Relatório aponta que fadiga da tripulação pode ter contribuído para acidente da Voepass
Anac anunciou a cassação definitiva do Certificado de Operador Aéreo (COA) da Passaredo Transportes Aéreos

Um relatório parcial da Superintendência Regional do Trabalho de São Paulo apontou que a VoePass Linhas Aéreas não possuía um sistema eficaz de gerenciamento de fadiga da tripulação, fator que pode ter contribuído para o acidente fatal envolvendo a empresa. O documento, no qual a UOL obteve acesso, concluiu que a organização das escalas de trabalho reduzia o tempo de repouso necessário aos tripulantes.
Segundo a investigação, a companhia adotava a prática de “pré-anotação” dos horários de jornada, registrando entradas e saídas fixas em vez dos horários efetivamente cumpridos. A irregularidade, considerada infração ao artigo 74 da CLT, impedia o controle real das horas trabalhadas e de descanso.
A análise da rotina dos profissionais entre maio do ano passado e a data do acidente mostrou ainda que a Voepass não contabilizava como parte da jornada de trabalho o tempo gasto em deslocamento até o aeroporto, passagem pelo raio-X e acesso ao avião. Essa omissão teria levado à supressão de horas de descanso e sono, aumentando o risco de fadiga e comprometendo a capacidade de concentração e resposta imediata dos tripulantes.
Em junho, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) anunciou a cassação definitiva do Certificado de Operador Aéreo (COA) da Passaredo Transportes Aéreos. A medida foi tomada após a constatação de falhas graves e persistentes no Sistema de Análise e Supervisão Continuada (SASC) da companhia. A decisão é definitiva e não cabe mais recurso. Além da cassação, foram aplicadas sanções pecuniárias que somaram R$ 570,4 mil.