Filip Calixto   |   18/03/2021 12:21

Gol fecha 2020 com prejuízo líquido de R$ 2,3 bi

Relatório divulgado pela Gol revela índices do último trimestre e de todo o ano de 2020




Divulgação/Gol
A Gol Linhas Aéreas registrou prejuízo líquido de R$ 862 milhões ao longo do quarto trimestre de 2020. O número, que mais uma vez mostra o tamanho do impacto causado pela pandemia na empresa, consta no relatório divulgado hoje (18), com os principais resultados financeiros e operacionais obtidos ao longo dos últimos três meses do ano passado. O índice exclui as variações cambiais e monetárias, despesas líquidas não recorrentes, ganhos relacionados a Exchangeable Notes e resultados não realizados de capped calls. No ano de 2020 como um todo, o prejuízo líquido após participação de minoritários foi de R$ 2,3 bilhões, enquanto em 2019 a Gol obteve lucro líquido de R$ 0,7 bilhão.

O levantamento mostra ainda que o resultado operacional (Ebit) foi negativo em R$ 319 milhões no quarto trimestre. No mesmo período no ano anterior o número era positivo em R$ 649,7 milhões. A margem dos resultados operacionais, sendo assim, ficou negativa em 16,9%. Um ano antes essa margem era positiva em 18,3%. No recorte anual, o resultado operacional de 2020 é retração de 14,9%.

Os números de receita líquida mostram que o ano de 2020 atingiu R$6,4 bilhões, o que mostra alta perda em relação aos R$13,9 bilhões registrados em 2019. No trimestre, receita líquida foi de R$1,9 bilhão, uma queda de 50% em relação ao 4T19. Na comparação como trimestre anterior, o índice significa crescimento de 94%.

A receita mensal foi de R$574 milhões em outubro a R$784 milhões em dezembro, um crescimento de 37% dentro do 4T20. As outras receitas (principalmente cargas e fidelidade) totalizaram R$172 milhões, equivalente a 9,1% das receitas totais.

O índice RASK (Receita Líquida por Assento Quilômetro Ofertado) foi de 24,57 centavos (R$), redução de 14,4% em relação ao 4T19, e 0,6% acima do registrado no 3T20. A Receita de Passageiros Líquida por Assento Quilômetro Ofertado (PRASK) foi 22,34 centavos (R$), queda de 17% em relação ao 4T19, e crescimento de 1,5% em comparação ao 3T20.

DEMANDA
O relatório da companhia mostra ainda uma queda na demanda que é medida pelo índice RPK (número de Passageiro-Quilômetro Transportado Pago). Esse indicativo teve retração de 42% no comparativos entre os últimos trimestres de 2020 e 2019. Na comparação com o trimestre anterior, contudo, o índice quase dobrou.

O índice ASK (Assento Quilômetro Ofertado) diminuiu 42% em relação ao 4T19, porém aumentou 93% versus o 3T20.

No quarto trimestre, as vendas brutas consolidadas atingiram aproximadamente R$2,5 bilhões, aumento de 44% em relação ao 3T20. As vendas médias diárias da Gol superaram R$27 milhões, as quais representam cerca de 80% dos níveis de venda pré-pandemia. Com os voos adicionais durante o mês de dezembro, a receita de passageiros transportados aumentou 91% sobre o 3T20.

OUTROS RESULTADOS
O relatório aponta também alguns outros recortes. A demanda doméstica é um deles. Nesse quesito, a Gol anotou 6,2 milhões de RPK, uma redução de 35,2% frente ao mesmo período em 2019. Enquanto isso, a oferta teve um decréscimo de 34% na mesma comparação. Já a taxa de ocupação chegou a 81,1% no trimestre.

Observando o mercado internacional, no 4T20, a companhia realizou voos de fretamento não regulares para times e para a seleção brasileira de futebol em competições esportivas. Como a maioria das fronteiras encontravam-se fechadas, a Gol não ofertou voos regulares internacionais.A previsão de retorno é em junho de 2021.

O volume total de decolagens da empresa foi superior a 37 mil, um decréscimo de 45,6% em comparação ao 4T19. O total de assentos disponibilizados ao mercado foi de 6,5 milhões no quarto trimestre de 2020, uma queda de 46,3% em relação ao mesmo período de 2019.


PANROTAS /
Divulgação
Paulo Kakinoff, presidente da Gol
Paulo Kakinoff, presidente da Gol
IMPACTO DA PANDEMIA

“Após o encerramento do ano mais desafiador na história da aviação comercial, seguimos focados na gestão dos impactos da pandemia de covid-19 no nosso negócio, com determinação, clareza e confiança”, pontua o presidente da aérea, Paulo Kakinoff. De acordo com ele, o modelo de negócios da Gol tem se mostrado o principal diferencial para superar os desafios que essa crise impõe às empresas aéreas.

“Nosso modelo operacional de frota com um único tipo de aeronave, menor estrutura de custos com predominância de componentes variáveis, e posição dominante nos principais hubs brasileiros de alta densidade nos permite, rapidamente, adicionar ou descontinuar rotas em resposta às oscilações de demanda, enquanto mantemos disciplina quanto a capacidade e rentabilidade”, diz Kakinoff.

“Acreditamos que as atuais condições mercadológicas, apesar de difíceis, são temporárias e que a demanda continuará a se recuperar à medida que avança a vacinação no Brasil. Reiteramos a convicção de que a Gol emergirá ainda mais forte e resiliente com a normalização dos mercados”, conclui.

Para abril, a Gol reduzirá sua malha para 200 voos por dia (equivalente a agosto de 2020) e deixará de voar temporariamente para 9 cidades no País.

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