Artur Luiz Andrade   |   31/07/2025 17:52

VP da Lufthansa fala dos novos produtos e futuros investimentos no Brasil

Dirk Janzen esteve na GBTA Convention, em Denver, e mostrou a nova suíte da Primeira Classe

PANROTAS / Artur Luiz Andrade
Dirk Janzen, vice-presidente de Vendas para as Américas, com ajuda de uma comissária Lufthansa, mostra a nova suíte da Primeira Classe
Dirk Janzen, vice-presidente de Vendas para as Américas, com ajuda de uma comissária Lufthansa, mostra a nova suíte da Primeira Classe

A Lufthansa esteve presente na GBTA Convention, em Denver, em um estande compartilhado com a americana United Airlines, a canadense Air Canada e a japonesa All Nippon Airways (Ana). A empresa alemã apresentou sua nova primeira classe, uma suíte para até duas pessoas e que terá uma unidade nos aviões que fazem rotas internacionais. A cabine da primeira classe terá ainda as suítes individuais, nas janelas. Já há dez aeronaves com o produto em operação, segundo Dirk Janzen, vice-presidente de Vendas para as Américas.

Janzen falou com a PANROTAS sobre o novo produto e os planos da Lufthansa com relação ao Brasil, entre outros temas. Anunciou que o voo São Paulo-Munique volta no final de outubro e que novos investimentos, desejáveis, dependem da entrega de aviões novos, especialmente da Boeing, que estão bem atrasados.

PANROTAS / Artur Luiz Andrade
Nova suíte da Primeira Classe da Lufthansa: uma por aeronave
Nova suíte da Primeira Classe da Lufthansa: uma por aeronave

PANROTAS – Como está o feedback dos passageiros em relação aos produtos Allegris e agora à nova suíte da Primeira Classe?

DIRK JANZEN – O feedback tem sido muito positivo. As viagens como as conhecemos estão mudando. É tudo uma questão de personalização. E este é o próximo nível de conforto, especialmente no Atlântico Norte. Somos o produto líder nessas rotas.

PANROTAS – Em que rotas aqui nos EUA já temos os produtos Allegris?

JANZEN – San Diego, São Francisco, Chicago, Charlotte e Nova York. Mas estamos continuamente implementando. Esperamos concluir toda a transição de produtos nas aeronaves até 2028.

PANROTAS – Então em breve veremos esses produtos no Brasil.

JANZEN – Com certeza, definitivamente. São os A350 e os 787, os primeiros tipos de aeronave a ser remodelados e o último será o 747. Nós voamos com o 787 e o A350 para o Rio e São Paulo. Ainda não sei as datas, mas em algum momento chegaremos com a Allegris no Brasil.

PANROTAS – E há demanda para esses novos produtos, especialmente da executiva e primeira classe, no Brasil?

JANZEN – Sim, é importante observar que a Allegris é uma inovação em todas as classes. Na classe econômica, há telas maiores, um entretenimento totalmente novo e em tela plana. Temos na classe econômica premium com muito mais espaço e, na classe executiva, provavelmente a maior inovação é que temos cinco formatos de assentos diferentes.

PANROTAS – E os passageiros já se acostumaram a esse menu de assentos diferenciados na executiva da Lufthansa?

JANZEN – Temos uma alta demanda em nossa suíte da classe executiva. Também na classe executiva, temos uma suíte não tão grande quanto esta (da Primeira Classe), mas muito inovadora. Você também tem uma suíte fechada, seu próprio closet, um pequeno frigobar e controle individual do ar-condicionado. Há uma demanda muito boa para esse produto exclusivo e inovador. E o que mais gostamos é que, se você observar o NPS, se você observar o feedback sobre recompras depois de voar uma vez, temos níveis de satisfação muito altos. Nosso nível de satisfação está acima de 90%, o que está acima da nossa expectativa.

E sim, o feedback que recebemos é que estamos empolgando nossos clientes. Então, não poderíamos estar mais felizes.

PANROTAS – São produtos personalizáveis. O que mais faz sucesso entre as ofertas e possibilidades?

JANZEN – A suíte na classe executiva é a mais procurada. Por causa da privacidade. Por causa da privacidade. Porque você basicamente, quando fechar a porta, está por conta própria. E essa privacidade, em termos de capacidade de dormir e de controlar a própria temperatura do espaço, é, claro, um nível de conforto que muitos clientes apreciam. Mas o que quero dizer com personalização é que cada pessoa é diferente. Alguns não gostam porque é fechado. Eles querem um espaço mais aberto. Bem, nós temos. Alguns querem trabalhar o voo inteiro. Eles gostam do assento king size, que fica com espaço dos dois lados. Você tem mesas grandes, computador, lugar para papéis, e isso os atende. E nós temos a cama extra longa.

