Artur Luiz Andrade   |   22/07/2020 13:06
Atualizada em 22/07/2020 13:12

Viajantes estão confusos com "regras inconsistentes" na Europa

Diferença de protocolos e recomendações em países do Espaço Schengen pode atrasar volta do Turismo

Marcos Martins
Hotel da Accor em Berlim
Hotel da Accor em Berlim
O que o Brasil e os Estados Unidos vivenciam com diferentes regras contra a covid-19 em diferentes Estados, com noções de quarentena, isolamento e nomes de fases bem distintos entre as unidades da federação, a Europa tem vivido de forma mais aguda, pois cada país encara a pandemia de uma forma e cria suas regras. O Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês) e entidades como a Iata, de aviação, ou a OMT, têm batido na tecla de que é preciso ter um padrão único mundial para protocolos e regras de viagens, ou esse mapeamento ficará muito confuso para o viajante.

Para o WTTC, na Europa as regras de cada país precisariam ser mais consistentes, pois já há confusão na cabeça de viajantes e de quem se planeja para as viagens de final de ano. São diferentes tipos de regras e avisos, além de cada país estar saindo da pandemia em um estágio diferente.

O WTTC afirma que essa colcha de retalhos irregular de regras e restrições nas fronteiras dentro de um suposto unificado espaço Schengen é um inibidor do movimento de viagens entre fronteiras. E o Turismo é visto como um dos pilares da recuperação da economia europeia, ainda mais em pleno verão e com o outono ainda propício às viagens de férias.

Segundo levantamento do conselho, até mesmo regras básicas como o uso de máscara têm diferentes aplicações nos países do Espaço Schengen. Na França e na Alemanha, é obrigatório o uso de máscara em transporte público. Já na Suécia e Noruega não. Na Itália, máscaras devem ser usadas em todos os espaços públicos fechados. Mas na Suíça, só há uma recomendação (de uso), caso as pessoas não possam estar a 1,5 metro umas das outras. A recomendação médica, incluindo da Harvard T.H. Chan School of Public Health, é que o uso de máscara reduz o risco de transmissão em até 90%, protege os usuários e quem está ao seu redor e ajuda na restauração de uma sensação de normalidade, algo essencial nas viagens.

Divulgação/WTTC
Gloria Guevara Manzo, CEO do WTTC
Gloria Guevara Manzo, CEO do WTTC
COORDENAÇÃO URGENTE

O WTTC adverte que se os governos europeus não alinharem suas políticas em relação à covid-19, a recuperação será ainda mais lenta e trôpega, colocando em risco 16 milhões de empregos em Viagens e Turismo.

“Pedimos a todos os líderes europeus que se unam em benefício de milhões de pessoas que dependem desse setor na Europa; tanto viajantes quanto trabalhadores”, disse a presidente e CEO do WTTC, Gloria Guevara. “É urgente que os governos aprendam com o passado e tomem ações rápidas e efetivas para coordenar e harmonizar as regras de viagens e requerimentos nas fronteiras, para trazer consistência a todos ao redor da Europa. Crises anteriores, incluindo o crash financeiro de 2008, mostram que onde os governos puderam se coordenar para alinhar políticas, a recuperação foi bem mais rápida.”.

Ainda segundo Gloria Guevara, a indústria está encorajada vendo que mais viajantes estão pesquisando e planejando viagens para férias e feriados na Europa, seguindo o abrandamento das restrições de viagens. “Mas infelizmente, a falta de coordenação entre os países criou inconsistências que sugerem que falhamos em reconstruir a confiança de viajantes potenciais”, afirma.

“Quem viaja de um país europeu a outro encontra diferenças gritantes em avisos de viagem, uso de máscaras, testes e rastreamento do viajante, o que pode ameaçar o retorno do setor de Viagens e Turismo. Um clima de incertezas é a última coisa de que um viajante precisa.”.

O WTTC recomenda os protocolos Safe Travels desenvolvidos para cada segmento para levar clareza e apagar a confusão na cabeça dos consumidores. Segundo o WTTC, os países, para coordenar suas políticas, precisam considerar mais que apenas as taxas de mortalidade, mas também os índices de infecção, percentual de testes, rastreamento dos doentes e a estrutura do sistema de saúde para lidar com a doença. Além da adesão dos moradores aos protocolos.

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é editor-chefe da PANROTAS, jornalista formado pela UFRJ e especializado em Turismo há mais de 30 anos.