Azul congela processo de fusão com Gol após pedido de recuperação judicial
Fusão está temporariamente suspensa, enquanto as companhias focam em suas respectivas reestruturações

A proposta de fusão entre Azul e Gol passa a enfrentar um obstáculo significativo após a Azul protocolar um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, sob o Chapter 11. A medida visa agora reestruturar cerca de US$ 2 bilhões em dívidas e garantir US$ 1,6 bilhão em financiamento para manter as operações durante o processo.
John Rodgerson, CEO da Azul Linhas Aéreas, já reforçou que o foco da companhia agora será na própria reestruturação, o que consequentemente congela as negociações com a Gol Linhas Aéreas. "Quero focar no nosso futuro com essa operação agora”, disse ele em entrevista à Folha de S. Paulo.
Em janeiro, a Azul e a Abra Group, controladora da Gol, assinaram um memorando de entendimento (MOU) para avaliar uma possível fusão, que resultaria em uma empresa com mais de 60% de participação no mercado aéreo brasileiro. No entanto, a concretização da fusão dependia da conclusão da recuperação judicial da Gol nos EUA e a manutenção de uma alavancagem financeira combinada inferior à da Gol após sua reestruturação .
Com o novo pedido de recuperação judicial da Azul, as condições tornam-se mais complexas. A incerteza sobre a estabilidade financeira das duas companhias levanta dúvidas sobre a viabilidade da fusão no curto prazo. Analistas apontam que a união de duas empresas em processo de reestruturação pode dificultar ainda mais a capacidade de captar recursos ou renegociar dívidas.
Além dos desafios financeiros, a fusão enfrenta obstáculos regulatórios. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) já previa turbulências na análise do negócio, especialmente em relação à concentração de slots em aeroportos estratégicos como Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ) .
Diante desse cenário, a fusão entre Azul e Gol está temporariamente suspensa, enquanto ambas as companhias focam em suas respectivas reestruturações financeiras. O desfecho dessas negociações dependerá do sucesso dos processos de recuperação judicial e da aprovação dos órgãos reguladores.