Fhoresp aponta retomada do setor nas próximas semanas após crise do metanol
Entidade propõem ações de combate, entre elas criação do Observatório Nacional do Mercado de Bebidas

A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) divulgou, nesta quinta-feira (22/10), análise sobre a crise no segmento em razão da adulteração de bebidas alcoólicas por adição de metanol. Via nota técnica, a entidade também propõe dez ações, entre elas a criação do Observatório Nacional do Mercado de Bebidas. Com a investigação por parte das autoridades fiscalizadoras e da Polícia Civil, especialmente em São Paulo, a entidade aposta na retomada do movimento nos estabelecimentos já dentro das próximas semanas.
O setor de Alojamento e de Alimentação Fora do Lar, que abarca bares e restaurantes - os mais afetados, no último mês, com a crise do metanol -, responde por significativa fatia da Economia brasileira. Segundo o Núcleo de Pesquisa e Estatística da Fhoresp, que tem à frente o economista Luis Carlos Burbano, a projeção de faturamento para este ano neste segmento no Brasil, mesmo com ligeira queda de fluxo em razão dos casos de intoxicação, está na casa dos R$ 668 bilhões - com crescimento de 7,1% no comparativo com 2024.
De acordo com Edson Pinto, diretor-executivo da Federação, entidade que representa mais de 500 mil estabelecimentos paulistas e 20 sindicatos patronais, a cooperação entre o setor e o governo paulista, por meio de fiscalização incisiva e regras mais rígidas, deve gerar mudança positiva no comércio e na circulação de bebidas:
“Desde o primeiro momento, a Fhoresp se colocou à disposição do Estado e do mercado e apresentou caminhos para combater as ilegalidades. Não de hoje, sabemos da gravidade e das consequências deste tipo de contaminação, sendo o nosso setor o maior interessado em chegar a uma solução. Na verdade, a adição de metanol é a parte mais visível de um problema estrutural grave. O Brasil tem muito a avançar no controle de bebidas”
Edson Pinto, diretor-executivo da Fhoresp
Observatório Nacional do Mercado de Bebidas
Entre as dez propostas elencadas na nota técnica da Federação para coibir as ilegalidades, tanto de destilados como de fermentados, está a criação do Observatório Nacional do Mercado de Bebidas. O gerenciamento do órgão seria feito pela própria Fhoresp, em conjunto com a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) e o Ministério do Meio Ambiente e Pecurária, e em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e universidades. O objetivo é o acompanhamento pari passu dos indicadores econômicos e sanitários do segmento.
A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares paulista também sugere a instituição de um Sistema Nacional de Rastreabilidade e Controle de Bebidas; e a implementação de logística reversa das garrafas (para que os vasilhames vazios não sejam reutilizados na rede de pirataria. Leia a nota técnica aqui.
Retomada
Os casos envolvendo a adulteração de bebidas impactaram o movimento em bares e casas noturnas em cerca de 26%, entre o fim de setembro e o início de outubro, só no estado de São Paulo. Para a Fhoresp, com o avanço das investigações da Polícia Civil e a desarticulação de esquemas de distribuição de alcoólicos adulterados, o consumidor deve retomar a confiança:
“O setor sentiu essa queda. O que é natural. Afinal, as pessoas ficaram com medo de ingerir algo contaminado. Logo, houve quem não foi ao bar ou ao restaurante e, também, teve quem foi, mas trocou o destilado por outro tipo de bebida. De qualquer maneira, a segurança do cliente está voltando. As próximas semanas devem ser melhores em faturamento e já um aquecimento para o verão e o fim do ano, quando há maior incidência de confraternizações”
Edson Pinto