Laura Enchioglo   |   18/09/2025 15:44

Iata destaca desafios e solução para o setor de aviação; confira

De sustentabilidade à eficiência, entidade destaca a importância dos estados adotarem medidas favoráveis


John McArthur/Unsplas
Associação de Transporte Aéreo Internacional presenta nove prioridades globais para a aviação
Associação de Transporte Aéreo Internacional presenta nove prioridades globais para a aviação

A Associação de Transporte Aéreo Internacional (Iata) apresenta nove prioridades globais para a aviação. De sustentabilidade à eficiência, a entidade destaca a importância dos mercados adotarem medidas favoráveis ao setor.

Confira detalhes abaixo:

1 - Produção de SAF

As metas de uso de SAF estabelecidas pela Conferência da ICAO sobre Aviação e Combustíveis Alternativos (CAAF/3) devem ser revisadas pelos estados para levar em consideração as consequências de aumento de preços decorrentes da definição de mandatos sem o aumento previsto na produção de SAF

  • A Iata solicita aos estados que:
    • Apoiem os esforços da Iata para criar um mercado funcional de SAF;
    • Intensifiquem os incentivos econômicos para produtores de combustível voltados à produção de SAF;
    • Realizem intervenções políticas em tempo hábil para corrigir anomalias.


2 - CORSIA (Esquema de Compensação e Redução de Carbono para a Aviação Internacional)

O CORSIA foi acordado pelos estados na 39ª Assembleia da ICAO (2016) como a única medida econômica para tratar das emissões globais de carbono da aviação. Espera-se que o CORSIA gere até US$ 17 bilhões em financiamento climático até 2035.

No entanto, os estados continuam a criar ou aumentar impostos e esquemas (nacionais e regionais) sobre a aviação que comprometem a credibilidade do CORSIA e que pouco ou nada contribuem para promover a sustentabilidade. Além disso, apenas a Guiana emitiu Unidades de Emissões Elegíveis do CORSIA (EEUs), que geram financiamento climático e permitem que as companhias aéreas cumpram suas obrigações junto ao CORSIA.

  • A Iata pede aos estados que:
    • Reafirmem seu compromisso em tornar o CORSIA um sucesso como a única medida econômica para gerenciar o impacto climático da aviação;
    • Disponibilizem Unidades de Emissões Elegíveis do CORSIA (EEUs) suficientes para que as companhias aéreas possam cumprir suas obrigações junto ao CORSIA.


3 - Revisões na tributação da aviação

Uma revisão do Artigo 8 do Modelo de Convenção Tributária da ONU cria uma opção para basear o imposto de uma companhia aérea no local onde a receita é gerada (baseada na fonte), além do sistema tradicional (e quase universalmente aplicado) de tributação na jurisdição de sua sede principal (baseada na residência). Se escolhida, a tributação baseada na fonte geraria uma enorme carga administrativa adicional, sem aumento de arrecadação tributária, a menos que resulte em dupla tributação. Também exigiria o ajuste de quase todos os acordos bilaterais de serviços aéreos, que seguem a tributação baseada na residência.

  • A Iata solicita aos estados que:
    • Ignorem as revisões do Artigo 8 e continuem com a tributação baseada na residência para as companhias aéreas.


4 - Proteção ao consumidor

Nos últimos anos, vários governos têm considerado e implementado regulamentações de proteção ao consumidor para passageiros aéreos. Em muitos casos, essas regulamentações se desviaram dos Princípios Básicos da ICAO sobre Proteção ao Consumidor, que incentivam o alinhamento com padrões globais (como a Convenção de Montreal de 1999), respeitam a proporcionalidade e levam em conta circunstâncias excepcionais de grandes interrupções.

Como resultado, temos um emaranhado de regulamentações que entram em conflito entre si e confundem os passageiros. Além disso, embora as interrupções tenham diversas origens, não há responsabilidade compartilhada pelos transtornos aos viajantes, e as companhias aéreas arcam com o peso das regulamentações cada vez mais onerosas.

  • A Iata pede aos estados que:
    • Reafirmem seu compromisso com os Princípios Básicos da ICAO e alinhem as regulamentações de acordo;
    • Desenvolvam orientações suplementares para alinhar globalmente as definições de circunstâncias extraordinárias, atenuem discrepâncias entre jurisdições, compartilhem a responsabilidade entre os envolvidos e considerem os desafios específicos de grandes interrupções.


5 - Radio Frequency Spectrum

À medida que o setor de telecomunicações implanta serviços 5G e, eventualmente, 6G, há uma demanda por maiores alocações do espectro de radiofrequência. A aviação necessita do espectro para diversos fins, incluindo a faixa crítica de 4,2-4,4 GHz para altímetros de rádio.

