Rodrigo Vieira   |   02/04/2024 12:35
Atualizada em 03/04/2024 11:36

123 Milhas seguiu dando golpe em operadoras conhecidas, aponta portal

OTA soma mais de R$ 130 milhões em dívidas com parceiros de Turismo, diz reportagem do Uol

PANROTAS / Rodrigo Vieira
123 Milhas fez investimento pesado em mídia aeroportuária antes de sua Recuperação Judicial
123 Milhas fez investimento pesado em mídia aeroportuária antes de sua Recuperação Judicial

Em agosto do ano passado, quando a 123 Milhas entrava com seu pedido de recuperação judicial, a agência de viagens on-line começou a dar calote em operadoras e ainda responsabilizava as mesmas pela inadimplência quando recebia queixas dos clientes. É o que aponta uma denúncia feita hoje pelo portal Uol.

O suposto golpe está longe de ser desconhecido para quem trabalha na indústria do Turismo: agência recebe o dinheiro do cliente e não repassa para o fornecedor, nesse caso a operadora. A reserva é cancelada e a agência não reembolsa, ainda por cima culpando a operadora ao cliente frustrado.

Iterpec, EZLink e Diversa Turismo são mencionadas na matéria como as maiores credoras, com dívidas de R$ 25 milhões, R$ 15 milhões e R$ 13 milhões, respectivamente. Iterpec e EZLink conseguiram na justiça a isenção de responsabilidade solidária no caso 123 Milhas.

Segundo o Uol, quatro fontes foram ouvidas e confirmam o procedimento delitoso. Uma ex-supervisora da 123 Milhas aponta ao Uol que a OTA tinha negócios com mais de 20 operadoras antes da crise e, por meio delas, mantinha relação com diversos hotéis do Brasil e Exterior.

O Uol também revela, por meio de uma fonte não identificada, que a 123 Milhas já não era bem-vista no mercado hoteleiro há muito tempo. Um ex-gerente contou ao portal que a agência fazia concorrência desleal para ser mais competitiva, com tarifas até 15% menores. "Vários hotéis tentaram bloquear a 123, mas, como ela usava brokers, não conseguiam", aponta a fonte ouvida pelo Uol.

A 123 Milhas deve mais de R$ 130 milhões a operadoras, segundo levantamento feito pelo site. Na mesma matéria, a 123 Milhas diz à reportagem que todos os créditos referentes às reservas realizadas antes de 29 de agosto de 2023 - e não pagas pela empresa - serão incluídos na recuperação judicial.

Em dezembro de 2023, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) decretou a retomada imediata da recuperação judicial da 123 Milhas. O processo estava estava suspenso desde setembro daquele mesmo ano, por solicitação do Banco do Brasil, um dos credores da empresa.

A 123 Milhas já veio a público para responder as acusações. O texto enviado pela agência de viagens on-line na íntegra pode ser lido a seguir:

"A 123milhas sempre honrou seus compromissos com fornecedores e operadores. Após o pedido de recuperação judicial, protocolado em 29/08/23, no entanto, a empresa ficou impedida por lei de realizar quaisquer pagamentos a parceiros. Todos os créditos referentes às reservas realizadas antes do pedido de RJ – e não pagas pela empresa - serão incluídos em um plano de recuperação judicial, com opções para que o credor possa escolher a melhor forma de receber seus recursos. O plano deverá ser aprovado pela maioria dos credores, nos termos da lei, e homologado pela Justiça. Os cancelamentos de reservas de clientes efetuados por operadores e fornecedores ocorreram de maneira unilateral sem o consentimento da 123Milhas".


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