Artur Luiz Andrade   |   31/08/2021 10:45   |   Atualizada em 31/08/2021 10:57

Accor prepara produto de coliving e quer dobrar número de hotéis na região

CEO da rede na América do Sul, Thomas Dubaere falou à PANROTAS sobre esse e outros projetos

PANROTAS / Emerson Souza
O CEO da Accor na América do Sul, Thomas Dubaere
O CEO da Accor na América do Sul, Thomas Dubaere
O novo CEO da Accor na América do Sul, o belga Thomas Dubaere, no País desde o final do ano passado, se prepara para a chegada ao 400º hotel na região, mais de 300 deles no Brasil. E será ainda este ano. Mas o novo CEO não tem dúvidas em relação o potencial para mais hotéis e a meta é chegar a 800 unidades na América do Sul. “Não sei se em cinco ou dez anos. Mas essa é nossa meta”, afirma.

Para dobrar de tamanho na parte sul das Américas, a Accor aposta na transformação dos hotéis pós-pandemia como locais para múltiplos propósitos, no crescimento do lazer, no desejo de viajar crescente do sul-americano, segundo as pesquisas, e na hotelaria como coração da jornada.

Para o executivo, as pessoas vão voltar, sim, aos escritórios (a parcela home office será de cerca de 10% e o modelo híbrido será dominante); as viagens corporativas, no seu ritmo, retornarão, assim como os eventos; mas tudo volta de forma diferente, com um novo viajante que combina propósitos na mesma viagem (do bleisure aos nômades digitais), outros buscando a longa estada (e o hotel precisa se adaptar a isso), e com a tecnologia a serviço da experiência. Não há mais espaço para um hotel só corporativo ou um resort que não pense também em ferramentas e espaços para o cliente trabalhar.

Criatividade é o que demanda Thomas Dubaere. “A pandemia fez os hotéis serem mais criativos. Fez alguns produtos e mudanças acelerarem, e trouxe novas visões e oportunidades. Minha mensagem para meu time é não ter um metro quadrado desperdiçado dentro de um hotel”, conta.

DOIS GRANDES PROJETOS
Dentro do desafio de se tornar híbridos, ou múltiplos, para atender um cliente diverso e dinâmico como nunca (além de ansioso e machucado pela pandemia), os hotéis estão buscando novos produtos, usos de espaços, soluções.

A Accor está em vias de lançar dois grandes projetos alinhados com essas necessidades: o coliving, focado na long ou extended stay, e o Mobilidade 360, de reinvenção dos espaços, com o fim, por exemplo, do lobby com recepção, já que o smartphone do hóspede é o novo ponto de conexão e informações.

“O hóspede vai chegar pelo restaurante ou pelo bar. A recepção é um local que se tornou inútil e a tecnologia vai integrar o cliente com o hotel para que ele tenha as experiências que desejar. Pode ser que ele queira passar todo o período da hospedagem sem interagir com ninguém? Esperamos que não, mas pode ser, será possível”, explica.

Projeto para daqui a dois, cinco, dez anos? Não. Projeto para já. Um dos Ibis da capital paulista, na região da avenida Faria Lima, já está sendo transformado para que o hotel do futuro possa ser usufruído desde já.

“A tecnologia permite que a gente tire da frente tudo que é chato e entediante. Como a recepção, os processos de check-in e check-out, algo maçante para o hóspede e para o funcionário”, explica. “Assim, a experiência do cliente fica melhor.”

PANROTAS / Emerson Souza
Thomas Dubaere
Thomas Dubaere
ESTADAS LONGAS
Já em relação ao coliving, a ideia é pegar um dos propósitos do hóspede (a longa estada) e criar andares e quartos exclusivos. Segundo o CEO da Accor na América do Sul, não são necessárias muitas adaptações nos quartos e no hotel. O espaço, o hardware está todo lá. É uma questão de adaptar serviços, alguns ajustes na estrutura e na distribuição. Na venda, o produto da Accor contará com parcerias com novos players focados no long stay. Plataformas como Housi, Charlie e Quinto Andar poderão ser parceiros da Accor na empreitada.

E quando o coliving da Accor sai do papel? No próximo ano? Não, também é para já e pelo menos dez hotéis serão apresentados no lançamento, com categorias diferentes.

É uma aposta no segmento de nômades digitais, de viajantes híbridos, do bleisure e das novas gerações que precisam ver os hotéis como um espaço aberto, inclusivo e de interação e não como uma caixa de serviços fechados apenas para hóspedes.

O hotel do futuro, que estamos vendo a Accor desenhar agora, tem um andar para cada propósito, espaços de convivência multipropósito, e o lazer e o entretenimento sempre presentes, via gastronomia, música, atividades culturais, de forma a estar aberto realmente para a cidade também.

LEIA A ENTREVISTA COMPLETA COM THOMAS DUBAERE NA REVISTA PANROTAS DESTA SEMANA

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