Pedro Menezes   |   17/09/2025 10:21
Atualizada em 17/09/2025 10:34

Aéreas gastam com condenações judiciais o mesmo que faturam com despacho de bagagens

Condenações judiciais vão de ações de passageiros até causas trabalhistas, tributárias e ambientais

Divulgação/Aena Brasil
Cobranças de bagagens representam apenas 1,76%, exatamente o mesmo percentual do gasto com ações judiciais
Cobranças de bagagens representam apenas 1,76%, exatamente o mesmo percentual do gasto com ações judiciais

As companhias aéreas brasileiras gastaram cerca de R$ 330 milhões com condenações judiciais, o mesmo valor que arrecadaram com a cobrança de bagagens despachadas, durante o primeiro trimestre de 2025. O valor representa 1,87% dos custos totais das empresas no período, e evidencia o impacto financeiro das disputas judiciais no setor.

Os dados fazem parte do novo Painel de Demonstrações Contábeis lançado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Entre os principais dados apresentados, destaca-se o fato de que a venda de passagens aéreas responde por 88,29% da receita das companhias (R$ 16,59 bilhões), enquanto as cobranças de bagagens representam apenas 1,76%, exatamente o mesmo percentual do gasto com ações judiciais.

Para Rodrigo Alvim, advogado atuante na defesa do Direito do Passageiro Aéreo, o montante de R$ 330 milhões abrange mais de 50 companhias aéreas em operação no País e corresponde a pouco mais de 1% do faturamento total. No entanto, ele alerta que as condenações judiciais não se restringem a ações de passageiros, incluindo também causas trabalhistas, tributárias e ambientais.

“Embora a maior parte das ações tenha origem em falhas com passageiros, como atrasos, cancelamentos e extravio de bagagens, o valor gasto evidencia que as companhias tratam seus clientes mais como riscos jurídicos do que como consumidores que merecem atendimento de qualidade”

Rodrigo Alvim, advogado atuante na defesa do Direito do Passageiro Aéreo

Ao comparar com o cenário europeu, o especialista destaca que a Resolução 261 da União Europeia, que prevê compensações automáticas para passageiros em casos de problemas com voos, reduz a judicialização ao promover acordos extrajudiciais e padronizados. No Brasil, porém, os passageiros ainda enfrentam um sistema moroso e empresas relutantes em oferecer soluções rápidas.

De acordo com Rodrigo, a única forma de reduzir esses custos judiciais é melhorando a qualidade dos serviços prestados. "O problema não está apenas nos processos, mas na conduta das companhias, que em muitos casos optam por lidar com ações na Justiça em vez de evitar os conflitos desde a origem”, finalizou.

Quer receber notícias como essa, além das mais lidas da semana e a Revista PANROTAS gratuitamente?
Entre em nosso grupo de WhatsApp.

Tópicos relacionados

Foto de Pedro Menezes

Conteúdos por

Pedro Menezes

Pedro Menezes tem 3841 conteúdos publicados no Portal PANROTAS. Confira!

Sobre o autor

Natural do Rio de Janeiro, Pedro Menezes é bacharel em Comunicação Social/Jornalismo e atua há 12 anos na imprensa especializada em Turismo. Atualmente, é editor do maior portal brasileiro voltado a profissionais do setor, com base em São Paulo. O jornalista tem experiência em cobertura nacional e internacional de feiras, congressos e eventos, além de pautas de política e economia ligadas ao Turismo.