Harry Potter, Mario ou Frankenstein? Qual a melhor atração do Epic Universe?
Veja nossa segunda avaliação sobre o novo parque da Universal Orlando

Já aberto oficialmente, o Universal Epic Universe, terceiro parque temático da Universal Orlando, e quarto no total, incluindo o aquático Volcano Bay, é um marco na indústria de entretenimento mundial e para a cidade de Orlando. Desde 1999, com a abertura do game changer Islands of Adventure, que Orlando não via uma inauguração de um novo parque.
O Epic Universe é um grande passo para a Universal Orlando, que quer ser vista como o destino final de Orlando, com opções para uma semana de hospedagem. Ousadia? Desde 2010, com a chegada das atrações de Harry Potter, a Universal vem galgando em relevância e buscas na região e com o Epic Universe, que traz a terceira presença de Harry Potter no complexo, quer ser top of mind quando o viajante decidir ir para Orlando. Mas nada de chamar de parque do Harry Potter (até porque são três parques com áreas de HP), até porque há muito mais e o Epic Universe traz uma adição de IPs de deixar qualquer um boquiaberto.
O Epic Universe virou um evento "must go" para o fãs de parques temáticos, além dos fãs específicos de Harry Potter, Nintendo, dragões e monstros, além de montanhas-russas. O brasileiro, que adora novidade e tudo isso que falamos, está ansioso para aproveitar e só está reticente com as notícias sobre dólar, IOF e tarifas que podem encarecer a viagem.
A PANROTAS visitou o Epic Universe em duas ocasiões. O editor Pedro Menezes em abril, durante preview para a imprensa e você pode ver algumas das avaliações dele aqui.
Eu, Artur Luiz Andrade, editor-chefe da PANROTAS, estive na abertura oficial, na semana de 22 de maio, e passei dois dias no parque, tendo feito todas as atrações e assistido aos shows disponíveis. Confira fotos no álbum acima.
Como estive também na abertura do Islands of Adventure, em 1999, foi inevitável comparar o choque que a indústria teve com o Islands e a expectativa em relação ao Epic, especialmente à atração do mundo de Harry Potter – Ministry of Magic.
Isso porque as áreas de Harry Potter nos dois outros parques da Universal Orlando foram game changers para o complexo e aumentaram o índice de sucesso para se tornar um destino em si. A chegada do Epic Universe, com Harry Potter e ainda a Nintendo, muda tanto o jogo assim?
Muda. E não será surpresa se atrações ou ilhas ou áreas da Nintendo se estenderem para o Islands of Adventure e Universal Studios, seguindo o exemplo de Harry Potter – que, aliás, deve ser a grande estrela também do parque da Universal no Reino Unido.

Com tanto IP poderoso – o que significa duradouro e abrangente, algo que a concorrência tem de sobra – a Universal fica sim maior e mais forte, mas quem tem o problema nas mãos não são os demais parques (cada um com sua fortaleza) e sim o viajante, que vai ter de decidir ficar mais tempo em Orlando ou cortar algum parque ou atração ou tempo em algum parque de seu itinerário. “Dia de compras e Walmart é que ele não vai cortar”, disse um operador brasileiro, conhecedor de sua clientela.
Essa matemática (temos um parque novo: ficar mais um dia, ou dois, ou cortar outros parques do roteiro?) vamos fazer em outro momento, analisar como vai ficar Orlando com o Epic Universe. Até porque o próprio Epic vai amadurecer e vamos conhecer o comportamento do consumidor médio, já que o fanático por parques já está visitando desde as previews.
Por ora, qual a melhor atração do novo parque?
O Pedro Menezes já deu a sua visão, e agora trago a minha, tentando uma neutralidade misturada com comentários sobre minhas preferências. Neutralidade ao tentar me colocar no lugar de quem é fã ou para quem aquela atração foi feita.

#1 Harry Potter and the Battle at the Ministry – já a chamei aqui de a atração perfeita. Para os fãs de Harry Potter, então, é o sonho se concretizando. Cenários em escala real (estamos no filme ou dentro da história), alta tecnologia, movimentos suaves, rápidos e surpreendentes dos carrinhos... tudo perfeito. Você realmente não acredita no que experimenta e vê. É uma soma do melhor de grandes atrações dos parques da Universal e de outros parques até, em uma orquestração afinadíssima. O bom é que todos já estão trabalhando para superá-la. Ganhamos todos nós.

