Aviação global caminha para lucro recorde de US$ 36 bilhões em 2025
A Iata estima ainda que a receita de passageiros alcance US$ 693 bilhões neste ano, alta de 1,6%

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) divulgou nesta segunda-feira (2) sua atualização para o panorama financeiro da indústria aérea em 2025, revelando maior lucratividade em relação a 2024, apesar das incertezas econômicas e geopolíticas globais.
De acordo com a Iata, o setor aéreo deverá atingir um lucro líquido de US$ 36 bilhões em 2025 — valor superior aos US$ 32,4 bilhões obtidos em 2024, embora um pouco abaixo da estimativa anterior de US$ 36,6 bilhões de dezembro do ano passado. A margem de lucro líquido esperada é de 3,7%, frente aos 3,4% de 2024.
“Apesar das incertezas que marcaram o primeiro semestre de 2025, o setor aéreo segue demonstrando resiliência. A redução no preço do combustível de aviação é o principal fator positivo, com queda de 13% em relação a 2024”, afirmou Willie Walsh, diretor-geral da Iata.
A Iata estima ainda que a receita de passageiros alcance US$ 693 bilhões em 2025 (+1,6%), enquanto a receita com serviços auxiliares, como venda de bagagens, assentos premium e comissões, deverá chegar a US$ 144 bilhões, representando um salto de 6,7% sobre 2024.
Principais Indicadores para 2025
- Lucro líquido: US$ 36 bilhões (+11% em relação a 2024)
- Margem de lucro líquido: 3,7% (acima dos 3,4% de 2024)
- Retorno sobre capital investido (ROIC): 6,7% (ligeiramente acima dos 6,6% de 2024)
- Lucro operacional: US$ 66,0 bilhões (contra US$ 61,9 bi em 2024)
- Receita total: US$ 979 bilhões (recorde histórico, +1,3% sobre 2024)
- Despesas totais: US$ 913 bilhões (+1,0%)
- Passageiros transportados: 4,99 bilhões (+4%, novo recorde)
- Carga aérea: 69 milhões de toneladas (+0,6%)
Apesar dos avanços, os números estão um pouco abaixo das projeções anteriores da Iata. A expectativa, por exemplo, era ultrapassar US$ 1 trilhão em receitas e transportar 5,22 bilhões de passageiros em 2025.
Viagens acessíveis e concorrência acirrada
Os preços das passagens continuarão caindo, graças à redução no custo do combustível e à forte concorrência. A Iata projeta uma queda de 4% nos yields (rendimentos por passageiro), com a tarifa média real esperada em US$ 374 — valor 40% inferior aos níveis de 2014.
Além disso, o número médio de passageiros por voo deverá crescer, com a taxa de ocupação média (load factor) atingindo 84%, o maior nível já registrado, refletindo ganhos de eficiência diante das dificuldades de expansão e modernização da frota, afetadas por gargalos na cadeia de suprimentos do setor aeroespacial.
Segundo uma pesquisa da Iata realizada em abril de 2025:
- 40% dos entrevistados pretendem viajar mais nos próximos 12 meses do que no ano anterior;
- 53% planejam viajar a mesma quantidade e apenas 6% devem viajar menos;
- 47% devem gastar mais com viagens, enquanto 45% manterão o mesmo nível de gastos.
- Mesmo com 85% dos entrevistados esperando impacto das tensões comerciais em suas economias e 73% se dizendo pessoalmente afetados, 68% dos viajantes corporativos disseram que continuarão viajando para visitar clientes, e 65% afirmaram que as tensões comerciais não afetarão seus hábitos de viagem.
Walsh lembra que, apesar do lucro bilionário, a margem por passageiro ainda é muito estreita. “Um lucro de US$ 36 bilhões é expressivo. Mas isso representa apenas US$ 7,20 por passageiro por trecho. Qualquer nova taxa, choque de demanda ou regulação onerosa pode comprometer essa margem. E governos devem lembrar que a aviação sustenta 86,5 milhões de empregos e 3,9% da economia global. O setor continua sensível a custos adicionais”, concluiu Walsh, diretor geral da Iata.