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Victor Fernandes   |   14/12/2021 15:52   |   Atualizada em 14/12/2021 16:15

Iata prevê recuperação da aviação global para 2023

Entidade espera que o número de passageiros globais ultrapasse os números de 2019 em 2023

Antonio Maciel
Peter Cerdá, VP regional da Iata para as Américas
Peter Cerdá, VP regional da Iata para as Américas
Hoje (14), a Iata realizou uma coletiva de imprensa para o Brasil com Peter Cerdá, VP regional da Iata para as Américas, e Dany Oliveira, diretor-geral da entidade no Brasil. Durante a conversa, os executivos fizeram projeções de recuperação para a aviação brasileira, reforço da necessidade de simplificação das restrições de viagens internacionais, principalmente aquelas impostas em resposta à variante ômicron, e analisou os principais problemas para a indústria atualmente.

Cerdá iniciou a conversa abordando a pandemia de covid-19 e seu impacto na aviação. "Vínhamos em uma crescente, mas só basta uma nova variante para retomar restrições e desacelerar a retomada da aviação. Ainda assim, esperamos que as aéreas reduzam suas perdas financeiras em 2022 e que governos retirem restrições colocadas devido a variante, priorizando restrições baseadas em dados reais de contaminação", afirmou.

Apesar do cuidado em abordar o futuro, Cerdá compartilhou o otimismo da Iata com a manutenção da "necessidade e desejo" de viajar das pessoas a partir da reabertura das fronteiras, citando como exemplo o México, que nunca fechou suas fronteiras e já apresenta números superiores a 2019. A Iata espera que o número de passageiros globais ultrapasse os números de 2019 em 2023, já que 52% foi recuperado este ano e a associação espera que 88% dos níveis de passageiros seja recuperado em 2022.

O VP regional da Iata para as Américas também citou os principais desafios da aviação global a serem endereçados nos próximos anos: evitar aumentos de taxas, impostos e preços de bilhetes; seguir melhores práticas globais na proteção do consumidor; e incentivar o desenvolvimento de uma aviação com políticas de combustíveis sustentáveis (SAF).

BRASIL


PANROTAS / Jhonatan Soares
Dany Oliveira, diretor-geral da Iata no Brasil
Dany Oliveira, diretor-geral da Iata no Brasil

Na sequência, Dany Oliveira, diretor-geral da Iata no Brasil, abordou o panorama da aviação no País, que apresentou queda de 49% na demanda doméstica e de 71% na internacional em 2020. A recuperação da demanda total no Brasil, inclusive, depende da retomada do internacional e sua conectividade aérea, ou seja, a recuperação dos níveis de 2019, só acontecerá em 2023 com a prevista retomada do internacional.

A associação confirma que o Brasil vai atingir níveis pré-pandemia do mercado doméstico já no início de 2022. No entanto, o mercado internacional mostra uma longa recuperação pela frente com aumento de 166% na demanda de passageiro em outubro deste ano comparado ao mesmo mês de 2020, mas ainda 67% abaixo dos níveis pré-pandemia, em outubro de 2019.

Além disso, a conectividade aérea internacional do Brasil está em baixa, só ganhando da Argentina na América do Sul, assim dependendo da colaboração e harmonização entre governo e indústria com simplificação de regras para retomar a conectividade, de acordo com Dany Oliveira. Atualmente, o Brasil já recuperou cerca de 90% da conectividade aérea doméstica comparada a 2019, mas apenas cerca de 50% da conectividade internacional foi recuperada.

Divulgação

Oliveira também abordou o futuro da aviação nacional, projetando crescer entre 4 e 5 vezes os números de 2019 nos próximos 20 anos, chegando a 476 milhões de passageiros, o que representa duas viagens per capita, número que grandes mercados já fazem, "mostrando nosso grande potencial", defendeu o executivo.

No entanto, o "Brasil não pode achar normal ser campeão mundial de judicialização e ter um dos maiores preços de combustível do mundo. Precisamos resolver problemas estruturais o mais breve possível. O Brasil precisa aproveitar a oportunidade única deste período de retomada para eliminar as âncoras que não nos deixam crescer como deveríamos", afirmou.

PROBLEMAS DA AVIAÇÃO NACIONAL

Entre os principais problemas do Brasil, foram citados o preço do combustível, a desvalorização cambial e, em viagens internacionais, as complexas e diferentes regras sanitárias. Outro problema citado foi o excesso de judicialização, sendo que o Brasil também lidera em número de ações propostas contra companhias aéreas envolvendo principalmente atrasos e cancelamentos de voos.

Visando abordar o assunto, Ricardo Bernardi, especialista em direito aeronáutico e consultor jurídico da Iata no Brasil, foi convidado para abordar as causas e soluções para esse excesso de judicialzação no País. Confira abaixo.

CAUSAS
  • Negativa de vigência aos princípios e normas previstos nos tratados internacionais sobre responsabilidade civil do transportador aéreo (atualmente, a Convenção de Montreal);
  • Concessão de indenizações por danos morais, com características pedagógicas ou punitivas e independente da efetiva demonstração do dano.

SOLUÇÕES
  • Aplicação integral da Convenção de Montreal;
  • Entendimento das causas de atrasos e cancelamentos de voo: o primado da segurança do voo;
  • Reavaliação do conceito do dano moral – Lei 14.034/20;
  • Combater atuação de empresas fomentadoras de litígios e não incentivá-las.

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