Da Redação   |   05/06/2025 09:37
Atualizada em 05/06/2025 13:33

Grupo Casa Hotéis anuncia novo hotel em Bento Gonçalves (RS) em 2027

Em entrevista, sócio da marca reflete sobre o setor de luxo e a recuperação da Serra Gaúcha pós-enchentes

Divulgação
Rafael Peccin, sócio do Grupo Casa Hotéis
Rafael Peccin, sócio do Grupo Casa Hotéis

GRAMADO (RS) - Nessa terça-feira (3) chegou ao fim a Fam Fênix Educativa pela Serra Gaúcha, promovida por Rogéria Pinheiro em parceria com a RARO Community. A rede escolhida para a experiência foi a Casa Hotéis — grupo hoteleiro que reúne três pilares fundamentais para o propósito do famtour: sustentabilidade, luxo e autenticidade.

Mais que conforto e alta gastronomia, essa foi uma viagem centrada no Turismo regenerativo: aquele que vai além do sustentável e se propõe a deixar um legado positivo para a comunidade local. O Casa Hotéis investe em pequenos produtores, práticas conscientes e experiências que nascem da conexão genuína com o território.

Com mais de 25 anos de história, o grupo começou com o tradicional Casa da Montanha, em Gramado, inspirado nos hotéis europeus de inverno e no estilo sofisticado de Bariloche. Depois veio o Parador, em Cambará do Sul, o primeiro glamping do Brasil — e também a primeira parada da famtour. O Parador foi pioneiro ao combinar natureza com conforto, criando uma hospedagem que desafia o convencional. Já o Wood Hotel, opção boutique urbana que hospedou o grupo de Rogéria em Gramado, chegou com conceito urbano e design contemporâneo, reforçando a aposta em gastronomia de excelência.

O sócio e diretor de Marketing e Experiência da marca, Rafael Peccin, conversou com o Portal PANROTAS e compartilhou os princípios por trás do sucesso do grupo e as perspectivas para o futuro, como a construção do Parador Vale dos Vinhedos, previsto para 2027, em Bento Gonçalves.

PORTAL PANROTAS: O brasileiro valoriza o chamado “luxo invisível”?

RAFAEL PECCIN: "Sim, e cada vez mais. O brasileiro está evoluindo muito na forma como consome. Há uma consciência crescente sobre o impacto do que se consome — e isso vale para alimentação, moda, hospedagem... Quando criamos o Parador, nossa ideia era exatamente essa: oferecer o que chamamos de 'luxo invisível'.

Parece contraditório, mas é simples: tirar a pessoa da zona de conforto, sem abrir mão do essencial — cama impecável, quarto aquecido, cheiro agradável. No começo, eram barracas que nem tinham chuveiro dentro, mas uma cama extremamente confortável. A ideia era sair, sentir o frio, olhar as estrelas. E o público que entende o valor disso sempre existiu. Hoje, está crescendo.

"Trabalhamos para quem busca valor, não preço. E isso muda tudo. Preço é número. Valor é sentido"

Rafael Peccin, do Casa Hotéis

PANROTAS: O público estrangeiro é significativo para vocês?

PECCIN: "Ainda é muito tímido. Nosso público é majoritariamente brasileiro. Os estrangeiros ainda preferem destinos como praias, Amazônia, Pantanal... Alguns vão até Foz do Iguaçu, mas poucos descem para o Sul.

No Parador, recebemos alguns europeus e americanos por causa do parque. Mas, em geral, atendemos paulistas, gaúchos, catarinenses e paranaenses.

Acreditamos que isso deve mudar com as melhorias na infraestrutura — a concessão do parque, asfalto novo, acesso mais fácil. O turista internacional valoriza muito isso. Se já estão em Foz, talvez passem a estender a viagem até os cânions."

PANROTAS: Como vocês veem o papel do hotel no destino?

