Laura Enchioglo   |   04/06/2025 11:49

Limitações na política colocam produção de SAF em risco, diz Iata

Iata espera que a produção de combustível de aviação sustentável atinja dois milhões de toneladas em 2025


John McArthur/Unsplas
Maior parte do SAF vai para a Europa, onde os mandatos de SAF da União Europeia e do Reino Unido entraram em vigor em 1 de janeiro de 2025
Maior parte do SAF vai para a Europa, onde os mandatos de SAF da União Europeia e do Reino Unido entraram em vigor em 1 de janeiro de 2025

A Associação do Transporte Aéreo Internacional (Iata) anunciou que espera que a produção de combustível de aviação sustentável (SAF) atinja dois milhões de toneladas (Mt) (2,5 bilhões de litros), ou 0,7% do consumo total de combustível das empresas aéreas em 2025.

“Apesar de ser animador saber que a produção de SAF deve duplicar e atingir dois milhões de toneladas em 2025, isso representa apenas 0,7% do combustível utilizado pela aviação. E mesmo esse valor relativamente pequeno adicionará US$ 4,4 bilhões globalmente à conta de combustível. O ritmo do progresso no aumento da produção e no ganho de eficiência para reduzir custos tem que acelerar”

Willie Walsh, diretor geral da Iata

O problema dos mandatos de SAF

A maior parte do SAF está agora indo para a Europa, onde os mandatos de SAF da União Europeia e do Reino Unido entraram em vigor em 1 de janeiro de 2025. Porém, o custo do SAF para as empresas aéreas dobrou na Europa devido às taxas de conformidade cobradas pelos produtores ou fornecedores de SAF.

Para a quantidade esperada de um milhão de toneladas de SAF que será adquirida para cumprir os mandatos da UE em 2025, o custo esperado a preços de mercado atuais é de US$ 1,2 bilhões. Estima-se que as taxas de conformidade adicionem US$ 1,7 bilhões aos preços de mercado — um montante que poderia ter eliminado 3,5 milhões de toneladas de emissões de carbono. Em vez de promover o uso de SAF, esses mandatos de SAF da Europa deixaram o SAF cinco vezes mais caro que o combustível de aviação convencional.

“Isso destaca o problema da implementação de mandatos antes de existir condições de mercado suficientes e antes que sejam adotadas proteções contra práticas de mercado insensatas que elevam o custo da descarbonização. Aumentar o custo da transição energética, já estimado em impressionantes US$ 4,7 trilhões, não deve ser o objetivo nem o resultado das políticas de descarbonização. A Europa precisa perceber que sua abordagem não está funcionando e encontrar outra saída”

Willie Walsh, diretor geral da Iata

O papel da Iata no apoio ao desenvolvimento de um mercado global de SAF

Para apoiar o desenvolvimento de um mercado global de SAF, a IATA desenvolveu duas iniciativas:

  • O SAF registry, gerenciado pela Organização de Descarbonização da Aviação Civil (CADO), oferece um sistema transparente e padronizado para rastrear as compras e uso de SAF e as reduções de emissões associadas, em conformidade com regulamentações internacionais, como o Esquema de Compensação de Carbono da Aviação Internacional (CORSIA) e o Sistema de Comércio de Emissões da União Europeia.
  • O SAF Matchmaker, que facilitará a aquisição de SAF, conectando as solicitações de SAF das empresas aéreas às ofertas de fornecimento.

Ações urgentes dos governos

A Iata pede que os governos a se concentrarem em três áreas:

  • Criação de políticas mais eficazes. É necessário eliminar a desvantagem que os produtores de energia renovável enfrentam em relação às grandes petrolíferas para expandir a produção de energia renovável em geral, e a produção de SAF em particular. Isso inclui a alocação de parte do US$ 1 trilhão em subsídios que os governos globalmente concedem aos combustíveis fósseis.
  • Desenvolvimento de uma abordagem abrangente para a política energética que inclua o SAF. Primeiro, o avanço da produção de SAF exige um aumento na produção de energia renovável da qual o SAF é derivado. Em segundo lugar, isso também requer políticas que garantam ao SAF uma parcela adequada da produção de energia renovável. Uma abordagem holística deve apoiar o uso conjunto da infraestrutura, a coprodução e outras medidas que beneficiem a transição energética da aviação e de todos os outros setores da economia.
  • Garantia do sucesso do CORSIA como o único mecanismo baseado no mercado para lidar com as emissões de CO2 da aviação internacional. A Iata pede aos governos que disponibilizem Unidades de Emissões Elegíveis (UEEs, na sigla em inglês) às empresas aéreas. Até o momento, a Guiana é o único estado que disponibilizou seus créditos de carbono para as empresas aéreas comprarem e usarem em suas obrigações com o CORSIA.

Foco na Índia

A Índia, uma das economias emergentes no cenário mundial atual, é a terceira maior consumidora de petróleo, depois dos Estados Unidos e da China. A Índia lançou a Global Biofuels Alliance para posicionar os biocombustíveis como essenciais para a transição energética e o crescimento econômico.

Isso inclui uma meta de mistura de 2% de SAF em voos internacionais até 2028, com políticas facilitadoras que incluem preços garantidos, apoio de capital para novos projetos e normas técnicas. A Iata vai trabalhar com a Indian Sugar & Bio-Energy Manufacturers Association (ISMA) e a Praj Industries Limited para fornecer orientação sobre as melhores práticas globais para a avaliação do ciclo de vida do uso de matérias-primas no país.

Para a Iata, como o terceiro maior mercado global de aviação civil, a Índia pode fortalecer sua liderança em biocombustíveis com a adoção acelerada de SAF por meio de políticas progressivas.

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