Karina Cedeño   |   10/07/2023 16:00
Atualizada em 10/07/2023 16:04

Europa já sofre com excesso de turistas, que devem priorizar planejamento

Na Itália, mais de 10% da economia depende do setor, comparado com 15% na Espanha e 19% na Grécia

Wikicommons / EpicV27
A região de Cinque Terre, na Itália, é um dos destinos que têm recebido excesso de turistas
A região de Cinque Terre, na Itália, é um dos destinos que têm recebido excesso de turistas

A alta temporada na Itália, que vai de junho a setembro, começou com recorde de turistas. Na região de Cinque Terre, o congestionamento de pessoas era tanto que oficiais locais tiveram de transformar as trilhas de caminhada em um trajeto de sentido único nos dias mais movimentados. E a situação é parecida em muitos outros destinos europeus. A CVC, por exemplo, diz que nunca vendeu tanto Portugal, responsável por metade das vendas da empresa para a Europa. Na Flytour Consolidadora, os números mostram venda de Europa bem superior a Estados Unidos. E pesquisa realizada com operadores (para a próxima edição do Guia de Operadoras, disponível na próxima semana), comprova que Itália é a estrela da temporada e que a Europa está super em alta.

Operadores e consolidadores no Brasil confirmam que Europa é o destino da vez, vendendo mais que Estados Unidos e qualquer outro destino internacional. Facilidade de entrada (não precisa de visto), mais oferta de voos (em comparação aos EUA) e câmbio favorável são alguns benefícios. Os preços da hotelaria estão tão altos como em qualquer destinos concorrido, mas isso não tem sido impeditivo para os visitantes internacionais, sejam eles brasileiros ou americanos e de outras nacionalidades de viajantes.

O maior impeditivo é mesmo a falta de planejamento. "Tem agência enviando pedido de cotação para hotel em Capri na próxima semana, ou daqui a duas semanas", diz uma operadora à PANROTAS. Simplesmente não tem disponibilidade. Está tudo lotado e as operadoras focando em atender (da melhor forma possível) os clientes que já estão reservados. Portanto, pedidos urgentes de cotação também viraram artigos de luxo. A palavra para os passageiros é: planejamento. Reserve com muita antecedência, fuja das altas temporadas, visite locais menos concorridos, descubra novos hotéis e destinos na Europa como um todo.

Revenge travel

Milhões de turistas europeus e americanos tentam recuperar o tempo perdido durante a pandemia de covid-19 e a expectativa é de que milhões de chineses visitem a Europa neste verão e outono, após a queda das restrições de viagem que estavam sendo impostas no país por conta do vírus. A viagem de vingança (revenge travel), para recuperar as experiências impedidas pela pandemia, é uma realidade avassaladora, especialmente na Europa.

De acordo com o instituto de pesquisa Demoskopika, o número de turistas e pernoites na Itália deve superar o recorde que havia sido registrado em 2019. De junho a setembro deste ano, as chegadas de turistas no destino nesse período devem aumentar 3,7% em relação ao mesmo período de 2019 e ser 30% superior aos números registrados na última década. O Ministério de Turismo da Itália anunciou que espera um ano recorde de visitação, assim como acontece na Espanha e na Grécia.

O alto número de visitantes está impulsionando a economia do Sul da Europa, região que depende muito do Turismo. Na Itália, mais de 10% da economia depende do setor, comparado com 15% na Espanha e 19% na Grécia, de acordo com o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC). Na França e nos Estados Unidos, essa porcentagem fica em torno de 9%.

Enquanto isso, os destinos estudam meios de conter o excesso de turistas (o chamado overtourism):

  • No ano que vem, Veneza planeja implementar uma taxa de visitação aos turistas nos dias mais cheios, o que deve conter o volume de pessoas.
  • Na França, o Museu do Louvre impôs um limite diário de visitantes.
  • Em Barcelona, os moradores estão protestando com cartazes que dizem “turistas são terroristas”;
  • enquanto em Atenas os moradores locais reclamam que a disseminação do Airbnb está contribuindo para elevar o preço dos aluguéis, fazendo com que os gregos tenham de se deslocar do centro da cidade.

Em maio deste ano, cerca de 10 mil propriedades para aluguel de curto prazo estavam disponíveis em Atenas, quase um quarto a mais do que no mesmo período de 2018, de acordo com a empresa de pesquisas AirDNA.

Os hotéis de luxo da Europa estão gostando do boom de turistas, mas muitos já buscam novas maneiras de manter os hóspedes felizes, mesmo com a horda de turistas nas cidades. “Estamos sempre buscando maneiras desses turistas evitarem as multidões, oferecendo atividades como caminhadas em trilhas pouco conhecidas, viagens privativas de barco até Capri ou degustações de vinho”, conta Pietro Monti, diretor de Marketing do Hotel Mediterraneo, que fica próximo à Costa Amafitana, cujos preços dos quartos estão em cerca de US$ 1,2 mil por noite. “Mas na alta temporada, especialmente em um ano recorde como este, as multidões são inevitáveis". conclui.

Com informações do The Wall Street Journal.


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