Movida

Felippe Constancio   |   10/11/2016 09:01

Apps de carona remunerada (não) impactam locadoras

Os apps, contudo, continuarão ganhando espaço nesta indústria, ao passo que entram em novos mercados

A popularização dos aplicativos de carona podem ter causado a impressão de que todos estão usando Uber, Cabify ou Lyft (no caso dos norte-americanos). E estão. Até empresas têm colocado a economia compartilhada em suas políticas. Neste mundo corporativo, exemplos não faltam para se constatar o óbvio. Gestores de associadas Travel Managers Group (TMG) são só alguns dos que fizeram com que apps como Uber fossem incluídos nas políticas das empresas sob o argumento de que as ferramentas funcionam "até melhor que táxi, e o benefício do custo é indiscutivelmente melhor".

Mas, e quando o trânsito do viajante corporativo vai para além do transporte de ida e volta do hotel e alguma saída ao restaurantes? Ou, em uma viagem mais longa, é melhor alugar o carro ou sacar o celular?

Aries/Flickr

Quando as perguntas saem do campo "táxi-Uber" e vão para o mercado de locação, surge um debate de crenças. Sem uma relação clara entre queda nos números de locadoras e aumento nos apps de carona, o seminário sobre o tema que aconteceu na conferência anual da GBTA em setembro, nos Estados Unidos, teve faísca entre o diretores da Lyft e uma companhia de transporte executivo. A discussão ficou acalorada depois que o CEO da empresa de transporte Dav El, Scott Solombrino, questionou a segurança dos serviços por app.

CONCORRÊNCIA
Números e argumentos são lenha na fogueira. Apesar da TMC estrangeira Certify apontar em relatório que Uber e Lyft detêm mais da metade do transporte terrestre no corporativo nos Estados Unidos, locadoras no Brasil e de fora defendem que não há concorrência direta.

No Brasil, o último balanço trimestral da Abracorp aponta o desempenho recente de locadoras no segmento corporativo, com a maioria dos players registrando queda de faturamento.

"São ocasiões de consumo diferentes. Esses aplicativos concorrem mais com táxi, pois são para viagens mais curtas e específicas. No nosso caso, não sentimos uma concorrência direta. Eles podem até se complementarem como um modal concomitante. O viajante aluga o carro, mas se quiser sair de noite para jantar e beber, pode escolher o app", acredita o diretor de Marketing da Localiza, Herbert Viana.

Se um executivo de aplicativo de carona remunerada discordar da afirmação da não concorrência direta, por que não perguntar a um gestor de viagens?

Divulgação

"A comparação entre locação de veículo e Uber nunca foi feita, e sim entre Uber e táxi. Quando locamos um carro por um ou alguns dias por exemplo, iremos percorrer distâncias maiores e normalmente entre cidades - e não dentro da mesma cidade", explica a gestora da Raízen Energia, Aline Ruffini.

"Uma diária spot de um veículo padrão está em torno de R$ 90. Se eu comparar com corridas do Uber com uma utilização alta, acredito que a conta não favorecerá o Uber mesmo porque esta opção é bem restrita a grandes cidades. No caso da locação spot, a utilização é alta por parte do viajante, com distâncias longas."

Para quem ainda acreditar que há concorrência, ainda que pequena, fica a reflexão da barreira da regulamentação dos apps, que por hora asseguram a soberania das empresas de locação e de transfers no terrestre das viagens corporativas. De acordo com a consultoria Ibis World, "a indústria de serviços de carros continuará dependendo do desempenho das empresas e confiança do consumidor nas viagens domésticas. Os apps de carona continuarão ganhando espaço nesta indústria, ao passo que entram em novos mercados. No entanto, espera-se avaliações rigorosas sobre estas empresas de transporte, uma vez que certos governos podem coibir a expansão."

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