Rodrigo Vieira   |   14/03/2023 08:30
Atualizada em 14/03/2023 09:15

Gol diz não ter pressa com NDC: "hoje seria dar um passo para trás"

VP da companhia acredita que seu modelo de conexão direta ainda supera o novo padrão sugerido pela Iata


PANROTAS / Marluce Balbino
Renzo Mello e Eduardo Bernardes, da Gol, no 20º Fórum PANROTAS
Renzo Mello e Eduardo Bernardes, da Gol, no 20º Fórum PANROTAS

A Gol trabalha para ter seu conteúdo distribuído por meio do New Distributon Capability, o NDC, o novo padrão tecnológico da Iata, mas esta não é uma prioridade da companhia aérea, sobretudo quando assunto são viagens domésticas.

LEIA TAMBÉM
SMILES TRAVEL? GOL PREPARA O LANÇAMENTO DE UMA OPERADORA DE VIAGENS

Segundo o vice-presidente de Marketing e Vendas da empresa, Eduardo Bernardes, o NDC em seu atual estágio ainda está abaixo do mesmo nível de serviço e solução para as agências de viagens que a Gol oferece em seu modelo de conexão direta, no qual foi pioneira não só no Brasil.

"A Gol foi a primeira empresa nas Américas a adotar a distribuição direta, lá em 2003. Ou seja, estamos 20 anos na frente desse processo, um processo ainda existente. Hoje, os produtos desenvolvidos com o padrão do NDC não trazem o mesmo nível de serviço e soluções oferecidas pela Gol no modelo de conexão direta", afirmou Bernardes, em entrevista exclusiva durante o 20º Fórum PANROTAS.

"Isso não significa que não estamos, em parceria com os fornecedores, trabalhando para ter o novo modelo da Iata. Porém, essa mudança só vai acontecer quando conseguirmos enxergar que na solução NDC teremos o mesmo nível da solução atual. Seria dar um passo para trás e isso não faz o menor sentido."

Contudo, quando o assunto é mercado internacional, faz mais sentido que a Gol tenha mais empenho em oferecer seu conteúdo via NDC. "No nosso modo de ver, a entrada das companhias aéreas no NDC é uma forma de fazer com que a distribuição dependa um pouco menos dos GDSs", avalia Bernardes. No doméstico, a parcela dos GDSs na distribuição dos produtos Gol é zero.

"Ter NDC em nossos pontos de venda lá fora é um caminho sem volta, pois a forma de oferecer conteúdo via conexão direta se mostra mais eficiente e completa para o distribuidor, agente de viagens, e para o cliente. Vamos continuar perseguindo essa migração", completa o vice-presidente.

Em se tratando de venda de ancillaries, Bernardes afirma que a ferramenta atual da Gol permite a comercialização dos produtos auxiliares em todos os seus canais. "Mas o que temos de ancillaries hoje não é o nosso teto. Continuamos trabalhando outras opções de produtos e serviços auxiliares."

Portanto, a Gol só vai adotar o NDC quando esse modelo for comparado com o seu atual e compreender que o NDC tem tudo o que sua conexão direta de hoje oferece. "Um anula o outro do ponto de vista tecnológico", conclui o VP.

Em relação à American Airlines, parceira da Gol nos Estados Unidos, que a partir de abril vai vender seu conteúdo via NDC no Brasil, Bernardes diz que apoia a adoção do padrão da Iata. "Eles são nossos parceiros e acionistas, claro que estamos de olho nisso e apoiamos a medida. Mas, novamente, o que move a mudança das outras companhias aéreas ao NDC é diferente do que move a Gol. Nós já temos conexão direta e as outras não."

Tópicos relacionados