Aviação regional encolhe após suspensão das operações da Voepass
Mercado ficou concentrado na Azul Conecta, que reduziu operações em várias cidades

Aproximadamente seis meses após a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) suspender as operações da Voepass, a aviação regional no Brasil perdeu espaço e ficou concentrada, principalmente, nos voos da Azul Conecta, braço regional da Azul.
Segundo relatório da própria Anac, em julho a Azul Conecta transportou 5,2 mil passageiros. No mesmo mês de 2024, a Voepass havia movimentado 99,4 mil passageiros em rotas que incluíam grandes e pequenos aeroportos. O resultado representa queda de 34,6% na comparação anual.
Entre janeiro e março deste ano, a Azul encerrou voos em 14 cidades, como Campos (RJ), Mossoró (RN), Três Lagoas (MS) e Ponta Grossa (PR). Em maio, a companhia entrou no processo de Chapter 11, equivalente à recuperação judicial nos Estados Unidos.
Desde julho, mais de 50 rotas vêm sendo ajustadas, com cortes de frequência ou suspensão. A empresa atribui a decisão ao aumento de custos, alta do dólar, disponibilidade de frota e à reestruturação em andamento.
Movimentos da Abaeté
Outra companhia regional, a Abaeté Linhas Aéreas, anunciou reforço na malha para a alta temporada, entre dezembro e fevereiro. Serão 460 voos, com 4,1 mil assentos, alta de 16% em relação ao período anterior.
A empresa opera apenas duas rotas, entre Salvador e os destinos turísticos de Morro de São Paulo e Boipeba. Segundo a Anac, transportou 556 passageiros em julho, um crescimento de 43% sobre o mesmo mês de 2024, embora ainda represente 0,006% do mercado doméstico.
De acordo com o CEO Héctor Hamada, em declarações dadas à Folha de São Paulo, a ampliação responde ao crescimento do turismo na Bahia e ao aumento da conectividade internacional em Salvador, impulsionada por voos como o Paris–Salvador, da Air France.
Governo lança programa de concessões
Em paralelo, o Ministério de Portos e Aeroportos lançou o AmpliAR, programa de concessões de aeroportos regionais. A primeira fase prevê a oferta de 19 terminais na Amazônia Legal e no Nordeste, regiões onde há déficit de infraestrutura.
As propostas devem ser abertas em novembro. Aeroportos sem interessados poderão ser reofertados em etapas futuras. O critério de escolha será o maior desconto em relação ao preço mínimo definido pelo Plano Aeroviário Nacional.
Para o especialista em aviação civil Adalberto Febeliano, também entrevistado pelo jornal paulista, a iniciativa é necessária, mas não suficiente para reverter a crise do setor. Ele lembra que a escassez de aeronaves de pequeno porte, tendência mundial, também limita a expansão.
Segundo Febeliano, uma forma de reduzir custos seria flexibilizar as exigências de segurança para companhias regionais, o que enfrenta resistência entre passageiros e autoridades.
Com informações da Folha de S.Paulo.