PECCIN: "Gramado ainda é um destino que atrai pelo nome. Já Cambará do Sul é diferente. O hotel (Parador) virou o destino. As pessoas vêm por causa do Parador e depois descobrem a região. A gente quer que nossos produtos sejam o destino. Por isso estamos fazendo o mesmo movimento em Gramado com o Wood e o Casa da Montanha. A ideia é que o hotel ofereça uma experiência tão completa que ele seja a motivação da viagem."

PANROTAS: Qual o impacto das enchentes de 2024 no setor?

PECCIN: "Está sendo mais difícil que a pandemia. A Serra, por ser montanhosa, não teve tantos danos físicos. Mas o fechamento do aeroporto e os bloqueios de rodovias nos tornaram praticamente inacessíveis durante as enchentes. Nem o público regional conseguia chegar. O aeroporto ficou fechado de maio a dezembro, e as companhias aéreas redistribuíram seus voos. Muitas não voltaram. Então, mesmo reaberto, a malha aérea não voltou com força total. E o impacto disso no Turismo é enorme.

Além disso, tem o imaginário de destruição. Muita gente ainda acha que o Estado está devastado, com estradas comprometidas. A Páscoa foi um respiro, com 90% de ocupação. Mas logo caiu de novo. Então este ainda é um ano de cautela e sobrevivência para o Turismo gaúcho. A recuperação talvez aconteça só em 2026, é tudo muito imprevisível."

PANROTAS/Carla Furtado
A fatiadora manual restaurada de 1937, Rafael Peccin e a chef Roberta Sudbrack
A fatiadora manual restaurada de 1937, Rafael Peccin e a chef Roberta Sudbrack

PANROTAS: Como a gastronomia se conecta com essa experiência?

PECCIN: "O Wood foi pensado como um hotel urbano com a gastronomia como protagonista. Quando trouxemos a chef Roberta Sudbrack, a ideia era justamente tirar a comida do pedestal. Ela trabalha com ingredientes simples, mas com muita técnica e verdade. O restaurante Ocre é uma extensão disso. Totalmente conectado ao território. A Roberta passou um mês viajando pela região antes de começar o trabalho. Ela queria conhecer o 'tiozinho que faz o melhor doce de leite', a senhora com o melhor queijo, o produtor com os melhores orgânicos. Criou sua própria rede de fornecedores, com foco no Brasil inteiro — não só no RS.

Mas quando ela recebeu o convite, ela pensou 'tá louco que eu vou pro Rio Grande do Sul trabalhar com uma família hoteleira, nessa minha altura de vida... Não, não, mas eu vou lá para dizer não de forma elegante.' Ainda bem que ela é educada! (risos) E aí ela veio, e quando entrou aqui e viu essa essência, essa verdade, viu nas geladeiras, nos freezers, no nosso estoque, a qualidade, o cuidado que a gente tem com as coisas, ela disse 'isso não é comum', e mudou de ideia. Então é muito sobre isso. No Ocre, temos uma cave de queijos e charcuterias, uma fatiadora manual restaurada de 1937, produtos que carregam histórias.

PANROTAS/Carla Furtado
Cave de queijos e charcuterias do restaurante Ocre
Cave de queijos e charcuterias do restaurante Ocre

PANROTAS: Como será o novo hotel no Vale dos Vinhedos?

PECCIN: "É um sonho antigo, procuramos muitos anos um terreno que traduzisse o espírito do Parador: conexão profunda com a natureza e respeito ao entorno. Serão 20 hectares no coração turístico de Bento Gonçalves, com mais da metade ocupada por vinhedos e o restante por mata nativa preservada. A proposta é oferecer uma experiência imersiva no universo do vinho, com 54 acomodações distribuídas pela paisagem, suítes que chamamos de Sky Suites, que terão teto de vidro para contemplação do céu… É um projeto lindo.

Além do contato com a natureza, o hotel vai destacar a gastronomia com um restaurante inspirado na culinária alpina — uma escolha diferente da tradicional comida italiana local, trazendo um frescor à região. Uma vinícola renomada será parceira no cuidado com os vinhedos, vai ser muito bom".


Carla Furtado, especial para o Portal PANROTAS, viaja a Gramado a convite de Rogéria Pinheiro e RARO Community.

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