Victor Fernandes   |   01/10/2021 14:49   |   Atualizada em 01/10/2021 14:53

Variante delta desacelera retomada da aviação em agosto

As ações dos governos em resposta à cepa da covid-19 afetaram as viagens domésticas

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Willie Walsh, diretor geral da Iata
Willie Walsh, diretor geral da Iata
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) anunciou que a recuperação das viagens aéreas desacelerou em agosto em relação a julho, pois as ações dos governos em resposta à variante delta da covid-19 afetaram consideravelmente a demanda de viagens domésticas.

Como as comparações entre os resultados mensais de 2021 e 2020 estão distorcidas devido ao impacto extraordinário da covid-19, a não ser que especificado de outra forma, todas as comparações são relacionadas a agosto de 2019, que seguiu um padrão de demanda normal.

  • A demanda total por viagens aéreas (medida em passageiro pagante-quilômetro ou RPKs) caiu 56% em agosto de 2021 em relação a agosto de 2019. Esse resultado representa uma desaceleração em relação a julho, que registrou queda de 53% versus julho de 2019.
  • Essa queda está totalmente relacionada aos mercados domésticos, que tiveram redução de 32,2% em relação a agosto de 2019, um declínio significativo em relação a julho de 2021, que registrou queda de 16,1% versus julho de 2019. O pior impacto foi na China. Índia e Rússia foram os únicos grandes mercados com resultados melhores em relação a julho de 2021.
  • A demanda por viagens internacionais em agosto de 2021 foi 68,8% menor que em agosto de 2019, representando um avanço em relação à queda de 73,1% registrada em julho. Todas as regiões apresentaram resultados melhores, atribuídos ao aumento das taxas de vacinação e relaxamento das restrições de viagens internacionais em algumas regiões.

"Os resultados de agosto refletem o impacto das preocupações com a variante delta nas viagens domésticas, mesmo com a recuperação total das viagens internacionais em ritmo muito lento, situação que só vai mudar quando os governos voltarem a garantir a liberdade de viajar. Nesse sentido, o recente anúncio dos Estados Unidos de suspender as restrições de viagem a partir do início de novembro para viajantes totalmente vacinados é uma notícia muito boa e trará certeza a um mercado importante. Mas os desafios continuam, as reservas de voos feitas em setembro indicam uma deterioração na recuperação internacional. Essa é uma má notícia e estamos seguindo para o quarto trimestre do ano, que tradicionalmente é mais lento", afirmou o diretor geral da entidade, Willie Walsh.

MERCADOS INTERNACIONAIS


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As companhias aéreas da Europa relataram queda de 55,9% no tráfego internacional de agosto de 2021 em relação a agosto de 2019, um avanço significativo em relação à queda de 63,2% relatada em julho de 2021 versus julho de 2019. A capacidade caiu 45% e a taxa de ocupação caiu 17,7 pontos percentuais, atingindo 71,5%.

As aéreas da região Ásia-Pacífico apresentaram queda de 93,4% no tráfego internacional de agosto de 2021 em comparação a agosto de 2019, um pequeno avanço em relação à queda de 94,5% registrada em julho de 2021 versus julho de 2019, já que a região continua a ter as mais rigorosas medidas de controle de fronteira na região. A capacidade encolheu 85,7% e a taxa de ocupação caiu 44,9 pontos percentuais, atingindo 37,9%, o menor entre as regiões.

As transportadoras do Oriente Médio apresentaram queda de 69,3% na demanda de agosto de 2021 versus agosto de 2019, um avanço em relação à queda de 73,6% registrada em julho de 2021 versus julho de 2019. A capacidade caiu 55,0% e a taxa de ocupação diminuiu 26,2 pontos percentuais, atingindo 56,2%.

As empresas aéreas da América do Norte apresentaram queda de 59% na demanda de agosto de 2021 em comparação com o mesmo mês de 2019, um avanço em relação à queda de 61,7% em julho de 2021 versus julho de 2019. A capacidade despencou 48,5% e a taxa de ocupação caiu 18 pontos percentuais, atingindo 70,3%.

As companhias aéreas da América Latina apresentaram queda de 63,1% no tráfego de agosto em comparação com o mesmo mês de 2019, um avanço em relação à queda de 68,3% registrada em julho de 2021 versus julho de 2019. A capacidade caiu 57,3% e a taxa de ocupação diminuiu 11,4 pontos percentuais, atingindo 72,6 pontos percentuais, que foi a maior taxa de ocupação entre as regiões pelo 11º mês consecutivo.

As aéreas da África apresentaram queda de 58,5% em agosto de 2021 em relação ao mesmo mês de 2019, uma melhoria em relação à queda de 60,4% relatada em julho de 2021 versus julho de 2019. A capacidade diminuiu 50,1% e a taxa de ocupação caiu 12,7 pontos percentuais, atingindo 63%.

MERCADOS DOMÉSTICOS

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O tráfego doméstico da China caiu 57% em relação a agosto de 2019 – um forte declínio em relação à queda de 2,5% registrada em julho. No entanto, o número geral de casos de infecção foi baixo e os surtos estavam sob controle no final de agosto, sugerindo que os números vão melhorar em setembro.

O tráfego doméstico da Índia inverteu a tendência de alta, pois a demanda caiu 44,8% em agosto, mas melhorou em relação à queda de 58,9% registrada em julho de 2021 versus julho de 2019, devido às tendências positivas de novos casos de infecção e taxas de vacinação.

RESUMINDO

"A rápida desaceleração da recuperação do tráfego doméstico em agosto, devido a um pico da variante delta, mostra como as viagens aéreas continuam expostas aos ciclos da covid-19. Para os governos, aqui vão duas mensagens: a primeira é que este não é o momento de abandonar o apoio contínuo ao setor da aviação, tanto financeiro quanto regulatório. A segunda é sobre a necessidade de adotar uma abordagem baseada no risco para gerenciar as fronteiras, assim como os passageiros já estão fazendo ao tomar suas decisões de viajar", disse Walsh.

Veja a análise completa dos mercados de transporte aéreo de passageiros de agosto de 2021.

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