Pedro Menezes   |   14/05/2025 15:28
Atualizada em 14/05/2025 17:30

Azul segue focada na reestruturação e não discute entrada no Chapter 11

CEO também reconhece que há uma oportunidade com possível liberação de slots da Voepass em Congonhas

Guilherme Mion
Azul vê como fundamental a redução do custo de capital no Brasil e está avaliando diferentes instrumentos financeiros para alcançar esse objetivo
Azul vê como fundamental a redução do custo de capital no Brasil e está avaliando diferentes instrumentos financeiros para alcançar esse objetivo

A Azul Linhas Aéreas divulgou hoje os resultados financeiros e operacionais referentes ao primeiro trimestre de 2025, com destaque para uma receita operacional recorde e alta de 40% nas operações internacionais. A companhia segue focada no seu processo de reestruturação financeira, assunto que dominou a coletiva de imprensa para comentar justamente sobre os resultados do 1T25.

De acordo com John Rodgerson, CEO da Azul, a companhia segue em tratativas com credores para continuar reduzindo seu endividamento por meio da conversão de dívidas em equity, estratégia que já vem sendo aplicada com apoio de grandes fundos de investimento.

Por ora, o CEO descartou a entrada da Azul no Chapter 11 (processo de recuperação judicial nos Estados Unidos que Gol e Latam já entraram). “Não estamos discutindo isso. Temos resultados positivos, uma empresa muito sólida no mercado, conversas amigáveis com credores e sempre em busca de soluções sustentáveis", frisou John.

PANROTAS / Emerson Souza
John Rodgerson, CEO da Azul
John Rodgerson, CEO da Azul

Segundo o diretor financeiro da Azul Linhas Aéreas, Alexandre Malfitani, a capitalização via conversão de dívida por ações tem contado com a confiança dos investidores, que reconhecem o valor do modelo de negócio da Azul e sua capacidade de geração de caixa.

Em meio aos desafios enfrentados, a empresa reiterou que opera em um setor altamente dolarizado, o que torna o impacto cambial relevante. A desvalorização de 50% do real nos últimos anos aumentou o custo operacional. A Azul vê como fundamental a redução do custo de capital no Brasil e está avaliando diferentes instrumentos financeiros para alcançar esse objetivo, sem qualquer relação com investidores estrangeiros especificamente.

“Nosso foco é estruturar um colchão de liquidez que garanta nossa capacidade de atravessar os desafios do país, com uma empresa mais eficiente e com visão de longo prazo”

Alexandre Malfitani, diretor financeiro da Azul

Frota moderna cria desafios técnicos

PANROTAS / Emerson Souza
John Rodgerson, CEO da Azul
John Rodgerson, CEO da Azul

Apesar de contar com uma frota quase 100% composta por aeronaves novas, a Azul enfrentou problemas técnicos em modelos como o Airbus A320neo e o Embraer E2. Essas falhas impactaram a operação em 2024, obrigando a companhia a operar suas aeronaves disponíveis por mais horas diárias.

No entanto, a empresa afirma que tem observado melhorias significativas na confiabilidade da frota e está em negociações contínuas com os fabricantes e fornecedores de motores para buscar compensações. “Isso faz parte do dia a dia. Há cláusulas contratuais sobre disponibilidade de ativos que não estão sendo cumpridas. Estamos cobrando, e os fabricantes têm responsabilidade sobre isso”, pontuou John Rodgerson.

Liquidez e plano de longo prazo

A companhia ressaltou que a redução do caixa no primeiro trimestre já era esperada, refletindo principalmente pagamentos de dívidas e compromissos com arrendadores. Além disso, fatores sazonais como vendas antecipadas para o Carnaval explicam a diferença entre alta operação e menor geração imediata de caixa. O panorama muda, por exemplo, no segundo trimestre, quando as vendas avançam e a companhia acaba voando menos.

A Azul trabalha para reforçar sua liquidez, considerando inclusive a possibilidade de acesso a uma linha de crédito garantida pelo governo federal. A expectativa é que a medida, que utiliza o FGE (Fundo de Garantia à Exportação), contribua para a sustentabilidade das operações, especialmente na aquisição e manutenção de motores GE. O fundo já é utilizado no financiamento de aeronaves da Embraer.

Azul contrata profissionais da Voepass Linhas Aéreas

Divulgação/Guilherme Ramos
Azul vê oportunidade em mercados regionais, como operações com a Petrobras e em cidades estratégicas
Azul vê oportunidade em mercados regionais, como operações com a Petrobras e em cidades estratégicas

A suspensão das operações da Voepass Linhas Aéreas também virou pauta. Segundo John, a Azul se mostrou sensível com os impactos para o setor, mas reconheceu que há uma pequena oportunidade com a possível liberação de slots em Congonhas, bem como a chance de contratar os pilotos da companhia de Ribeirão Preto.

“Existe uma oportunidade, mas quero ser realista. Não é tão grande quanto parece. O mais importante é que já estamos contratando profissionais que estavam na empresa”, afirmou ele, que também confirmou que vê oportunidade em mercados regionais, como operações com a Petrobras e em cidades estratégicas.

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