Artur Luiz Andrade   |   19/07/2018 15:44

Consolidadoras em debate – parte 4: maio e junho foram desastrosos

A série de reportagens do Portal PANROTAS sobre a ação e atuação de consolidadores e subconsolidadores no Brasil deixou claras algumas situações e conclusões, como a responsabilidade de dar crédito no mercado

A série de reportagens do Portal PANROTAS sobre a ação e atuação de consolidadores e subconsolidadores no Brasil deixou claras algumas situações e conclusões:

1 – É preciso transparência nas relações comerciais entre consolidadores e agentes de viagens. Agências ouvidas pela reportagem não sabiam que estavam comprando em uma empresa, mas a emissão era feita em outra. O que chega a ser absurdo (confiram os comentários feitos na parte 3 dessa série de reportagens). O exemplo da Amazon (que identifica os fornecedores) deve ser seguido por esses e outros fornecedores no Brasil, mercado onde a consolidação é mais forte no mundo.

2 – Quem dá crédito tem que gerenciar bem para quem dá e quanto dá. Ou seja, a responsabilidade maior é de quem deu o crédito. O agente de viagens e o passageiro devem ser prioridade na hora de honrar os compromissos ou o setor todo pode ser prejudicado.

3 – As empresas aéreas precisam se manifestar e ajudar a ordenar o mercado nesses momentos. Como fez a Air Tkt, alertando para possíveis problemas.

4 – A subconsolidação não é algo ilegal ou que deva ser proibido. Mas em um mercado de margens cada vez menores e em meio a um País instável (para não dizer em crise), saber até onde pode ir (ou seja, fazer contas) é fundamental.

5 – Preço não é tudo em uma viagem. Isso vale para passageiros, agentes de viagens e demais players.

6 – A consolidação da consolidação vai continuar (e quando a CVC Corp anunciar sua mais nova aquisição isso vai ficar ainda mais evidente), criando cinco grupos bem claros: o player gigante, os players grandes, os players intermediários (de médios a pequenos), o grupo dos consolidadores nanicos e regionais e o dos subconsolidadores. Tecnologia e serviço são diferenciais óbvios entre os grupos, mas um bom gerenciamento de crédito e riscos e uma gestão mais profissional também são essenciais.

7 – Na hora da crise as grandes marcas e as grandes fortunas são porto seguro, mas também as empresas em que os donos estão à frente, com boa gestão e relacionamento. Por incrível que pareça, na diferença de bilhões em vendas entra as companhias, há espaço para todos. E o modelo de subconsolidadora na forma atual (e não no modelo pós-GSAs) nasceu ou se desenvolveu, principalmente, depois da consolidação de empresas no segmento. Com as aquisições e fusões, funcionários que foram dispensados abriram suas próprias empresas, outros que não se adaptaram aderiram ao modelo e empresários viram uma oportunidade de agregar e oferecer o serviço que, na teoria, as gigantes perderam.

8 – A força da venda indireta continua no relacionamento, na expertise, nos negócios mais completos... A consolidadora que não oferecer serviço vai acabar direcionando o cliente para as OTAs.

NEGÓCIOS
O primeiro trimestre do ano foi muito bom para o mercado de bilhetes aéreos no Brasil e consequentemente para a consolidação. Em maio e junho, fatores como a estagnação do governo e novos escândalos políticos, a valorização do dólar (18% nos seis primeiros meses de 2018), a greve dos caminhoneiros, a Copa do Mundo e as incertezas em relação à eleição de outubro deixaram os consumidores com pé atrás e as vendas despencaram.

Somente em junho, o mercado de consolidação aérea internacional, de acordo com dados obtidos pelo Portal PANROTAS, caiu 25%. Há players que tiveram redução de vendas bem maior que a média (Sakuratur, com 49%, PVT, com 43%, e LTS, com 50%, são exemplos). Outros caíram menos que a média de 25% (como a Rextur Advance e a BRT, com 12%).


Emerson Souza
Luciano Guimarães, diretor geral da Rextur Advance
Luciano Guimarães, diretor geral da Rextur Advance
No meio da crise há quem tenha crescido em junho. A Confiança, empresa que abriu mão da sociedade com a Prime Consolidadora, teve 4,1% de aumento de vendas. A CNT, de André Khouri, cresceu 13%. E a Intercontinental, que fechou as portas alegando falta de pagamento da Prime, pasmem, viu suas vendas subirem em junho em 38,3%, chegando a quase US$ 3 milhões no relatório Smash, de vendas internacionais.

