Artur Luiz Andrade   |   23/12/2021 16:19   |   Atualizada em 23/12/2021 16:48

Abracorp também cobra da Anac respostas no caso ITA

Agência deveria ter uma análise da capacidade financeira das aéreas


PANROTAS / Emerson Souza
Gervásio Tanabe, presidente da Abracorp
Gervásio Tanabe, presidente da Abracorp
“Ficamos surpresos. Essa é a palavra. Como a empresa chega em uma sexta-feira e avisa: paramos? E até agora ninguém sabe o motivo real. O que aconteceu de fato? Mas temos de saber, por isso enviamos ofício à Anac, copiando o Ministério do Turismo, e assinando em conjunto com a AirTkt.”

A frase acima é de Gervásio Tanabe, presidente executivo da Abracorp, entidade que reúne as principais agências de viagens corporativas (TMCS) no País e que, como todo o trade, busca uma resposta para a paralisação de voos da ITA Transportes Aéreos, na última sexta-feira, 17/12. Em 2019, as associadas Abracorp e as da AirTkt, de consolidação, venderam mais de R$ 20 bilhões em passagens aéreas. Em novembro deste ano, as vendas de aéreo doméstico na Abracorp chegaram a 70% do pré-pandemia e uma notícia como essa ponde impactar a recuperação do setor, na opinião de Tanabe.

“Questionamos a Anac se a agência, que deu a concessão para a ITA, não avaliou a capacidade financeira da empresa para essa operação. A ITA tinha o perfil para uma operação desse tipo? Como ficam os consumidores e os agentes de viagens? É revoltante como tudo ocorreu. A conta vai cair no colo das agências de viagens”, disse ele ao Portal PANROTAS. A indústria quer regras mais claras para a concessão a empresas aéreas.

Afinal, quando a ITA começou havia a sinalização de um fundo árabe, mas o dinheiro, soube-se depois, não chegou. Em seguida, um banco brasileiro iria fazer o aporte. Mais uma vez, virou fumaça. E então a empresa para. Tudo isso com o Grupo Itapemirim envolto em polêmicas de sua própria recuperação judicial. Para as autoridades, estava tudo bem?

Segundo Tanabe, a ITA não tinha em sua malha o perfil corporativo para os clientes Abracorp, e a entidade está fazendo um levantamento do tamanho do impacto. “Mas mesmo tendo um impacto pequeno na Abracorp, nós estamos preocupados com a indústria como um todo. É uma empresa aérea que para de repente sem dar explicação. Como entidade do setor temos de nos manifestar e esperamos respostas.” Para o executivo, não adianta pedir apoio às demais empresas aéreas em plena alta temporada de fim de ano. "Está tudo lotado... Precisa haver regras para evitar isso e para ajudar o setor nesse momento."

Além da Abracorp e AirTkt, também a Braztoa e a Abav se manifestaram sobre o caso da ITA e aguardam posicionamentos da Anac e do MTur.

Leia um trecho da carta da Abracorp e AirTkt à Anac e MTur:

"A presente tem, pois, a intenção de ratificar o pedido para que a Anac coordene, imediatamente, um plano de ação para socorrer, principalmente, os passageiros, momento em que recomendamos também uma revisão nas políticas de concessão de serviços aéreos para que futuros players ofereçam sólidas e duradouras garantias de operação. E igualmente a adoção de medidas para proteger a cadeia do Turismo, especialmente o canal de distribuição é fundamental, neste momento."

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