Alta do IOF pressiona Turismo com aumento de custos e retração no consumo, diz Abracorp
Douglas Camargo chama a atenção para efeitos colaterais que as medidas devem provocar na cadeia do Turismo

Os recentes aumentos na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) impactam diretamente o Turismo. Com o objetivo de ampliar a arrecadação em cerca de R$ 18,5 bilhões em 2025 e R$ 35 bilhões em 2026, o novo modelo altera as alíquotas tanto para operações de câmbio quanto para crédito e previdência privada.
Douglas Camargo, diretor executivo da Abracorp (Associação Brasileira das Agências de Viagens Corporativas), chama a atenção para os efeitos colaterais que as medidas devem provocar na cadeia do Turismo.
Entre as mudanças mais imediatas está a elevação do IOF sobre operações de câmbio. A alíquota sobre a compra de papel moeda em espécie, que antes era de 1,1%, passa a ter uma carga efetiva de 3,5%. A mudança impacta viajantes e também as agências e operadoras, que dependem do câmbio para pagamento de fornecedores internacionais.
Outro ponto de destaque para Douglas Camargo é o aumento do teto de IOF sobre operações de crédito para empresas. A alíquota anual salta de 1,88% para 3,95%. Para empresas optantes pelo Simples Nacional, o impacto também é expressivo: de 0,88% ao ano para 1,95%.
Segundo Douglas, essa elevação encarece linhas de crédito utilizadas para leasing de aeronaves, manutenção de frota, aquisição de combustível e financiamento de capital de giro, pressionando as margens de companhias aéreas, hotéis e operadores do setor.
O setor de Turismo, ainda em recuperação dos impactos da pandemia e da volatilidade econômica global, pode ter companhias aéreas enfrentando custos maiores com crédito e leasing; hotéis sofrendo com operações mais caras e margem comprimida; e agências e operadoras lidando com remessas internacionais mais onerosas e dificuldade de acesso a crédito.
"IOF não deve ser utilizado como ferramenta de arrecadação. Fica a impressão de que o governo avaliou o potencial de arrecadação, sem avaliar possíveis impactos. O setor de Turismo vem sofrendo como nenhum outro nos últimos anos e é necessário que o governo olhe para o setor com mais cuidado e proponha soluções de incentivo de longo prazo ao invés de criar barreiras"
Douglas Camargo, diretor executivo da Abracorp