No acumulado do ano (janeiro a junho), a força do primeiro trimestre ajuda. A Rextur Advance fechou o período, segundo o Smash, com US$ 224 milhões (+3%), a Flytour Gapnet cresceu 8%, a Sakura 39% e a CNT 11%.


Emerson Souza
Carlos Vazquez (Esferatur), Ralf Aasmann (Air Tkt) e Juarez Neto (Ancoradouro)
Carlos Vazquez (Esferatur), Ralf Aasmann (Air Tkt) e Juarez Neto (Ancoradouro)
Confira abaixo os principais resultados segundo o relatório Smash, de vendas internacionais, a que o Portal PANROTAS teve acesso exclusivo.

VENDAS INTERNACIONAIS JUNHO 2018
CONSOLIDADORAS


1 – Rextur Advance: US$ 33 milhões (-12%)
Bilhetes: 44 mil (+2%)

2 – Esferatur: US$ 22 milhões (-30%)
Bilhetes: 26 mil (-23,2%)

3 – Flytour Gapnet: US$ 17 milhões (-26%)
Bilhetes: 23 mil (-20%)

4 – Sakuratur: US$ 8,2 milhões (-49%)
Bilhetes: 10 mil (-43%)

5 – Sky Team: US$ 7,4 milhões (-27%)
Bilhetes: 10 mil (-16%)

6– Ancoradouro: US$ 7 milhões (-28%)
Bilhetes: 9,5 mil (-20%)

7 – Confiança: US$ 6,5 milhões (+4,1%)
Bilhetes: 8,5 mil (+5%)

8 – High Light: US$ 5,5 milhões (-27%)
Bilhetes: 6 mil (-23%)

9 – CNT: US$ 4 milhões (+13%)
Bilhetes: 5,5 mil (+34%)

10 – Brementur/BRT: US$ 3,5 milhões (-12%)
Bilhetes: 5,3 mil (-4%)

11 – PVT/Picchioni: US$ 3,4 milhões (-43%)
12 – Intercontinental Vitória: US$ 2,7 milhões (+38%)
13 – Frontur: US$ 1,8 milhão (-11%)
14 – Tyller: US$ 1,7 milhão (-10%)
15 – Leiser: US$ 1,3 milhão (-50%)

Outros destaques: TK Royal (+21%), Salvatur (+6,7%) e Voetur (+6%)

VENDAS INTERNACIONAIS 1º SEMESTRE 2018
1 – Rextur Advance: US$ 223 milhões (+3%)
2 – Decolar.com: US$ 207 milhões (-5%)
3 – Esferatur: US$ 178 milhões (-5%)
4 – CVC: US$ 123 milhões (+3%)
5 – Flytour Gapnet: US$ 119 milhões (-5%)
6 – Sakuratur: US$ 97 milhões (+39%)
7 – Ancoradouro: US$ 53 milhões (-11%)
8 – Sky Team: US$ 47 milhões (-10%)
9 – High Light: US$ 37 milhões (-15%)
10 – Confiança: US$ 36 milhões (-5%)
11 – Viajanet: US$ 36 milhões (+11%)
12 – PVT/Picchioni: US$ 30 milhões (-12%)
13 – CNT: US$ 25 milhões (+7%)
(Não há informações dos demais colocados).
Fonte: Smash, somente produção com empresas aéreas estrangeiras


ASSOCIADOS AIR TKT
Ancoradouro
BRT
Confiança
Esferatur
Flytour Gapnet
LTS
PVT
Rextur Advance
Sky Team
Tyller
Site: www.airtkt.com.br

Encerramos aqui a série de quatro reportagens sobre a ação de consolidadoras e subconsolidadoras, motivadas pelo fechamento da Intercontinental e pelo litígio com a Prime Consolidadora, que ainda promete se arrastar na notícia.

Continuaremos acompanhando de perto esse segmento e as novidades sobre o caso.

LEIA AS DEMAIS REPORTAGENS DA SÉRIE
PARTE 1 - Concedendo crédito
PARTE 2 - A subconsolidadora
PARTE 3 - Agências pedem transparência

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é editor-chefe da PANROTAS, jornalista formado pela UFRJ e especializado em Turismo há mais de 30 anos.