Brasil é o 5º maior mercado aéreo doméstico, mas capacidade segue estagnada; saiba como
Estudo da OAG sugere que ainda pode haver espaço para crescimento das viagens aéreas dentro do País

O Brasil é hoje o quinto maior mercado de aviação doméstica do mundo. Agora em julho, por exemplo, o setor bateu recorde com 11,6 milhões de passageiros transportados. Apesar disso, a quantidade de assentos ofertados permanece 9% abaixo do pico de 2015, indicando crescimento limitado na última década. O que explica isso?
Um levantamento feito pela OAG analisou o mercado aéreo brasileiro e revelou os fatores que levaram a essa estagnação. Segundo o estudo, naquele ano de 2015 a capacidade aérea doméstica atingiu 261,4 milhões, o ponto mais alto no período de 2015-2024. O número equivalente em 2024 foi de 238 milhões. Essa falta de crescimento sugere vários fatores:
- O mercado de serviços aéreos está maduro;
- O crescimento econômico do Brasil é lento e
- Possivelmente, as barreiras de entrada para novas companhias aéreas estimularem o crescimento são significativamente altas.

Com uma população de 212 milhões e uma propensão estimada a voar de 0,5, isso sugere que ainda pode haver espaço para crescimento das viagens aéreas dentro do Brasil. Podemos comparar com os EUA, que têm 330 milhões de habitantes e uma propensão a voar superior a 2,5.
Entretanto, a economia norte-americana é muito mais forte, com um PIB per capita típico de US$ 85 mil, cerca de oito vezes maior que os US$ 10 mil per capita do Brasil. Um ponto de comparação mais próximo pode ser o México, onde a propensão a voar entre a população de 131 milhões é de 0,8.
Segundo o estudo, em 2025 a capacidade deve crescer em relação ao ano anterior, mas ainda pode não superar o ponto mais alto já registrado.
Como está distribuída a capacidade no mercado doméstico brasileiro?
O estudo mostra que a capacidade aérea está distribuída de forma equilibrada entre as três companhias aéreas:
- A Latam tem a maior participação, com 38% dos assentos; ampliando sua posição em relação ao ano passado, quando tinha 36%;
- A Gol ocupa o segundo lugar, com 32% dos assentos;
- Enquanto a Azul responde pelos 30% restantes.

A presença de três grandes players no mercado doméstico criou dinâmicas interessantes em algumas das rotas mais movimentadas do Brasil. A rota mais movimentada é São Paulo/Congonhas (CGH) – Rio de Janeiro/Santos Dumont (SDU), que em julho teve em média 51 voos decolando por dia.
Essa rota possui a segunda maior frequência diária entre os trajetos domésticos mais movimentados dos maiores mercados do mundo. Apenas a rota Tóquio/Haneda (HND) – Chitose (CTS) no Japão é maior, com média de 55 voos diários em julho.

A rota doméstica mais movimentada do Brasil supera a frequência diária das rotas mais movimentadas dos Estados Unidos, da China e da Índia:
- Nos EUA, a rota mais movimentada em julho foi Nova York/La Guardia (LGA) – Chicago/O’Hare (ORD), com apenas 33 voos diários;
- Na China, a rota mais movimentada foi Xangai (SHA) – Shenzhen (SZX), com média de 41 voos diários;
- Na Índia, a principal rota doméstica foi Delhi (DEL) – Mumbai (BOM), com 48 voos diários, a única que chega próxima à frequência do Brasil.
Azul no Chapter 11 pode levar à redução em algumas das rotas domésticas?
Com a Azul entrando recentemente com pedido de recuperação judicial no Capítulo 11, sua malha doméstica pode passar por revisão. Até agora, no entanto, as operações permanecem intactas. Isso poderia levar a uma redução em algumas das rotas domésticas de alta frequência no futuro próximo?
De acordo com o estudo da OAG, isso parece improvável. O mercado aéreo brasileiro já está acostumado a níveis de serviço quase sob demanda, e qualquer redução significativa na frequência representaria uma grande mudança nas expectativas dos passageiros e na dinâmica competitiva.