Karina Cedeño   |   28/08/2025 13:16
Atualizada em 28/08/2025 13:20

COP 30: como especialistas da hotelaria justificam as tarifas abusivas?

Tema polêmico foi destaque de debate realizado durante o Fórum Abracorp 2025, que acontece em SP


PANROTAS / Filip Calixto
Andre Senna, da Accor, Guilherme Martini, da Atlantica, Jamyl Jarrus, da Movida, e Artur Andrade, da PANROTAS
Andre Senna, da Accor, Guilherme Martini, da Atlantica, Jamyl Jarrus, da Movida, e Artur Andrade, da PANROTAS

Durante o Fórum Abracorp 2025, realizado hoje (28) em São Paulo, a questão dos preços abusivos cobrados pela hotelaria de Belém para a COP 30 foi destaque em debate mediado pelo CCO e editor-chefe da PANROTAS, Artur Luiz Andrade, com a participação de especialistas do setor. Andrade perguntou a opinião dos participantes do debate sobre o assunto: a hotelaria merece o papel da vilã que está recebendo?

Guilherme Martini, VP de Operações, Vendas e Marketing da Atlantica Hospitality International, justificou que o aumento dos preços se dá porque os hotéis estão tendo aumento de custos com a realização do evento.

“Trata-se de um evento sendo realizado em um lugar que não tem capacidade para brigar pela quantidade de visitantes esperada. Para poder atender à demanda da COP 30, os hotéis estão tendo um aumento de custo absurdo, considerando os gastos com o aparato de segurança na operação hoteleira, a retenção do colaborador do hotel durante a realização do evento, a contratação de pessoas que falem inglês. Tem muito custo associado à entrega desse produto e isso é repassado nos preços”, comenta Martini.

PANROTAS / Filip Calixto
Guilherme Martini, VP de Operações, Vendas e Marketing da Atlantica Hospitality International
Guilherme Martini, VP de Operações, Vendas e Marketing da Atlantica Hospitality International

Já para o Chief Commercial Officer Accor Americas Premium, Midscale & Economy, André Sena, trata-se de um problema de infraestrutura. “Quando falamos sobre COP 30, não estamos falando de uma questão hoteleira, mas sim de infraestrutura. Seria o meu sonho poder ‘mandar mais hotéis’ para lá, mas não tem essa capacidade”, comenta.

Porém, Artur Luiz Andrade lembrou que o Brasil é conhecido por receber eventos de grande porte, inclusive em destinos que não praticaram essa cobrança abusiva de tarifas. Ana Prado, gestora de viagens e eventos da Syngenta, contribuiu com o debate dizendo que não há o que justifique a cobrança de tarifas abusivas, que chegam a ser até 20 vezes maiores do que a média.

PANROTAS / Filip Calixto
André Sena, Chief Commercial Officer Accor Americas Premium, Midscale & Economy
André Sena, Chief Commercial Officer Accor Americas Premium, Midscale & Economy

Guilherme Martini afirma que é natural que haja aumento nos preços devido à pressão nos custos que vai acontecer. por conta da lei da oferta e da demanda. “Quando temos no setor a demanda muito maior do que a oferta, os preços se regem por essa regra de mercado. Se a hotelaria está cobrando aquele preço, cabe ao cliente entender se faz sentido ou não pagá-lo. Vimos abusos acontecendo, sim, mas isso ocorre pela dinâmica de mercado e não dá para regular isso. Quando se coloca um evento em uma praça que não o comporta, há esse tipo de situação", conclui.

Por fim, André Sena, por sua vez, destacou que 90% dos hotéis no Brasil são independentes e, diante desse cenário, torna-se difícil para representantes de grandes redes hoteleiras responderem por eles.

“Não podemos responder por decisões tomadas por donos de hotéis individuais. É muito difícil quando o vizinho toma decisões que nem sempre são baseadas no mesmo critério que os nossos. Neste caso, é difícil respondermos pela indústria”, conclui Sena.

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