Azul projeta saída do Chapter 11 entre dezembro de 2025 e fevereiro de 2026
Plano preve uma mudança drástica na operação da Azul, com corte de 53 rotas com margens abaixo da média
A Azul S.A pretende concluir o processo de reestruturação judicial que corre nos Estados Unidos, sob o Chapter 11, entre dezembro de 2025 e fevereiro de 2026. A previsão está em documento institucional apresentado aos investidores recentemente e representa uma meta ambiciosa da companhia, que entrou com o pedido em maio deste ano diante de um endividamento de mais de US$ 6 bilhões.
O cronograma aponta ainda o mês de setembro como prazo estimado para a entrega do plano de reorganização e sua respectiva declaração de divulgação; outubro, para a audiência de divulgação; e dezembro para a audiência de confirmação. A expectativa é que, com a homologação judicial, a empresa possa retomar sua operação com estrutura de capital mais robusta e fluxo de caixa positivo já no ano que vem.
O plano preve uma mudança drástica na operação da Azul. A companhia eliminará 53 rotas com margens abaixo da média, sairá de 13 cidades e enxugará sua frota em mais de 35%. A capacidade total da empresa, por sua vez, será ajustada para crescer apenas 1,5% ao ano entre 2026 e 2027.
Segundo o documento, a nova malha será mais concentrada nos principais hubs e em mercados maduros, onde a rentabilidade é maior. A expectativa é que a taxa de ocupação suba para até 83%, reduzindo a dependência de conexões. A empresa também prevê aumento na receita auxiliar por passageiro e menor pressão cambial, com redução de exposição ao dólar e ao preço do querosene de aviação.
Eliminação de dívidas e capital novo
A saída do Chapter 11 envolve a eliminação de mais de US$ 2 bilhões em dívidas por meio de acordos com credores e conversão de passivos em ações (equitização), além da captação de até US$ 950 milhões em novo capital. Desses, US$ 650 milhões virão por meio de notas garantidas e até US$ 300 milhões poderão ser aportados por parceiros estratégicos, como United Airlines e American Airlines.
Desde o início do processo, a Azul já garantiu US$ 1,6 bilhão em financiamento DIP (Debtor-in-Possession), dos quais cerca de US$ 670 milhões foram destinados ao capital de giro. Esses recursos permitiram à companhia manter suas operações enquanto negocia com arrendadores e fornecedores.
Menos custo, mais lucro
Do lado das despesas, a Azul projeta economizar R$ 2 bilhões por ano até 2026 com ações como renegociação de contratos com fornecedores, revisão de benefícios e despesas operacionais, e maior controle sobre irregularidades. O acordo com a AerCap, um dos principais arrendadores da frota, deve gerar uma economia superior a US$ 1,1 bilhão, entre dívidas extintas e redução de obrigações futuras.
Além disso, a companhia projeta um EBITDAR ajustado de R$ 8 bilhões em 2026, com geração de fluxo de caixa livre alavancado de R$ 1,3 bilhão, mesmo sem antecipação de recebíveis a partir de meados do ano. O plano também prevê que a alavancagem líquida (dívida líquida sobre EBITDAR) caia para 2,0x até o fim de 2027, contra os mais de 5,0x estimados no início do processo.