Algumas configurações de implantação do 5G (principalmente nos EUA, Austrália e Canadá) criaram riscos inaceitáveis à segurança da aviação nas proximidades de aeroportos, exigindo medidas de mitigação (reconfiguração das antenas 5G enquanto as companhias aéreas adaptam seus aviônicos à prova de interferência). Devido a desafios na cadeia de suprimentos e ao tempo necessário para desenvolver e testar padrões globais, os prazos para essas adaptações não serão cumpridos.

  • A Iata solicita aos estados que:
    • Protejam as frequências críticas para a segurança utilizadas pela aviação contra interferências;
    • Fortaleçam a coordenação entre reguladores de telecomunicações e aviação para garantir a segurança do voo, seguir as melhores práticas de implementações bem-sucedidas e estabelecer prazos realistas para quaisquer adaptações.


6 - Investigações de acidentes

O Anexo 13 da ICAO exige que os estados apresentem um relatório final de acidente dentro de um ano após a ocorrência do acidente. Quando isso não é possível, devem ser publicadas atualizações. Infelizmente, apenas 57% dos acidentes ocorridos entre 2018 e 2023 possuem relatório final de acidente disponível publicamente. Isso priva a aviação de uma fonte vital de informações de segurança.

  • A Iata pede aos estados que:
    • Concluam os relatórios de acidentes em conformidade com os requisitos do Anexo 13 e em tempo hábil.
    • Apoiem o desenvolvimento de recursos para os estados que possuem recursos insuficientes para investigação de acidentes.


7 - Interferência em GNSS

Pixabay
Companhias aéreas dependem de serviços baseados em GNSS para navegação segura
Companhias aéreas dependem de serviços baseados em GNSS para navegação segura

As companhias aéreas dependem de serviços baseados em GNSS para navegação segura. Incidentes de bloqueio e falsificação de GNSS estão aumentando em áreas próximas a zonas de conflito. Embora existam redundâncias para preservar a segurança dos voos, este é um risco inaceitável que deve ser mitigado.

  • A Iata solicita aos estados que:
    • Assegurem melhor coordenação entre autoridades militares e de aviação civil para fornecer às companhias aéreas informações oportunas sobre riscos;
    • Apoiem uma abordagem multifacetada para mitigar riscos, incluindo melhor reporte/detecção, medidas para proteger frequências críticas da aviação, desenvolvimento de aviônicos à prova de interferência e estratégia de fortalecimento cibernético, planejamento de contingência e treinamento (para pilotos e controladores de tráfego aéreo).


8 - Mandatos para aeronaves

Os Padrões e Práticas Recomendadas da ICAO (SARPs) estabelecem a estrutura global para a segurança da aviação. Os mandatos para aeronaves são os requisitos práticos, como a instalação de novos sistemas, que decorrem desses SARPs uma vez adotados pelos reguladores. O ciclo atual de “Adotado–Efetivo–Aplicável” é longo e vulnerável a atrasos na certificação, restrições na cadeia de suprimentos e interrupções globais. Esses desafios levam a isenções e diferenças nacionais, comprometendo a harmonização e atrasando os benefícios de segurança.

  • A Iata solicita aos estados que:
    • Reconheçam que as companhias aéreas detêm a responsabilidade final de conformidade e, portanto, são as mais expostas à variabilidade na cadeia de implementação;
    • Criem um mecanismo para definir datas de aplicabilidade realistas para os mandatos para aeronaves, com monitoramento ativo e flexibilidade para ajustar os prazos caso ocorram interrupções globais.


9 - Limites de idade para pilotos

De acordo com o Anexo 1 da ICAO (regras de licenciamento de pilotos), pilotos de companhias aéreas em operações internacionais com múltiplos pilotos devem se aposentar aos 65 anos. A Iata apoia elevar o limite para 67 anos, mantendo a salvaguarda existente de pelo menos um piloto abaixo de 65 anos no cockpit e combinando a mudança com supervisão médica mais rigorosa e padronizada. Isso reflete carreiras mais longas e saudáveis, mantendo as salvaguardas de segurança.

  • A Iata pede aos estados que:
    • Aprovem o aumento para 67 anos nas operações internacionais com múltiplos pilotos, mantendo a regra de “um abaixo de 65”, preservando a frequência médica existente (por exemplo, a cada seis meses para maiores de 60 anos) e sem alterar o limite para piloto único;
    • Estabeleçam um sistema padronizado de avaliação de risco médico e supervisão, utilizando um conjunto de dados comum que respeite a privacidade (por exemplo, ações em certificados médicos, motivos de aposentadoria/não renovação, eventos de incapacidade em voo) para monitorar de forma consistente os riscos relacionados à idade entre os Estados;
    • Emitam orientações conjuntas (médicas, de licenciamento e operacionais) para que a implementação seja uniforme, auditável e alinhada às melhores práticas de gestão de segurança.

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Sobre o autor

Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero, Laura Enchioglo é repórter na PANROTAS, onde entrou como estagiária em 2023. Tem experiência em assessoria de imprensa e na cobertura de economia e finanças.