Beatrice Teizen   |   29/04/2022 14:17   |   Atualizada em 02/05/2022 17:03

9º Fórum Abracorp debate desafios atuais da gestão de viagens

Evento da entidade foi realizado como parte da programação da feira de Turismo em Águas de Lindóia

ÁGUAS DE LINDÓIA (SP) – A Abracorp realizou, nesta sexta-feira (29), seu 9º fórum, o Fórum Abracorp, como parte da programação da Abav TravelSP, que acontece no Centro de Eventos do Hotel Monte Real, em Águas de Lindóia (SP). O painel reuniu profissionais para trazerem as visões de diferentes lados: fornecedor, TMC e gestor de viagens.

PANROTAS / Emerson Souza
9º Fórum Abracorp foi realizado no segundo dia de Abav TravelSP
9º Fórum Abracorp foi realizado no segundo dia de Abav TravelSP
As viagens corporativas foram as mais afetadas com a pandemia de covid-19 e as últimas a serem retomadas. Os gestores, durante esses dois anos, precisaram repensar suas funções e toda a gestão das viagens a trabalho de suas empresas. Como ficaram as políticas? O que mudou e o que ficou?

“Em termos de política, não alteramos nada, mas a diretriz mais importante foi, de fato, voltar a viajar, pois precisamos rodar a economia. E isso foi muito importante. Viajar é muito seguro, nossos fornecedores já tinham e agregaram ainda mais protocolos. Então, precisamos voltar à normalidade depois de tantos meses e também precisamos voltar a viajar de forma inteligente”, conta a gestora de Viagens da Honda, Marina Shimada.

Em outras empresas, como a Raízen, de energia, estes dois anos de pandemia serviram para fazer uma série de transformações no modo de se viajar a negócios. A coordenadora de Mobilidade, Carolina Passarelli, conta que, em 2020, a companhia abriu uma RFP para o mercado, trocou a agência e fez uma transformação digital em diversas frentes. Também mudou a ferramenta de reservas e de prestação de contas, com o objetivo de melhorar a experiência do usuário e a eficiência na gestão de custos.

“Já tínhamos uma política diferenciada do setor, as viagens dentro das regras já eram auto aprovadas, então, estamos em uma fase de aprimoramento, de tornar o processo mais automatizado para o viajante. Reduzimos para apenas um nível de aprovação quando o deslocamento está fora da política, tivemos um viés muito grande no que diz respeito à proteção de dados do viajante, também revisitamos relatórios... não paramos, diminuímos, sim, o número de viagens, apenas uma empresa do grupo manteve níveis normais de deslocamento, mas focamos muito nos protocolos e pensamos nas viagens de bleisure, contemplando-as na política, visando, também, ao modelo híbrido”, diz Carolina.

CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO
O canal de distribuição é importante para mostrar para o cliente as melhores ofertas, voltadas as suas necessidades e demandas. É lá que o viajante vai escolher a passagem, hotel, carro e outros serviços que mais vão fazer sentido a sua viagem corporativa. Neste sentido, o fornecedor tem de saber como trabalhar com este canal.

“Nosso papel é fortalecer este canal, fazer com que ele consiga se desenvolver, estar mais profissional e oferecer as melhores ofertas possíveis. Esta ferramenta tem de estar preparada e ir além das ofertas que o viajante está precisando. Ele vai de um ponto para outro, mas também necessita de outros tipos de experiência. O relacionamento com o canal de distribuição tem melhorado cada vez mais e cabe a nós, fornecedores, estarmos mais próximos e trazermos experiências diferentes para o usuário e também para o agente e TMC poder oferecer para o seu viajante”, pontua o diretor regional de Vendas da Localiza, Augusto Bezerra.

PANROTAS / Emerson Souza
Gervasio Tanabe (Abracorp), Carolina Passarelli (Raízen), Anderson Wolff (Gol), Silene Coelho (Accor), Marina Shimada (Honda) e Augusto Bezerra (Localiza)
Gervasio Tanabe (Abracorp), Carolina Passarelli (Raízen), Anderson Wolff (Gol), Silene Coelho (Accor), Marina Shimada (Honda) e Augusto Bezerra (Localiza)
O gerente de Vendas da Gol, Anderson Wolff, é da mesma opinião de que é preciso investir e estar junto do cliente, de seu dia a dia, olhar as necessidades. “Trocamos de sistema, focando em estimular melhores oportunidades para nossos parceiros internacionais – Air France-KLM e American Airlines –, focando em uma experiência de gerar valor, melhor conectividade, de dar soluções tecnológicas para o passageiro. Se a pandemia trouxe um legado, foi que a tecnologia avançou muito neste período e temos de usar isso a nosso favor”.

RELAÇÃO CUSTO X CLIENTE
Preços lá no alto, inflação, juros, valor do querosene de aviação 130% acima da média... estes são alguns dos problemas que não só a aviação enfrenta, mas diversas outras indústrias. Como explicar para o cliente a alta dos preços?

“É preciso pensar na composição exata desses custos. Não pensar somente em repassar essa inflação e, sim, equalizar isso. O quanto estamos oferecendo e aportando de valor e o quanto o cliente valoriza isso também. Essa questão nos coloca à prova e nos mostra um novo caminho. A provocação que vem é em como mostramos isso para o cliente, lembrando que é sempre importante ser muito transparente”, diz a diretora de Vendas Mice da Accor, Silene Coelho.

No setor aéreo, é preciso compreender que, hoje, a QAV detém 50% da cadeia de custo – porcentagem esta que, antes da guerra na Ucrânia, girava em torno de 30%. “Não temos como absorver um custo desse. É um problema da indústria da aviação. Para a sobrevivência, continuidade dos negócios, é preciso repassá-lo para o preço. É uma realidade hoje e não sabemos até quando será assim”, afirma Wolff.

Tópicos relacionados