Fohb destaca dados como diferencial da hotelaria e rebate polêmica de diária de 24 horas
Diretor executivo comenta política da associação, de fortalecer o setor por meio de estudos e pesquisas
O Fohb (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) tem colocado a valorização de dados no centro de sua atuação. Em entrevista realizada durante o Fórum Nacional da Hotelaria, o diretor executivo da entidade, Orlando Souza, destacou que a política interna de priorizar estudos e levantamentos confiáveis já se consolidou como um dos grandes diferenciais da associação.
"Somos a única entidade da hotelaria que consegue ter dados confiáveis e consistentes. É o melhor recorte que podemos ter como mercado", afirmou Souza, lembrando que os números são tratados como uma verdadeira "mina de informação". Segundo ele, o Fohb produz relatórios tanto de forma independente quanto em parceria com instituições como HotelInvest (Panorama da Hotelaria Nacional), Noctua Advisory (como foi apresentado na manhã do próprio evento) e JLL.
Semana da hospitalidade em São Paulo
O calendário do setor em São Paulo também foi lembrado pelo executivo. A escolha da data do Fórum Nacional da Hotelaria realizado buscou criar uma sinergia com a Equipotel, feira que acontece na capital paulista de 16 a 19 de setembro.
"A ideia é transformar este período em uma semana da hotelaria e da hospitalidade em São Paulo, reforçando o protagonismo da cidade como centro de debates e negócios do setor", disse o executivo.
A polêmica da diária de 24 horas
Outro ponto abordado pelo diretor executivo foi o debate sobre a chamada "diária de 24 horas". A proposta, que surgiu em Minas Gerais, prevê que os hotéis sejam obrigados a oferecer hospedagens de 24 horas corridas, mas, segundo Souza, a medida é considerada descolada da realidade operacional.
"O que surgiu em Minas é completamente extemporâneo. Existe uma lei que já garante o período necessário para limpeza do apartamento, além de uma portaria que regula a prática. Não se trata de reduzir o direito do consumidor, mas de assegurar padrões de qualidade e segurança", afirmou.
O tema também vem sendo discutido no âmbito jurídico, com minuta de portaria sendo preparada para apresentação ao Ministério do Turismo, estabelecendo critérios técnicos de tempo entre check-out e check-in.
Advogado do Fohb e coordenador-relator da Câmara Temática de Legislação Turística do Ministério do Turismo, Leonardo Volpatti também comentou o caso:
"A tentativa da Assembleia Legislativa Estadual de legislar sobre a duração da diária hoteleira é absolutamente impertinente e inconstitucional. Trata-se de matéria de competência privativa da União, tanto por envolver contratos de natureza civil quanto por integrar a política nacional de Turismo. A Lei Geral do Turismo já prevê a diária de 24 horas, cabendo ao Ministério do Turismo regulamentar o tempo destinado à limpeza e higienização. Criar regras estaduais paralelas apenas gera insegurança jurídica, risco de judicialização e contraria a uniformidade que o setor precisa para se manter competitivo. O consumidor não será beneficiado: ao contrário, ele pode sofrer com aumento de preços e perda de qualidade. O Brasil precisa de coerência regulatória e estabilidade normativa, não de experimentos locais que fragilizam a política nacional de Turismo"
