Karina Cedeño   |   18/01/2019 18:22

''Shutdown' nos EUA aumentará riscos nas viagens corporativas

Aeroportos podem ser fechados e voos cancelados caso a paralisação se estenda por muito tempo


Banalities/Flickr
Com a paralisação do governo dos Estados Unidos completando três semanas, as chances de efeitos tangíveis e duradouros no setor de viagens - interrupções ou, pior ainda, riscos de segurança - estão aumentando.

Nas primeiras semanas, o impacto nas viagens corporativas foi mais no nível de um "aborrecimento". Porém, se a paralisação persistir por mais algumas semanas, há uma ameaça crescente ao sistema, já que os funcionários da Administração de Segurança de Transportes, controladores de tráfego aéreo, inspetores e outros membros da indústria da aviação não estarão recebendo salário há bastante tempo.

"Você terá indivíduos que procuram outras oportunidades de renda e começará a ter buracos nas operações. As pessoas serão forçadas a trabalhar horas extras, o que gera mais estresse”, afirma o fundador e presidente da empresa de gerenciamento de risco de viagens World Aware, Bruce McIndoe.

No caso improvável de a paralisação se estender por meses, haverá um risco crescente de uma falha catastrófica no sistema. "O controle de tráfego aéreo, com falta de pessoal antes do início da paralisação, logo poderá atingir o ponto em que o governo precisará reduzir os volumes de voo, forçando as aéreas a cancelar alguns deles”, ressalta McIndoe.

Um shutdown prolongado poderia levar à desativação de aeroportos inteiros, com apenas um "subconjunto dos aeroportos" funcionando. Até ontem (17), a TSA ainda informava que a maioria dos funcionários está comparecendo ao trabalho. No entanto, se a taxa de ausências subisse, poderia prejudicar especialmente os aeroportos menores.

Quanto mais prolongada a paralisação, mais tempo levará para se recuperar, especialmente se os trabalhadores do Controle do Tráfego Aéreo optarem por outros empregos ou aposentadoria antecipada. "Você não contrata apenas alguém, joga-o em um assento e diz: 'seja um controlador de tráfego aéreo'", afirma McIndoe. "Leva meses e meses até as pessoas serem treinadas e capazes de se sentarem nesses assentos, então há danos permanentes ao sistema”, comenta o executivo.

Embora não haja muito que os compradores de viagens possam fazer além de pressionar seus representantes eleitos para encerrarem a paralisação, eles devem advertir seus passageiros que eles podem passar mais tempo em aeroportos do que o previsto em caso de interrupções.

Caso chegue ao ponto de cancelamentos de voos, os viajantes corporativos podem adiar as viagens quando possível. No entanto, colocar os passageiros em carros em vez de aviões não é o ideal, na opinião de McIndoe, dado o risco substancialmente maior de acidentes de carro em comparação com as viagens aéreas.

O impacto da paralisação no setor de viagens como um todo também aumentará. A paralisação do governo federal norte-americano no final de 1995 e início de 1996 durou 21 dias, um recorde até a parada atual. Isso levou a prejuízos de milhões de dólares para companhias aéreas e outros setores do Turismo, e cerca de 200 mil pedidos de passaporte não foram processados durante esse período, de acordo com um relatório do Serviço de Pesquisa do Congresso dos Estados Unidos divulgado em 2010.

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