Karina Cedeño   |   21/08/2025 18:01
Atualizada em 21/08/2025 18:30

Crescimento do setor aéreo depende da inclusão da classe C, diz presidente da Abear

Juliano Norman falou sobre os desafios do setor e acredita que o Brasil chegará a 140 mi de pax em 2030


PANROTAS / Karina Cedeño
Juliano Norman, presidente da Abear
Juliano Norman, presidente da Abear

Durante o Salão Nacional de Turismo, realizado nesta semana em São Paulo, o presidente da Abear, Juliano Norman, falou sobre os desafios que o setor aéreo enfrenta no Brasil.

Ele destacou a necessidade de incluir a classe C nas viagens de avião, o que favorecerá o crescimento do setor. “A pandemia foi um reinício para o setor aéreo e, agora que isso foi superado, as empresas aéreas entraram todas no processo de reestruturação financeira, o que leva o mercado a um patamar de crescimento. O País vem crescendo no PIB e isso ajuda demais a demanda. Neste ano a gente bateu recorde de passageiros transportados. Foram mais de 60 milhões no primeiro semestre e tudo indica que serão mais de 120 milhões no final do ano”, comenta o presidente da Abear.

“Agora um novo ciclo pode acontecer e deve acontecer por meio da inclusão da classe C no transporte aéreo. Quando a gente olha para esse número de 120 milhões de passageiros, estamos falando de 10% a 15% da população. E quando olhamos os dados do IBGE, vemos que a classe A e B representam exatamente esses 15% da população, enquanto a classe C envolve mais de 100 milhões de brasileiros. Então, para que o setor aéreo entre em um novo ciclo de crescimento e chegue aos 200 milhões de passageiros, ele tem que, necessariamente, incluir o transporte aéreo dentro da cesta de consumo da classe C", comenta Norman.

Juliano Norman, presidente da Abear

Dentro desse contexto, ele ressalta que para o transporte aéreo dois fatores são importantes: preço e renda. "A agenda mais importante para nós é atacar custo, para que a gente consiga garantir essa inclusão e, consequentemente, um novo ciclo de desenvolvimento, de crescimento, de novas localidades atendidas, e aí poderemos tranquilamente chegar aos 200 milhões de passageiros, número que é um sonho do setor há muito tempo", destaca o presidente da Abear.

Principais pautas da Abear no momento

Juliano Norman conta que a Abear tem duas pautas prioritárias no momento: a primeira é incluir a classe C no transporte aéreo, como citado acima, mas isso esbarra na questão dos custos. "O combustível é o nosso maior item de custo, representando 36% dele. E o combustível tem uma peculiaridade nada agradável, que é a forma como ele é precificado, com o preço atrelado ao dólar, o que gera um vetor de instabilidade muito grande. A gente conversa muito sobre isso com o governo, tenta mostrar isso pra eles, que é o nosso maior item de custo".

A outra pauta é a judicialização. "A qual, neste ano, deve chegar a níveis recordes, superando R$ 1 bilhão. Isso não afeta só o setor aéreo, afeta outros setores também, virou um problema crônico no País".

Além dessas duas agendas, teve o IOF, que não estava previsto. "Muitos dos nossos custos são em dólar, com arrendamento de avião, manutenção de aeronave etc. A gente pagava 0,38% de IOF e agora paga 3,5%. Isso impacta diretamente nos custos".

Outra pauta importante para a Abear é a Reforma Tributária. "A simplificação tributária era mais do que importante, mas quando você olha para o setor aéreo, do jeito que ela foi aprovada, do jeito que ela está hoje, triplica a carga tributária do setor. Isso é uma conta que acaba seguindo para o passageiro", comenta Norman.

"A gente tem que olhar para o setor, e não só para quem já está nele, mas para quem poderia estar. Porque tem as duas facetas: o aumento de preço é para quem já está no setor. O novo destino, a nova localidade, a promoção é para quem não está, mas poderia estar. Eu acredito que o Brasil possa chegar em 2030 com 140 milhões de passageiros ao ano, tranquilamente. Basta acionarmos as alavancas certas", conclui o presidente da Abear.

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