegra:

"Desafios do novo normal

Carlos Prado

O título deste artigo expressa o desejo de compartilhar sentimentos vivenciados na viagem que fiz aos EUA. Sim, embarquei sexta-feira – dia 24 de abril – e retornei após quatro dias. Ou seja: precisei sair de casa e romper com o isolamento social e em pleno período de quarentena. Não tinha como adiar a assinatura de um contrato.

Diante de inúmeras recomendações familiares, parti de Atibaia dirigindo o meu próprio carro rumo ao aeroporto de Viracopos. Na bagagem, além de máscaras para reposição sempre que necessário e frascos com 200 ml de álcool gel, levei comigo papel toalha, lenço umedecido e uma fronha para recobrir o encosto da poltrona a bordo do avião.

Medo. Esta é a palavra que melhor sintetiza o que sentia durante o trajeto. Logo que cheguei no estacionamento do aeroporto, levei um choque: apenas algumas das 1200 vagas cobertas estavam ocupadas. A sensação de vazio me preencheu.

Tristeza. Foi o que senti ao constatar o distanciamento entre as poucas pessoas circulando no saguão principal. Maioria absoluta com máscaras, em respeito às orientações, espalhava-se na sala de embarque. Até chegar lá, não tenho ideia de quantas vezes fui ao banheiro lavar as mãos e me higienizar com álcool gel.

A bordo, com poucas pessoas no voo noturno da Azul, coloquei venda nos olhos e antes de dormir, de máscara, mesmo ainda chocado e incomodado com aquela situação, meus pensamentos trilhavam um turbilhão de emoções.

Ao mesmo tempo em que me sentia grato pela companhia aérea manter o serviço, mesmo amargando pesados prejuízos, sofria de imaginar milhões de pessoas desprotegidas e obrigadas a utilizar transporte público. “Os governantes precisam assegurar o uso de máscara em todas as metrópoles”, disse a mim mesmo.

Reconfortado pelo fato de estar viajando e poder reviver a experiência prazerosa de logo mais entrar em contato com outras culturas, adormeci. Aquela chama do turismo, apesar dos pesares, se mantinha acessa.

No aeroporto de Orlando, a migração viu e fez que não viu meu arsenal de álcool gel. Aliás, providencial; pois a imundice dos carrinhos disponíveis no desembarque, que se equiparava aos carrinhos de Viracopos, já justificava o uso constante. A cada interação, desde o resgate da mala, passando pela apresentação do passaporte, até chegar na Hertz, para locar o carro e seguir rumo à Miami, lá ia eu lavar as mãos.

Assumi para mim mesmo que o novo normal impunha novos hábitos. Apesar do atendimento 100% digitalizado para quem, como eu, já estava cadastrado na locadora, higienizei o câmbio, a maçaneta da porta do motorista e o volante.

No trajeto pela estrada Florida Turnpike, postos de gasolina abertos em sistema de “take way”. No percurso de 380 km e no destino, alimentação apenas à base do self service de produtos embalados. Observei hotéis, shoppings e outlets fechados. Nada de aglomerações nos supermercados abertos, que impõem restrições à quantidade de pessoas com acesso às compras.

Cheguei pontualmente à reunião previamente agendada. Satisfeito por ter conseguido concretizar o negócio, que havia sido iniciado antes da Pandemia, fui direto para o meu apartamento. Na TV, boa notícia: exceto Nova Iorque, várias cidades em outros estados previam poder abrir alguns serviços no dia 4 de maio.

Em área comum do condomínio, sem perceber a presença de outras pessoas por perto, tirei a máscara para atender o celular. Não demorou para o segurança do prédio fazer o alerta. Atendi prontamente. Tranquilo, mas sempre atento e cuidadoso, fui às compras no Walmart.

Na volta ao Brasil, o voo da Azul estava lotado. Todos com máscara o tempo todo na executiva, exceto durante as refeições. Sereno, desfrutei da viagem.

Incrível a capacidade do ser humano de se adaptar!

Aproveitei a experiência para fazer apontamentos de medidas de prevenção que precisam ser adotadas, tendo em vista a retomada da demanda, com garantia de proteção. Além da mencionada e urgente limpeza dos carrinhos em aeroportos, sugiro: instalação de equipamentos pulverizadores, para borrifar produtos que aumentam a higienização; equipes treinadas para aferir a temperatura; pontos de distribuição de máscaras, álcool gel e lenços umedecidos com campanhas de recomendação de uso constante e distanciamento social sempre que possível.

Assim como os diferentes meios de transporte, hospedagem e serviços receptivos, incluindo eventos corporativos, sociais e entretenimento, que são o alicerce da Economia do Turismo, a sociedade como um todo terá que se adaptar.

Agora, aguardo em São Paulo o período recomendado pelas autoridades sanitárias para retornar ao convívio familiar, mais seguro e confiante.

Novo normal, bem-vindo!"

Carlos Prado - Contabilista, administrador de empresas, pós-graduado em Marketing e com formação de conselheiro pelo IBGC. É presidente do Grupo Tour House, criado em 1990; presidente do Conselho de Administração da Abracorp; membro do CEO Insights – IBE/FGV e do LIDE – Líderes Empresariais.

Quer receber notícias como essa, além das mais lidas da semana e a Revista PANROTAS gratuitamente?
Entre em nosso grupo de WhatsApp.

Tópicos relacionados

Avatar padrão PANROTAS Quadrado azul com silhueta de pessoa em branco ao centro, para uso como imagem de perfil temporária.

Conteúdos por

Da Redação

Da Redação tem 11151 conteúdos publicados no Portal PANROTAS. Confira!

Sobre o autor

Colaboração para o Portal PANROTAS