#1 Monsters Unchained: The Frankenstein Experiment – como fã de filmes de terror e dos monstros clássicos da Universal, era grande minha expectativa para o mundo de Dark Universe. A tematização está fantástica, os personagens agem de forma exagerada, bem humorada e kitsch (para não dar medo) e até a gastronomia entrou no clima, com tavernas e pratos pitorescos. A principal atração é o Experimento Frankenstein, uma espécie de Spider Man (do Islands of Adventure) com Forbidden Journey (no mesmo parque), mas com tecnologia de ponta. Ou seja, as projeções são bem mais realistas, os animatrônicos perfeitos e o carrinho é mais suave, com movimentos certeiros, indicando onde está ação – e obedeça a esses comandos. Nada de olhar para o lado ou para baixo quando o carrinho está apontando para o teto. É a melhor forma de entrar na história, que tem um pré-show incrível, com um animatrônico do monstro de Frankenstein bem realista, e uma sequência de eventos e cenas envolvente. Uma atração para ir mais de uma vez e a minha favorita, junto com Battle at Ministry of Magic. O que me parece justo, se aqui sou fã dos personagens, na de Harry Potter sou fã das atrações da Universal. Aliás, aprendi sobre o personagem com as áreas exclusivas do bruxinho e seus amigos nos parques de Orlando. Enfim, dá para ver como os criadores da Universal fizeram um excelente trabalho, e se divertiram muito, no mundo do Dark Universe.

#2 Le Cirque Arcanus – o show do mundo de The Wizarding World of Harry Potter merece todas as atenções, assim como o musical The Untrainable Dragon, na Ilha de Berk. Além de ser um momento de pausa na correria, encantam com efeitos especiais de última geração e storytelling único.

#3 Mine-Cart Madness – a melhor montanha-russa do Epic Universe está em Donkey Kong Country. Nem tão forte quanto a Stardust, nem tão leve quanto a de Como Treinar Seu Dragão, Mine-Cart Madness é engraçada, rápida e uma imersão no vídeo-game de DK, incluindo percursos “fora do trilho”. Para ir de novo, de novo, de novo...

#3 Hiccup's Wing Gliders – que delícia de montanha-russa para toda a família. E ela está aqui no topo, pois me coloco no lugar nos meninos e meninas de oito anos, estreando em uma montanha-russa e virando fãs imediatamente. Depois dessa aventura, o desejo vai ser por mais velocidade e adrenalina. Tudo a seu tempo. Mas mesmo com seu nível de adrenalina adaptado aos pequenos, é uma atração de gente grande, e em um dos mundos mais bonitos do Epic Universe.

#4 Stardust Racers – uma montanha-russa de percurso duplo, verde e amarelo, com velocidade que chega até 100 km/h. Gostei mais do percurso amarelo, me pareceu mais veloz e com subidas e descidas. Mas os dois são emocionantes. Ainda fico com a Velocicoaster como a melhor de Orlando. Mas Stardust Racers é nota 10 e está no topo da tecnologia e inovação em montanhas-russas. Com certeza, uma das mais procuradas do Epic Universe e sua única atração de alta adrenalina. À noite, o show fica ainda mais bonito.
#5 Mario Kart: Bowser's Challenge – o vídeo-game ao vivo, com a tecnologia que esperamos e todo o caos que os personagens proporcionam. A ambientação é perfeita, o movimento dos carrinhos idem. Para quem curte jogar e fazer parte do jogo.

#6 Yoshi's Adventure – uma fofura de atração para os pequenos, que seguem bem devagar sobre os Yoshis coloridos e precisam apertar botões de acordo com a cor de ovos que aparecem no caminho. E ainda vemos o Super Nintendo World do alto.

#7 Dragon Racer's Rally – uma garra com carrinhos em forma de dragão e asas móveis, que, para os pequenos da Ilha de Berk, vai ser apenas diversão. Mas os adultos mais habilidosos conseguirão virar os carrinhos mexendo as asas da forma correta. Não é fácil, mas é uma atração para ir várias vezes com a garotada. A vista do parque é linda quando a garra atinge a altura máxima.

#8 Fyre Drill – um rio bem lento, barquinhos que deslizam suavemente. Atração da Ilha de Berk bem tranquila, mas provavelmente a que trará mais diversão ao pequenos, que podem atirar jatos de água em alvos animados e também nos outros barcos. Jatos aleatórios também atingem os barcos, caso os ocupantes não acertem os alvos certos. No verão floridiano, a atração é um refresco. A curiosidade é que há máquinas para secar a roupa bem do lado de fora da atração – ao custo de módicos US$ 7. Melhor comprar outra camiseta, né?

