Artur Luiz Andrade   |   19/05/2021 10:48   |   Atualizada em 19/05/2021 10:58

Despegar vende R$ 2 bilhões no 1T21, apesar de Brasil e Argentina

OTA teve prejuízo de R$ 200 milhões e CEO aposta na retomada para a primavera e verão da América do Sul

A Despegar.com, conhecida como Decolar no Brasil, registrou queda de 8% nas vendas do primeiro trimestre do ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Foram US$ 369,2 milhões (ou cerca de R$ 2 bilhões, com cotação de R$ 5,63 no trimestre abordado). Excluindo Brasil e Argentina, os maiores mercados, mas os que mais ajudaram na queda de vendas, a OTA teve crescimento de 11%, comparando com o último trimestre de 2020. O mesmo vale para o número de transações: queda de 2% sobre os três últimos meses de 2020, mas aumento de 12%, excluindo apenas o mercado brasileiro. Maior concorrente da Despegar na região, a CVC Corp, com atuação no Brasil e na Argentina, teve vendas de R$ 1,2 bilhão no mesmo trimestre.

Mas enquanto a CVC Corp teve prejuízo de R$ 81 milhões, a Despegar ficou com perdas de US$ 37,6 milhões (ou R$ 211 milhões).

Anualmente, as transações caíram 40% e se a comparação for estendida a 2019, ano sem pandemia, a queda é de 54%. O número de noites de hospedagem vendidas caiu 9% de um trimestre para o outro, 49% sobre 2020 e 64% em relação a 2019.

As vendas via dispositivos móveis chegaram a 50% do total. As despesas estruturais caíram 20% em relação a 2020, excluindo os efeitos das compras da Best Day, no México, e da Koin, no Brasil.

O EBITDA ajustado do trimestre foi negativo em US$ 20 milhões (R$ 112 milhões), refletindo a segunda onda de covid-19, especialmente no Brasil e na Argentina. O resultado é pior que as perdas no 4T20 (US$ 19,3 milhões) e 1T20 (US$ 13,9 milhões) e que o saldo positivo de US$ 15,2 milhões no 1T19.

A OTA fechou o trimestre com US$ 325,7 milhões (cerca de R$ 1,9 bilhão) em caixa, incluindo US$ 16,3 milhões de valores restritos.

BRASIL

O mercado brasileiro respondeu por 38% das transações do período, uma queda de oito pontos em relação ao trimestre anterior, quando respondia por 46%. As vendas brutas no Brasil caíram 32% na comparação com o último trimestre de 2020, 68% em relação ao 1T20 e 78% contra o 1T19. A pandemia, o foco em viagens domésticas e a desvalorização do real explicam a performance do Brasil

O México, nova grande aposta da OTA, depois da aquisição da Best Day, respondeu por 28% das transações, crescimento de 27% trimestre a trimestre. Na comparação anual, as transações no país cresceram 11% e as vendas 13%. O México foi um dos primeiros países no mundo a reabrirem para o Turismo.

No restante da América Latina, a Despegar registrou crescimento trimestral de 22% em transações e 6% na receita bruta. Colômbia e Chile foram os principais responsáveis pelo resultado.

Damián Scokin
Damián Scokin

CEO COMENTA

“Como previsto, no primeiro trimestre do ano observamos uma desaceleração da retomada das vendas iniciadas no 2T20, devido ao impacto da segunda onda de covid-19 nas viagens, e particularmente na Argentina e no Brasil”, disse o CEO da Despegar, Damian Scokin. Segundo ele, a diversidade geográfica da empresa tem ajudado nesse momento de inconstâncias, com países como a Colômbia e o Chile apresentando resultados melhores para compensar de alguma forma as quedas na Argentina e no Brasil.

A meta da OTA, nas palavras de Scokin, é priorizar a rentabilidade até que haja maior visibilidade em relação à recuperação da indústria de Viagens e Turismo. Ele destacou que a Despegar atingiu no trimestre o maior índice de take rate desde 2016.

A previsão é que a estagnação continue no 2T21, mas que a recuperação venha com a chegada da temporada de primavera/verão na América do Sul, já com a vacinação mais adiantada na região.

“Enquanto isso, nos mantemos focados em fortalecer nossas vantagens competitivas, incluindo fazer progressos na integração da Best Day, expandir o alcance de nossa plataforma de pagamento no Brasil e ampliar nossa relação com os parceiros de Turismo, ao mesmo tempo em que a incorporação do mix de produtos das empresas adquiridas se reflete no aumento do share de produtos não aéreos nesse trimestre”, continua Scokin. “Nossa posição como uma empresa mais enxuta e geograficamente mais diversificada, e com uma estratégia de maximização dos ganhos, irá nos permitir emergir da pandemia em uma posição sólida para atender à demanda reprimida por viagem”, finaliza.

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