Se você tem mais de 1,88 m, 1,90 m, ou até 2,13 m, como nosso jogador de basquete Dirk Nowitzki, ele agora tem assento que se ajusta a ele, o que faz uma grande diferença.

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Dirk Janzen, vice-presidente de Vendas para as Américas da Lufthansa
Dirk Janzen, vice-presidente de Vendas para as Américas da Lufthansa

PANROTAS – Falando sobre o Brasil, como o mercado brasileiro está reagindo a todas essas notícias e a todos os novos voos, e agora vocês têm algumas novas parcerias na Europa, como com a Ita Airways.

JANZEN – O ótimo é que, depois que conversamos da última vez, em dezembro passado inauguramos a rota Munique-São Paulo. Estamos voltando agora no final de outubro e estamos felizes com o desenvolvimento que vimos. Estive no Brasil há algumas semanas, fui ao Rio de Janeiro e nos reunimos com parceiros da indústria, câmaras de comércio. No geral, temos uma boa impressão do desenvolvimento da demanda no Brasil. Obviamente, os números em si também são bastante sólidos. Se observarmos os números recordes de investimento estrangeiro direto, também há a percepção de que a América do Sul, especialmente o Brasil, pode se beneficiar de algumas das incertezas que vemos em outras partes do mundo, como um continente e um ambiente mais estáveis.

Assim, vemos que a América do Sul também está em nossa lista de áreas potenciais em que gostaríamos de crescer eventualmente. No momento, somos limitados em termos de quantas aeronaves estão disponíveis. Essa ainda é a grande limitação do setor. Precisamos receber nossas aeronaves. Há um atraso, especialmente do lado da Boeing com o 777, e também com os 787. Há algum progresso, mas ainda há um atraso. Assim que tivermos a aeronave, é claro que temos que ver qual plataforma temos, qual companhia aérea se encaixa melhor no caminho de crescimento na América do Sul.

PANROTAS – E como a ITA Airways entra nessa estratégia?

JANZEN – A ITA tem bastante sucesso na América do Sul, especialmente no Brasil. O Lufthansa Group adquiriu 41% das ações da ITA, então a maioria ainda está com o governo italiano, mas há um processo e um plano para eventualmente assumirmos 100%. E então, claro, sim, a ITA também desempenhará um papel (nessa estratégia), mas ainda não chegamos lá especificamente, mas esse é o processo que planejamos. Conseguir a aeronaves e, em seguida, decidir qual companhia aérea se encaixa melhor na expansão na América do Sul.

E então, é claro, há oportunidades obviamente no lado turístico, no norte do Brasil, destinos fantásticos, mas ainda é um processo longo a ser percorrido.

PANROTAS – Então vocês ainda não têm sinergias com a ITA em termos comerciais ou de pessoas?

JANZEN – No Atlântico Norte, precisamos de imunidade antitruste, esse é um processo que estamos aplicando. E na Europa, começamos a integrar partes dos times, temos os primeiros co-presidentes.

Integramos o programa de milhas, então já há benefícios para nossos clientes. Eles podem resgatar milhas uns nos outros. Então, esses são os primeiros passos. No Brasil, especificamente, estamos buscando trabalhar mais próximos, especialmente com nossos parceiros B2B. Mas ainda está no começo, porque também há muitos requisitos de TI, alinhamento de classes de reserva e sistemas de gestão de receitas, para que possamos ter o verdadeiro benefício para o cliente.

Mas é algo que já fizemos muitas vezes, com a Swiss, com a Austrian, com a Brussels. E nossa ambição com o ITA é ser a melhor e mais eficiente integração que temos.

PANROTAS – Falando sobre a América do Norte, com todas essas questões geopolíticas, como vocês veem a evolução do mercado nos próximos meses?

JANZEN – É uma pergunta importante. Em relação à demanda do nosso mercado, vemos uma demanda bastante estável. Tivemos um primeiro trimestre muito bom. A demanda dos EUA está bastante estável e boa, onde vemos um impacto é no fluxo vindo da Alemanha, há um impacto que tentamos compensar deste lado. Mas, no geral, o Atlântico Norte é muito forte, é o cerne do sucesso da Lufthansa e não vemos nada que possa mudar isso.



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