#9 Curse of the Werewolf – enfim uma decepção. A expectativa era grande para mais essa montanha-russa e ainda mais tematizada como o ataque de um lobisomem... A tematização está muito boa, a área onde fica é bem instagramável, os carrinhos são charmosos... Mas a atração em si, além de rápida, é um pouco enjoativa, com muitos vaivéns no trilho, e carrinhos que giram no próprio eixo. Sentei virado para frente achando que não ia ficar muito de costas e meu carrinho fez praticamente todo o percurso de costas. A vantagem: ser rápida. Mas decepcionou. Os mais jovens, que ainda têm o labirinto no lugar, devem gostar, gritar e ir de novo.

#10 Constellation Carousel – um carrossel clássico, elegante e com movimentos novos. Está no centro do Celestial Park e ajuda a compor o visual e a dar mais uma opção para as famílias e os românticos.
Imersão é a palavra-chave

Geralmente, em um parque temático, os movidos a adrenalina pensam somente nas atrações. Na quantidade delas e no grau de intensidade. Mas, sabemos, um parque temático de sucesso vai além das atrações e precisa conquistar o visitante fiel pela tematização, pela gastronomia (também temática), pela música, pela iluminação e pelo seu desenho para circulação, entre outros itens.
Limitar a análise do Epic Universe a suas atrações seria errado e incompleto, até porque o trabalho de criação dos mundos merece destaque e nos conquista assim que atravessamos os portais.
É realmente uma imersão na Ilha de Berk (talvez a ilha mais original e bonita), no Dark Universe (e seus castelos e efeitos especiais), no mundo da Nintendo (estamos dentro do game, com todo seu colorido e sons) e, claro, na Paris com os personagens de Harry Potter (depois transportados para Londres).
A ideia, com música, cores, personagens e cenários incríveis, é que esqueçamos que estamos em Orlando. E conseguimos isso na maioria das vezes. Mais uma vez, é preciso entrar na brincadeira e não ficar tentando achar brechas (até porque há um hotel enorme ao lado de dois dos mundos).
Dá para passar o dia em cada área, mesmo que em algumas delas, como Ministry of Magic, só haja uma atração. Restaurantes, lojas, ativações, experiências, shows, personagens na rua, selfies, fotos... tudo isso vai preencher o dia e completar a imersão.
A gastronomia também mereceu tratamento especial e ajuda nessa imersão. Assim como as lojas exclusivas em cada mundo. Já no Celestial Park, há um pouco de tudo.

O Celestial Park é a área ainda menos desenvolvida do ponto de vista temático, com muitas partes descobertas e sem sombra, mas é um trabalho louvável, pois cria um mundo novo, do zero, e faz link com os hotéis e os outros quatro portais.
O símbolo do parque, a Torre Chronos, ao contrário dos demais parques, só é avistada mesmo quando chegamos perto. Ou seja, não a vemos de longe. É linda, mas menor do que imaginávamos.
Do lado de fora não vemos toda a beleza e imponência do Epic e esse é um dos pecados do novo parque. Vemos até alguns bastidores, como o fundo do Super Nintendo World e os prédios de algumas atrações. Precisamos entrar para acessar toda a beleza dos mundos - e mergulharmos neles. Diferente do Islands ou do Studios, em que, a partir de CityWalk, somos atraídos pelos símbolos de cada parque e pelas montanhas-russas ao longe. Há todo um trabalho de nos atrair e levar ao interior dos parques. Mas, como dissemos, o Epic Universe está no meio de Orlando, cercado por condomínios, o centro de convenções e a roda-gigante Orlando Eye.

À noite, vale destacar, eles se transformam e merecem nova visita. A iluminação e os efeitos especiais, como na Chronos, fazem a diferença. E o Celestial Park fica mais agradável, com direito a show de águas. O parque à noite é uma experiência à parte e quem tá no Helios Grand Hotel tem uma vista priviilegiada.
Com a tematização e o excesso de detalhes e riqueza de cada mundo, dá para passar horas explorando cada história. Mesmo sem ir em uma atração. As atrações fazem parte da história sendo contada, em uma evolução do que o Islands of Adventure já faz e que foi um marco na virada do milênio (até hoje as ilhas do parque são um case de sucesso em tematização).
A Universal Orlando venceu os desafios de espaço (um parque no meio da cidade) e da expectativa do público, que sempre quer a melhor e mais moderna atração. Missão entregue. Harry Potter and the Battle at the Ministry chegou para fazer história, mas a imersão proposta pelo Epic Universe nos demais mundos também.
E então, caro turista? Vai ficar um dia a mais em Orlando?
A PANROTAS viajou a convite da Universal Destinations & Experiences, com proteção GTA